São Paulo, sexta-feira, 07 de julho de 2006

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Indústria tem maior crescimento do ano

Produção sobe 1,6% em maio ante abril; para IBGE, queda do juro e alta da renda e do crédito impulsionam mercado interno

Economistas, no entanto, afirmam que ainda é cedo para confirmar se tendência de expansão do setor deve se manter

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A produção da indústria cresceu 1,6% em maio na comparação livre de influências sazonais (típicas de cada período) com abril, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi o melhor desempenho desde dezembro de 2005 (2,5%) e superou as estimativas de analistas, que previam crescimento de 0,5% a, no máximo, 1%. Em abril, a indústria havia ficado praticamente estável (0,1%).
Para o IBGE, a indústria conseguiu, em maio, desovar estoques e responder ao aumento do consumo e das vendas do setor com ampliação da produção -antes, produtos estocados atendiam parte dos pedidos. Anteontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que as vendas do setor cresceram 0,73% em maio.
Se o ano terminasse em maio, o atual nível de produção da indústria, o maior de toda a série história da pesquisa (iniciada em 1991), asseguraria um crescimento 2,4% em relação à média de 2005. Na comparação com maio de 2005, houve expansão de 4,8%.
Porém, segundo Sílvio Sales, chefe da Coordenação de Indústria do IBGE, "a queda progressiva dos juros", o aumento da renda real, o crédito em expansão e a redução da inflação proporcionam "o crescimento da demanda interna", principal motor da indústria neste ano e fenômeno que ficou ainda mais evidente com os dados de maio.
Uma categoria que se beneficiou, diz, foi a de bens intermediários (matérias-primas e insumos), cujo crescimento de (1,9%) de abril para maio puxou a indústria. A expansão, segundo Sales, pode estar antecipando um movimento de aquecimento de outros ramos da indústria, que estão aumentando as encomendas de matérias-primas para elevar em breve a produção. A fabricação de bens de capital (máquinas e equipamentos) cresceu 1,8%.
Economistas ouvidos pela Folha dizem, porém, que o ritmo de maio tende a não se sustentar em junho.
Marcela Prada, da Tendências Consultoria, diz que é cedo para prever o desempenho de junho e do primeiro semestre. Ela acredita, no entanto, que a redução dos estoques tenha favorecido a indústria em maio.

Ajuda da greve
Sérgio Vale, da MB Associados, avalia que as greves da Anvisa e da Receita reduziram as importações de bens intermediários e ajudaram as indústrias locais desses produtos em maio. "Houve uma substituição temporária de importados por produtos domésticos, que deve acabar." O economista acredita, porém, em aceleração da indústria no segundo semestre.
Em maio, os setores que mais contribuíram com a expansão da indústria em relação ao mês anterior foram veículos automotores (6,2%), máquinas e equipamentos (3,1%) e alimentos (2,5%) -este último explica o crescimento de 0,4% dos bens não-duráveis.


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