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BC ouve do mercado que questão é política
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn, reuniu-se ontem em São Paulo com os economistas dos bancos para ouvir suas opiniões sobre a
atual crise. Segundo participantes do encontro ouvidos pela Folha,
foram três temas centrais abordados: as razões para a turbulência
no mercado, o risco de crédito (de refinanciamento) dos títulos públicos e o corte ou não dos juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nos dias 18 e 19 deste mês.
Sobre o primeiro assunto, a opinião quase consensual foi que a
causa primeira para a crise é o risco político, mais precisamente as
dúvidas quanto às propostas econômicas dos pré-candidatos de
esquerda à Presidência da República.
De acordo com os presentes à
reunião, a falta de esclarecimento
dos presidenciáveis, especialmente de oposição, sobre o que farão
para refinanciar (rolar) a dívida
interna, por exemplo, foi um dos
principais fatores para a queda de
valor dos títulos públicos no mercado nas últimas semanas, o que
provocou as recentes perdas dos
fundos de investimento.
Para os economistas, falhas que
teriam sido cometidas pelo BC em
relação à dívida interna teriam reverberado a crise, não a provocado.
Sobre o segundo tema debatido,
os economistas demonstraram
receio de que o próximo presidente tenha dificuldades para refinanciar a dívida pública no começo de seu mandato -pelos dados de anteontem, só de LFTs
(papéis corrigidos a juros variáveis) os vencimentos no primeiro
trimestre de 2003 são de R$ 30,4
bilhões.
Acerca dos juros básicos da economia, prevaleceu a idéia de que o
BC deve cortar os juros na reunião do Copom deste mês, devido
à trajetória de queda da inflação.
O encontro que Goldfajn tem
com os economistas dos bancos é
realizado a cada três meses. A
proposta da reunião é que o diretor do BC ouça as avaliações do
mercado. Ele lança os temas, e os economistas debatem as questões.
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