São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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BC ouve do mercado que questão é política

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor de Política Econômica do Banco Central, Ilan Goldfajn, reuniu-se ontem em São Paulo com os economistas dos bancos para ouvir suas opiniões sobre a atual crise. Segundo participantes do encontro ouvidos pela Folha, foram três temas centrais abordados: as razões para a turbulência no mercado, o risco de crédito (de refinanciamento) dos títulos públicos e o corte ou não dos juros na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) nos dias 18 e 19 deste mês.
Sobre o primeiro assunto, a opinião quase consensual foi que a causa primeira para a crise é o risco político, mais precisamente as dúvidas quanto às propostas econômicas dos pré-candidatos de esquerda à Presidência da República.
De acordo com os presentes à reunião, a falta de esclarecimento dos presidenciáveis, especialmente de oposição, sobre o que farão para refinanciar (rolar) a dívida interna, por exemplo, foi um dos principais fatores para a queda de valor dos títulos públicos no mercado nas últimas semanas, o que provocou as recentes perdas dos fundos de investimento.
Para os economistas, falhas que teriam sido cometidas pelo BC em relação à dívida interna teriam reverberado a crise, não a provocado.
Sobre o segundo tema debatido, os economistas demonstraram receio de que o próximo presidente tenha dificuldades para refinanciar a dívida pública no começo de seu mandato -pelos dados de anteontem, só de LFTs (papéis corrigidos a juros variáveis) os vencimentos no primeiro trimestre de 2003 são de R$ 30,4 bilhões.
Acerca dos juros básicos da economia, prevaleceu a idéia de que o BC deve cortar os juros na reunião do Copom deste mês, devido à trajetória de queda da inflação.
O encontro que Goldfajn tem com os economistas dos bancos é realizado a cada três meses. A proposta da reunião é que o diretor do BC ouça as avaliações do mercado. Ele lança os temas, e os economistas debatem as questões.



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