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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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APLICAÇÕES

Como em meados de 2002, houve depreciação dos títulos públicos que compõem as carteiras; para o BC, fato é normal

Fundos de investimento voltam a ter perdas

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central percebeu a iminência de uma nova crise nos fundos de investimento na segunda-feira passada, assim como ocorreu em meados de 2002.
A turbulência verificada no mercado financeiro na sexta-feira passada provocou a depreciação de grande parte dos títulos públicos que compõem as carteiras dos fundos de investimento. O resultado foi que muitos aplicadores tinham na segunda-feira menos dinheiro do que na semana passada -muitos fundos ficaram com cotas negativas.
Temendo derrubar ainda mais o preço dos papéis, o Banco Central suspendeu anteontem o leilão regular de títulos do Tesouro que seria realizado. Procurado por meio da assessoria de imprensa, o BC não quis se manifestar.
Segundo a consultoria Fortuna, especializada em acompanhar fundos de investimento, todos os principais fundos com grande parcela dos recursos aplicada em títulos prefixados tiveram forte queda na segunda-feira.
A segunda maior baixa registrada pela consultoria foi a de um fundo da Caixa Econômica Federal, que perdeu, no dia, 0,59%. Entre as cinco maiores quedas, três foram de fundos administrados pelo BankBoston -os três tiveram variação negativa de 0,55%.
Mesmo fundos convencionais de renda fixa tiveram perdas, como dois do Bradesco (quedas de 0,09% e de 0,07%) e um do Itaú (menos 0,01%).
No fechamento de ontem, o mercado financeiro voltou a ficar conturbado, mas em menor proporção do que na sexta-feira. As taxas de juros no mercado futuro subiram novamente, o que pode vir a afetar o rendimento dos fundos renda fixa mais uma vez.

Preocupação do BC
Os fundos de investimento são hoje os grandes financiadores da dívida interna do governo. Segundo dados do Tesouro, os fundos detêm 40% de toda a dívida pública federal em títulos. Essa proporção cresceu bastante nos últimos meses, devido à fuga de recursos da poupança -por conta da baixa rentabilidade- e de outros ativos, como o dólar, em direção aos fundos.
Com o aumento da captação de recursos, os fundos tiveram de comprar mais títulos públicos, superando inclusive o total em posse das tesourarias dos bancos.
Em dezembro, os fundos detinham 32% do total de títulos do Tesouro, contra 35% dos bancos. Em junho, a proporção dos bancos caiu para 32%, enquanto a dos fundos subiu para 40%.
Os fundos de renda fixa aplicam basicamente em títulos do Tesouro que rendem juros variáveis (pós-fixados) e em papéis com taxas definidas (prefixados) e também realizam operações no mercado futuro (derivativos).
O presidente do BC, Henrique Meirelles, disse ontem à noite, em entrevista à GloboNews, que não viu nada de anormal no comportamento do mercado em relação às perdas de sexta e de segunda-feira. Para ele, foi uma reação normal dos investidores diante da votação da reforma da Previdência.
Meirelles deu a entender que não haverá queda abrupta dos juros nos próximos meses. Ele disse que o BC manterá a política gradualista na condução das taxas.


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