São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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Banco dos EUA vê ganho fantástico no país

Goldman Sachs volta a alardear atrativos dos mercados de Brasil, Rússia, Índia e China e fatura com a "Bric fever'

Para empresa, há "subida dramática" da participação dos 4 países no mercado de capitais global para, no mínimo, 25% até 2050

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de um tempo na defensiva, o banco americano Goldman Sachs voltou à carga no marketing do Bric (sigla cunhada por ele para designar Brasil, Rússia, Índia e China) e aponta para ganhos "fantásticos" ou "espetaculares" em investimentos nesses mercados emergentes.
Apesar do baque recente nas bolsas de mercados emergentes, o Goldman Sachs está faturando no que já foi batizada "Bric fever", com o surgimento de fundos de investimentos focados nos quatro países. Houve até o lançamento de um "índice Bric" para as ADRs (American Depository Receipts, papéis que representam ações de empresas estrangeiras nos Estados Unidos), divulgado pelo Bank of New York.
Segundo o banco, haverá uma "subida dramática" da participação dos Brics no mercado de capital mundial. Na previsão conservadora, a fatia dos quatro emergentes ficará em cerca de 25% em 2050. Na previsão otimista, metade do mercado mundial de títulos e ações será dos Brics.
"Se esses mercados permanecerem como estão hoje, sua participação mundial irá crescer dramaticamente. Se forem adotadas as estruturas que temos no Ocidente, o crescimento será espetacular, oferecendo oportunidades fantásticas para investidores ao redor do mundo", diz Jim O'Neill, diretor de pesquisa do banco.
Apesar da alta adjetivação, investidores mantêm a cautela diante da idéia de "febre", ou, como diz o Goldman Sachs, "fenômeno". Para o gestor de um fundo de investimento focado nos Brics, Mark Mobius, são mercados interessantes, com oportunidades.
"A reação aos fundos de Brics é positiva, mas nós não chamaríamos isso de "hype" ou "fenômeno". O crescimento nos Brics é uma oportunidade de investimento", disse Mobius à Folha.
Misturando pesquisa e publicidade, o "Bric Dream Webtour", presente no site do banco, rebate críticos, em narração do próprio O'Neill, que cunhou o termo em 2001: "Muitas pessoas acham que isso é apenas um sonho, que pode ou não acontecer, e que a atenção dada aos Brics é exagerada. Mas é importante lembrar que as economias dos Brics já têm uma enorme influência na economia mundial".
Segundo ele, mais de um quarto do crescimento mundial dos últimos cinco anos vieram dos Brics. A previsão é de que os quatro países terão PIB (Produto Interno Bruto) conjunto no patamar de US$ 52 trilhões em 2040, mesmo patamar do G7 (sete economias mais industrializadas), e de US$ 90 trilhões em 2050.
Antes de alardear as "fantásticas oportunidades" para investidores, ele lembra que não são as populações locais não vão receber os benefícios.
Em termos per capita, residentes dos Brics seguirão atrás dos países desenvolvidos. Apenas a Rússia, devido à previsão de forte declínio populacional, ficaria perto dos países em desenvolvimento em termos de riqueza per capita.
Por causa disso, o Goldman prevê outro "potencial espetacular" no mercado consumidor: a classe média dos Brics (com renda anual acima de US$ 3.000 por pessoa) deve quadruplicar na próxima década. Em 20 anos, vê os Brics como os maiores compradores de automóveis, com a China liderando na marca de 200 mil carros, seguida de EUA, Brasil, Rússia e Índia.
A valorização cambial prevista para 2050 para os Brics também é chamada de "espetacular": 298% para a China, 281% para a Índia, 208% para a Rússia e 129% para o Brasil.
O Goldman Sachs prevê que o pico do crescimento mundial vai acontecer dentro dos próximos dez anos, fortemente condicionado aos Brics e seus respectivos envelhecimentos populacionais. Nesse período também prevê que o preço das commodities sigam fortes e que a demanda de energia suba 2,5% ao ano, em média.


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