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Folhainvest
Com juro em queda, investidor foge do DI
No ano, resgates superam aplicações em R$ 4,8 bilhões; em alguns casos, rentabilidade líquida é inferior à da poupança
Aplicações que mais têm atraído recursos são os fundos multimercados, de renda fixa e de ações; poupança também tem alta
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Enquanto a indústria de fundos de investimentos não pára
de receber recursos, contando
atualmente com o mais elevado
patrimônio de sua história, os
fundos DI sofrem com a perda
de capital. A categoria é a que
mais teve resgates em 2007: os
saques superam as aplicações
em R$ 4,81 bilhões no ano, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de
Investimento).
A queda na taxa básica de juros da economia -e o conseqüente encolhimento da rentabilidade dos DIs- tem sido um
fator negativo para a categoria.
Sua atratividade diminui mês a
mês, espantando investidores.
Segundo a classificação da
Anbid, os fundos DI têm de investir, no mínimo, 95% do valor
de sua carteira em títulos ou
operações que busquem acompanhar as variações do CDI ou
da taxa básica de juros da economia, a Selic. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma espécie de aplicação
negociada apenas entre os bancos, normalmente pelo prazo
de um dia.
Não há como traçar com precisão a rota do capital que deixou os fundos DI, pois sempre
há dinheiro novo se somando a
esses recursos que provavelmente migraram para outras
aplicações.
Dentre as categorias que
mais têm recebido recursos no
ano estão os fundos de renda fixa (captação de R$ 16,81 bilhões), multimercados (R$ 7,68
bilhões) e os fundos de ações
(R$ 5,29 bilhões).
A caderneta de poupança,
que não cobra taxa de administração e IR (Imposto de Renda), também está na rota dos
investidores: no ano, até o dia
26, teve captação líquida de R$
3,78 bilhões, segundo dados levantados pelo Banco Central.
Os CDBs (Certificados de
Depósito Bancário, oferecidos
pelos bancos) também registram captação líquida positiva
neste ano, de pelo menos R$ 4
bilhões, segundo estimativas
do mercado.
O fato de o mercado estar
atravessando uma boa fase tem
estimulado muita gente a sair
do DI para tentar ganhar mais.
"O investidor tem olhado mais
a rentabilidade do que o risco",
diz Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, especializado no acompanhamento do
mercado de fundos.
Isso acaba por se refletir nas
captações dos fundos de ações e
multimercados, que têm recebido volumosos recursos.
"O problema é que muita
gente acaba deixando de avaliar
os riscos", diz D'Agosto. Ou seja, se a Bolsa de Valores começar a cair, empurrada por realização de lucros ou uma piora
no cenário econômico internacional, assustará muita gente
que decidiu aplicar em ações
devido à rápida valorização vivida nos últimos dois meses.
Altas taxas de administração
praticadas em muitas instituições também têm favorecido a
saída de investidores do DI.
As alíquotas de tributação,
que punem os investidores que
trocam de aplicações mais rapidamente são outro fator negativo. Segundo as regras em vigor, quem resgata aplicações
em fundos em até seis meses
paga alíquota de IR de 22,5%;
para os investimentos movimentados entre seis meses e
um ano, de 20%; para um a dois
anos, de 17,5%; e acima de dois
anos, a taxa é de 15%.
A rentabilidade média dos
fundos DI tem sido baixa se
comparada a outras aplicações.
No acumulado deste ano, está
em 3,94%. Os fundos de renda
fixa, que também pagam juros,
têm retorno médio de 4,32% no
ano. Essas aplicações têm de
investir pelo menos 80% de sua
carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco
de crédito, em boa parte com
taxas prefixadas.
"Em abril, os fundos de renda
fixa continuaram a proporcionar rendimento médio acima
dos fundos DI, devido ao recuo
dos juros nos mercados futuros, e apresentam-se como boa
opção de diversificação para investidores moderados e agressivos", diz o administrador de
investimentos Fábio Colombo.
A poupança, que rendeu
2,63% em 2007 até o momento,
tem ganhado atratividade por
não cobrar nem taxa de administração nem IR. Assim, tem
conseguido superar a rentabilidade líquida (descontadas as
taxas) de muitos fundos DI.
O grande destaque de rentabilidade do ano são os fundos
de ações, que acompanham a
Bolsa de Valores de São Paulo.
Como a Bolsa já subiu mais de
13% no ano, o retorno acaba
por atrair muitos investidores
que nunca antes pensaram em
aplicar em ações.
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