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FINANÇAS
Porta-voz do Fundo reitera apoio e confiança na economia, e diretor-gerente diz não temer vitória de Lula
FMI e EUA tentam abafar crise no Brasil
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
A turbulência financeira no Brasil acordou Washington.
Preocupados com os sinais negativos vindos dos mercados brasileiros, o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Tesouro dos EUA fizeram esforços para reiterar o apoio e a confiança na economia do país com o objetivo de
inverter o quadro de pessimismo.
"As autoridades brasileiras têm
um excelente histórico na administração da economia", disse ontem o porta-voz do FMI, Tom
Dawson. "Estamos confiantes em
que eles possuem os instrumentos, a capacidade e a vontade para
adotar as políticas necessárias."
Dawson reconheceu a existência de "uma grande quantidade
de nervosismo em antecipação às
eleições", mas creditou esse nervosismo à "natureza" dos mercados. "Não é surpreendente que os
mercados estejam nervosos. Essa
é uma das naturezas dos mercados. Os mercados reagem, os
mercados exageram."
As palavras de Dawson fazem
parte de uma estratégia iniciada
pelo FMI e apoiada pelo Tesouro
norte-americano para conter o
pessimismo crescente com relação à economia brasileira.
Essa estratégia inclui também
uma mudança de postura com relação à Argentina, país que era severamente criticado pelo Fundo
até terça-feira passada e que ontem ganhou elogios e uma promessa de que um novo acordo começará a ser negociado em breve.
O FMI pretende dar todos os sinais possíveis para aumentar o
apetite dos investidores na região.
Foi o diretor-gerente do FMI,
Horst Köhler, quem deu início à
"operação abafa-crise", numa entrevista à agência de notícias Reuters, na terça-feira passada. Köhler disse que o Fundo confia na
solidez da política econômica brasileira e não acredita que os avanços institucionais no país possam
ser invertidos por causa de um
processo eleitoral.
Köhler chegou a dizer que não
teme uma vitória do pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, mas essas declarações tiveram divulgação extremamente limitada.
"Apesar do debate sobre as incertezas decorrentes de uma
[eventual" mudança [em favor"
do sr. Lula, a democracia no Brasil
ganhou raízes fortes e o país fortaleceu suas instituições de forma
significativa", disse Köhler. "Se o
sr. Lula ou qualquer outro chegar
ao poder, isso não mudará."
Para o Tesouro dos EUA, a turbulência no Brasil põe em jogo a credibilidade do próprio secretário Paul O'Neill, para quem a Argentina não merece ajuda financeira e os investidores não sairiam do Brasil porque sabem premiar uma boa política econômica.
Na quarta-feira à noite, o subsecretário para assuntos internacionais do Tesouro dos EUA, John Taylor, disse continuar acreditando em que os mercados estão focados única e exclusivamente nos fundamentos das economias latino-americanas e não se deixariam levar por "contágio" ou fuga irracional de recursos. Um assessor do Tesouro disse que o governo americano "está monitorando" a situação da economia brasileira, mas que "não vê motivo para grandes preocupações". Publicamente, o FMI e o Tesouro norte-americano divulgam a política econômica brasileira como um caso de sucesso, apesar do tamanho da dívida pública do país e das recentes turbulências.
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