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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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SOCORRO

Para montadoras, especulação sobre pacote teria paralisado mercado; dados revelam aumento de 13,5% em julho

Anfavea critica governo, mas venda cresce

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de terem arrancado um pacote com redução de alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), as montadoras não pouparam, por meio de sua associação, críticas ao governo. Leia-se ao ministro Guido Mantega (Planejamento), por "declarações antecipadas" de que haveria acordo favorecendo o setor.
As declarações de Mantega teriam provocado a paralisação no mercado, ao estabelecer nos consumidores a expectativa de redução nos preços.
Mas, ao contrário do apregoado pela associação das montadoras, as vendas de veículos em julho não apenas não mantiveram trajetória de queda como foram 13,5% maiores do que as registradas em junho. Os números foram divulgados pela própria Anfavea.
No mês passado foram licenciados 113,7 mil novos veículos, ante as 100,1 mil unidades em junho. No ano, o número de veículos novos comercializados soma 761,3 mil unidades, 8,3% a menos que de janeiro a julho de 2002.
"Toda declaração antecipando pacote que não se confirmaria dias depois prejudicou as vendas", disse o presidente da Anfavea, Ricardo Carvalho, sem citar nominalmente o ministro. "Foram declarações inconsequentes que nos levaram a essa situação [de supostas vendas menores]."
Ao longo da última semana, ao menos duas vezes Mantega ratificou em público que o governo estudava medidas para estimular o setor. Antes de Mantega, Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) dissera que "medidas emergenciais" ajudariam as montadoras a desovar os estoques.
Procurada pela Folha, a assessoria do ministro Mantega não se pronunciou sobre as críticas.
O volume de veículos comercializados em julho foi o segundo maior do ano, atrás somente de fevereiro, quando as vendas totalizaram 117,9 mil unidades.
A explicação dada pela Anfavea para o descompasso se baseia em um aspecto: no mês passado houve mais dias úteis que em junho (23 dias contra 20). Outro argumento usado pelas montadoras para justificar o discurso pessimista é o nível de estoques. De acordo com a Anfavea, em julho as fábricas e as concessionárias mantinham em seus pátios o equivalente a 44 dias de produção. Em junho, eram 49.
A Anfavea decidiu não rever a previsão de vendas no mercado interno neste ano - 1,4 milhão. Sem o pacote, o número cairia para 1,3 milhão.


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