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Indústria tem maior crescimento do ano
Produção sobe 1,6% em maio ante abril; para IBGE, queda do juro e alta da renda e do crédito impulsionam mercado interno
Economistas, no entanto, afirmam que ainda é
cedo para confirmar se
tendência de expansão do
setor deve se manter
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção da indústria cresceu 1,6% em maio na comparação livre de influências sazonais (típicas de cada período)
com abril, segundo o IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Foi o melhor desempenho desde dezembro de 2005 (2,5%) e superou as estimativas de analistas,
que previam crescimento de
0,5% a, no máximo, 1%. Em
abril, a indústria havia ficado
praticamente estável (0,1%).
Para o IBGE, a indústria conseguiu, em maio, desovar estoques e responder ao aumento
do consumo e das vendas do setor com ampliação da produção
-antes, produtos estocados
atendiam parte dos pedidos.
Anteontem, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) informou que as vendas do setor
cresceram 0,73% em maio.
Se o ano terminasse em maio,
o atual nível de produção da indústria, o maior de toda a série
história da pesquisa (iniciada
em 1991), asseguraria um crescimento 2,4% em relação à média de 2005. Na comparação
com maio de 2005, houve expansão de 4,8%.
Porém, segundo Sílvio Sales,
chefe da Coordenação de Indústria do IBGE, "a queda progressiva dos juros", o aumento
da renda real, o crédito em expansão e a redução da inflação
proporcionam "o crescimento
da demanda interna", principal
motor da indústria neste ano e
fenômeno que ficou ainda mais
evidente com os dados de maio.
Uma categoria que se beneficiou, diz, foi a de bens intermediários (matérias-primas e insumos), cujo crescimento de
(1,9%) de abril para maio puxou
a indústria. A expansão, segundo Sales, pode estar antecipando um movimento de aquecimento de outros ramos da indústria, que estão aumentando
as encomendas de matérias-primas para elevar em breve a
produção. A fabricação de bens
de capital (máquinas e equipamentos) cresceu 1,8%.
Economistas ouvidos pela
Folha dizem, porém, que o ritmo de maio tende a não se sustentar em junho.
Marcela Prada, da Tendências Consultoria, diz que é cedo
para prever o desempenho de
junho e do primeiro semestre.
Ela acredita, no entanto, que a
redução dos estoques tenha favorecido a indústria em maio.
Ajuda da greve
Sérgio Vale, da MB Associados, avalia que as greves da Anvisa e da Receita reduziram as
importações de bens intermediários e ajudaram as indústrias locais desses produtos em
maio. "Houve uma substituição
temporária de importados por
produtos domésticos, que deve
acabar." O economista acredita, porém, em aceleração da indústria no segundo semestre.
Em maio, os setores que mais
contribuíram com a expansão
da indústria em relação ao mês
anterior foram veículos automotores (6,2%), máquinas e
equipamentos (3,1%) e alimentos (2,5%) -este último explica
o crescimento de 0,4% dos bens
não-duráveis.
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