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COLAPSO DA ARGENTINA
Envio de equipe chegou a ser anunciado, mas desentendimento sobre curralzinho adia definição da data
Missão do FMI emperra na última hora
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
Após um dia de aparentes avanços, as negociações entre a Argentina e o FMI (Fundo Monetário
Internacional) voltaram a se complicar no final da noite de ontem.
Em conversa telefônica de aproximadamente 40 minutos, o ministro Roberto Lavagna (Economia) deveria acertar com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne
Krueger, a data exata para o envio
de uma missão que começaria a
negociar a liberação de um empréstimo ao país.
No entanto Krueger, segundo
uma rede de TV argentina, teria
voltado a insistir na alteração do
plano elaborado por Lavagna para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho.
Já o ministro teria dito que não
abriria mão de devolver os depósitos congelados com bônus optativos, e não obrigatórios, como
pede o Fundo. Após o impasse, os
dois teriam acertado voltar a conversar na próxima semana.
Pela manhã, o FMI havia elogiado pela primeira vez em meses os
esforços feitos pelo presidente
Eduardo Duhalde e aparentemente sinalizava o início das negociações sobre um possível empréstimo ao país.
O porta-voz do Fundo, Tom
Dawson, havia afirmado que uma
"missão de negociação avançada"
viajaria a Buenos Aires na próxima semana para preparar as bases
das negociações para um novo
acordo.
Ele havia dito também que a Argentina cumpriu suficientemente
as três condições exigidas para a
concessão de um novo empréstimo: o fim do curralzinho, a revogação da Lei de Subversão Econômica e um novo acordo de redistribuição de receitas tributárias
com as Províncias.
Mesmo após as declarações de
Dawson, o governo argentino havia dado sinais de que iria manter
as pressões sobre os acionistas do
Fundo para a obter a rápida liberação do novo empréstimo.
Entre os instrumentos de pressão, o governo promete manter
congeladas as tarifas das empresas privatizadas até chegar ao
acordo. "Antes do empréstimo,
não há nada o que negociar", disse o vice-presidente da comissão
renegociadora dos contratos, deputado Eduardo Pérez.
Esse mesmo recado teria sido
dado por Lavagna aos embaixadores dos países do G-7, durante
reunião que aconteceu na noite de
ontem, em Buenos Aires.
As pressões também se dariam
com declarações contundentes
contra o FMI. O chefe de gabinete,
Alfredo Atanasof, havia pedido
pela manhã "rapidez e prudência" ao Fundo.
Ele também havia criticado o diretor-gerente da instituição,
Horst Köhler, que na terça-feira
havia dito que a demora da Argentina em atender as exigências
"irrita". "Há muita coisa que as
pessoas vêem com irritação neste
mundo global, muitas delas são
seguramente mais irritantes que a
Argentina e que as pessoas não
andam dizendo aos quatro ventos", disse Atanasof.
Cavallo
O ex-ministro Domingo Cavallo
poderá ser libertado hoje. Os três
juízes que analisam a apelação
apresentada por Cavallo já estariam escrevendo o despacho em
que o considerariam participante
secundário, e não ativo, no caso
do suposto contrabando de armas ao Equador e à Croácia. Cavallo está preso desde abril.
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