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Crise financeira seca o crédito para o setor
MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA RIBEIRÃO
Os problemas financeiros
das usinas de açúcar e álcool foram acentuados no segundo semestre do ano passado devido a
um conjunto de fatores -que
vão da superprodução de cana-
-de-açúcar à crise global, que
secou a torneira do crédito.
A previsão da Unica, que congrega produtores do centro-sul
do país, é que sejam produzidos
na região 550 milhões de toneladas de cana nesta safra, ante
505 milhões na safra anterior e
431 milhões na de 2007/8.
A demanda do mercado, porém, não tem crescido no mesmo ritmo da produção e, na última safra, sobraram cerca de
35 milhões de toneladas, volume que pode se repetir neste
ano, segundo a consultoria Datagro, o que fez o preço da tonelada cair. Na safra passada, a tonelada custava, em média, R$
36 -em 2006, custava R$ 52.
Outro problema é que o início da safra deste ano foi marcado pelo baixo preço do álcool
nas usinas. O litro, sem impostos, custava, na primeira quinzena de março, R$ 0,68, o mais
baixo valor para o período desde 2004, segundo o Cepea
(Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada), da
USP, e bem distante do R$ 1,23
de 2006, ano do boom do setor.
Até o início de maio, 231 usinas tinham iniciado a moagem
na atual safra, ante 166 no mesmo período de 2008. Com esse
excedente, o litro do álcool custou nesta semana R$ 0,58
(1,15% menos que na semana
anterior), tido como inviável e
abaixo do custo de produção.
"É loucura vender álcool a esse preço", afirmou João Sampaio, secretário de Estado da
Agricultura e Abastecimento. A
moagem atingiu, até 1º de maio,
43,2 milhões de toneladas, ante
21,4 milhões na safra passada.
Novo levantamento deve ser
divulgado na próxima semana.
A crise, que deixou muitas
usinas sem capital de giro, causou, ainda, o adiamento de projetos de novas unidades. Das 23
com inauguração prevista para
esta safra, nenhuma tinha começado a moagem até o início
de maio. Em Ribeirão Preto,
principal polo produtor, a usina
Albertina está em processo de
recuperação judicial; a Santelisa Vale vendeu 40% dos ativos.
A Unica afirma que, com a
aceleração da safra desde meados de maio, a expectativa é que
novos financiamentos sejam
obtidos, "reduzindo a necessidade de venda". A "esperança"
dos usineiros é que os embarques de açúcar cresçam devido
ao déficit mundial, causado por
quebras da safra (como na Índia). Neste ano, espera-se que
42,1% da cana vire açúcar, ante
39,5% na safra passada.
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