São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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Folhainvest

Com juro em queda, investidor foge do DI

No ano, resgates superam aplicações em R$ 4,8 bilhões; em alguns casos, rentabilidade líquida é inferior à da poupança

Aplicações que mais têm atraído recursos são os fundos multimercados, de renda fixa e de ações; poupança também tem alta

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a indústria de fundos de investimentos não pára de receber recursos, contando atualmente com o mais elevado patrimônio de sua história, os fundos DI sofrem com a perda de capital. A categoria é a que mais teve resgates em 2007: os saques superam as aplicações em R$ 4,81 bilhões no ano, segundo dados da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento).
A queda na taxa básica de juros da economia -e o conseqüente encolhimento da rentabilidade dos DIs- tem sido um fator negativo para a categoria. Sua atratividade diminui mês a mês, espantando investidores.
Segundo a classificação da Anbid, os fundos DI têm de investir, no mínimo, 95% do valor de sua carteira em títulos ou operações que busquem acompanhar as variações do CDI ou da taxa básica de juros da economia, a Selic. O CDI (Certificado de Depósito Interbancário) é uma espécie de aplicação negociada apenas entre os bancos, normalmente pelo prazo de um dia.
Não há como traçar com precisão a rota do capital que deixou os fundos DI, pois sempre há dinheiro novo se somando a esses recursos que provavelmente migraram para outras aplicações.
Dentre as categorias que mais têm recebido recursos no ano estão os fundos de renda fixa (captação de R$ 16,81 bilhões), multimercados (R$ 7,68 bilhões) e os fundos de ações (R$ 5,29 bilhões).
A caderneta de poupança, que não cobra taxa de administração e IR (Imposto de Renda), também está na rota dos investidores: no ano, até o dia 26, teve captação líquida de R$ 3,78 bilhões, segundo dados levantados pelo Banco Central.
Os CDBs (Certificados de Depósito Bancário, oferecidos pelos bancos) também registram captação líquida positiva neste ano, de pelo menos R$ 4 bilhões, segundo estimativas do mercado.
O fato de o mercado estar atravessando uma boa fase tem estimulado muita gente a sair do DI para tentar ganhar mais. "O investidor tem olhado mais a rentabilidade do que o risco", diz Marcelo D'Agosto, sócio-diretor do site Fortuna, especializado no acompanhamento do mercado de fundos.
Isso acaba por se refletir nas captações dos fundos de ações e multimercados, que têm recebido volumosos recursos.
"O problema é que muita gente acaba deixando de avaliar os riscos", diz D'Agosto. Ou seja, se a Bolsa de Valores começar a cair, empurrada por realização de lucros ou uma piora no cenário econômico internacional, assustará muita gente que decidiu aplicar em ações devido à rápida valorização vivida nos últimos dois meses.
Altas taxas de administração praticadas em muitas instituições também têm favorecido a saída de investidores do DI.
As alíquotas de tributação, que punem os investidores que trocam de aplicações mais rapidamente são outro fator negativo. Segundo as regras em vigor, quem resgata aplicações em fundos em até seis meses paga alíquota de IR de 22,5%; para os investimentos movimentados entre seis meses e um ano, de 20%; para um a dois anos, de 17,5%; e acima de dois anos, a taxa é de 15%.
A rentabilidade média dos fundos DI tem sido baixa se comparada a outras aplicações. No acumulado deste ano, está em 3,94%. Os fundos de renda fixa, que também pagam juros, têm retorno médio de 4,32% no ano. Essas aplicações têm de investir pelo menos 80% de sua carteira em títulos públicos federais ou ativos com baixo risco de crédito, em boa parte com taxas prefixadas.
"Em abril, os fundos de renda fixa continuaram a proporcionar rendimento médio acima dos fundos DI, devido ao recuo dos juros nos mercados futuros, e apresentam-se como boa opção de diversificação para investidores moderados e agressivos", diz o administrador de investimentos Fábio Colombo.
A poupança, que rendeu 2,63% em 2007 até o momento, tem ganhado atratividade por não cobrar nem taxa de administração nem IR. Assim, tem conseguido superar a rentabilidade líquida (descontadas as taxas) de muitos fundos DI.
O grande destaque de rentabilidade do ano são os fundos de ações, que acompanham a Bolsa de Valores de São Paulo. Como a Bolsa já subiu mais de 13% no ano, o retorno acaba por atrair muitos investidores que nunca antes pensaram em aplicar em ações.


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