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Argentina intervém em distribuidora de gás natural
Governo atribui a empresas crise de energia pela qual passa o país
Restrição fez ao menos 300 indústrias paralisarem a produção; prioridade tem sido garantir fornecimento para clientes residenciais
RODRIGO RÖTZSCH
DE BUENOS AIRES
Coerente com o discurso de
atribuir às empresas distribuidoras de gás a maior responsabilidade pela crise energética
na Argentina, o governo de
Néstor Kirchner interveio ontem na Metrogas, maior empresa do setor, obrigada a substituir seu diretor-geral.
Pela manhã, o secretário de
Comércio Interior, Guillermo
Moreno, fez uma visita à empresa e ameaçou com sanções.
Moreno disse que as explicações da Metrogas sobre cortes
de fornecimento a indústrias
"não pareceram prudentes",
motivo pelo qual se reuniu com
os acionistas da companhia.
À tarde, o ministro do Planejamento, Julio de Vido, anunciou que tinha havido uma intervenção temporária na empresa, que foi interrompida depois que os acionistas da Metrogas substituíram o diretor-geral Roberto Brandt por Vito
Camporreale, de relação próxima com o governo.
Ontem, a Metrogas e outras
distribuidoras voltaram a aplicar medidas de restrição de fornecimento de gás às indústrias.
A estimativa da União Industrial Argentina é que o racionamento afete pelo menos 4.000
fábricas, sendo que 300 tiveram que paralisar completamente a produção.
As restrições são preventivas, pois os meteorologistas
prevêem para amanhã o início
de uma nova onda de frio, com
temperaturas mínimas de até
0C, o que levaria a um aumento do consumo devido ao maior
uso de aparelhos de calefação.
A prioridade do governo
Kirchner tem sido garantir o
fornecimento para consumidores domésticos para evitar efeitos políticos negativos da crise
energética em um ano eleitoral.
O presidente já disse que não
haverá cortes para usuários domésticos em nenhuma hipótese, embora cresça o número de
governadores que defendem
essa medida -é o caso até de
Julio Cobos, de Mendoza, provável candidato a vice na chapa
de Cristina Fernández de
Kirchner à presidência.
Analistas temem, porém, que
os constantes cortes de fornecimento a indústrias possam afetar o crescimento da economia
argentina, que já registrou uma
desaceleração no 1º trimestre, e
gerar desemprego -o que também afetaria eleitoralmente o
governo Kirchner.
Os problemas energéticos na
Argentina começaram com
uma onda de frio no fim de
maio. Na ocasião, o governo,
além de cortar o fornecimento
a indústrias e até de gás natural
veicular aos postos, teve que interromper a exportação de gás
ao Chile por dois dias, tempo
máximo que as reservas do país
vizinho conseguem suprir a demanda sem o gás argentino.
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