São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

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Crise financeira seca o crédito para o setor

MARCELO TOLEDO
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA RIBEIRÃO

Os problemas financeiros das usinas de açúcar e álcool foram acentuados no segundo semestre do ano passado devido a um conjunto de fatores -que vão da superprodução de cana- -de-açúcar à crise global, que secou a torneira do crédito.
A previsão da Unica, que congrega produtores do centro-sul do país, é que sejam produzidos na região 550 milhões de toneladas de cana nesta safra, ante 505 milhões na safra anterior e 431 milhões na de 2007/8.
A demanda do mercado, porém, não tem crescido no mesmo ritmo da produção e, na última safra, sobraram cerca de 35 milhões de toneladas, volume que pode se repetir neste ano, segundo a consultoria Datagro, o que fez o preço da tonelada cair. Na safra passada, a tonelada custava, em média, R$ 36 -em 2006, custava R$ 52.
Outro problema é que o início da safra deste ano foi marcado pelo baixo preço do álcool nas usinas. O litro, sem impostos, custava, na primeira quinzena de março, R$ 0,68, o mais baixo valor para o período desde 2004, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da USP, e bem distante do R$ 1,23 de 2006, ano do boom do setor.
Até o início de maio, 231 usinas tinham iniciado a moagem na atual safra, ante 166 no mesmo período de 2008. Com esse excedente, o litro do álcool custou nesta semana R$ 0,58 (1,15% menos que na semana anterior), tido como inviável e abaixo do custo de produção.
"É loucura vender álcool a esse preço", afirmou João Sampaio, secretário de Estado da Agricultura e Abastecimento. A moagem atingiu, até 1º de maio, 43,2 milhões de toneladas, ante 21,4 milhões na safra passada. Novo levantamento deve ser divulgado na próxima semana.
A crise, que deixou muitas usinas sem capital de giro, causou, ainda, o adiamento de projetos de novas unidades. Das 23 com inauguração prevista para esta safra, nenhuma tinha começado a moagem até o início de maio. Em Ribeirão Preto, principal polo produtor, a usina Albertina está em processo de recuperação judicial; a Santelisa Vale vendeu 40% dos ativos.
A Unica afirma que, com a aceleração da safra desde meados de maio, a expectativa é que novos financiamentos sejam obtidos, "reduzindo a necessidade de venda". A "esperança" dos usineiros é que os embarques de açúcar cresçam devido ao déficit mundial, causado por quebras da safra (como na Índia). Neste ano, espera-se que 42,1% da cana vire açúcar, ante 39,5% na safra passada.


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