São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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COLAPSO DA ARGENTINA

Envio de equipe chegou a ser anunciado, mas desentendimento sobre curralzinho adia definição da data

Missão do FMI emperra na última hora

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES

Após um dia de aparentes avanços, as negociações entre a Argentina e o FMI (Fundo Monetário Internacional) voltaram a se complicar no final da noite de ontem.
Em conversa telefônica de aproximadamente 40 minutos, o ministro Roberto Lavagna (Economia) deveria acertar com a vice-diretora-gerente do Fundo, Anne Krueger, a data exata para o envio de uma missão que começaria a negociar a liberação de um empréstimo ao país.
No entanto Krueger, segundo uma rede de TV argentina, teria voltado a insistir na alteração do plano elaborado por Lavagna para flexibilizar as restrições bancárias impostas pelo curralzinho.
Já o ministro teria dito que não abriria mão de devolver os depósitos congelados com bônus optativos, e não obrigatórios, como pede o Fundo. Após o impasse, os dois teriam acertado voltar a conversar na próxima semana.
Pela manhã, o FMI havia elogiado pela primeira vez em meses os esforços feitos pelo presidente Eduardo Duhalde e aparentemente sinalizava o início das negociações sobre um possível empréstimo ao país.
O porta-voz do Fundo, Tom Dawson, havia afirmado que uma "missão de negociação avançada" viajaria a Buenos Aires na próxima semana para preparar as bases das negociações para um novo acordo.
Ele havia dito também que a Argentina cumpriu suficientemente as três condições exigidas para a concessão de um novo empréstimo: o fim do curralzinho, a revogação da Lei de Subversão Econômica e um novo acordo de redistribuição de receitas tributárias com as Províncias.
Mesmo após as declarações de Dawson, o governo argentino havia dado sinais de que iria manter as pressões sobre os acionistas do Fundo para a obter a rápida liberação do novo empréstimo.
Entre os instrumentos de pressão, o governo promete manter congeladas as tarifas das empresas privatizadas até chegar ao acordo. "Antes do empréstimo, não há nada o que negociar", disse o vice-presidente da comissão renegociadora dos contratos, deputado Eduardo Pérez.
Esse mesmo recado teria sido dado por Lavagna aos embaixadores dos países do G-7, durante reunião que aconteceu na noite de ontem, em Buenos Aires.
As pressões também se dariam com declarações contundentes contra o FMI. O chefe de gabinete, Alfredo Atanasof, havia pedido pela manhã "rapidez e prudência" ao Fundo.
Ele também havia criticado o diretor-gerente da instituição, Horst Köhler, que na terça-feira havia dito que a demora da Argentina em atender as exigências "irrita". "Há muita coisa que as pessoas vêem com irritação neste mundo global, muitas delas são seguramente mais irritantes que a Argentina e que as pessoas não andam dizendo aos quatro ventos", disse Atanasof.

Cavallo
O ex-ministro Domingo Cavallo poderá ser libertado hoje. Os três juízes que analisam a apelação apresentada por Cavallo já estariam escrevendo o despacho em que o considerariam participante secundário, e não ativo, no caso do suposto contrabando de armas ao Equador e à Croácia. Cavallo está preso desde abril.



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