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Banco dos EUA vê ganho fantástico no país
Goldman Sachs volta a alardear atrativos dos mercados de Brasil, Rússia, Índia e China e fatura com a "Bric fever'
Para empresa, há "subida dramática" da participação dos 4 países no mercado de capitais global para, no mínimo, 25% até 2050
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de um tempo na defensiva, o banco americano
Goldman Sachs voltou à carga
no marketing do Bric (sigla cunhada por ele para designar
Brasil, Rússia, Índia e China) e
aponta para ganhos "fantásticos" ou "espetaculares" em investimentos nesses mercados
emergentes.
Apesar do baque recente nas
bolsas de mercados emergentes, o Goldman Sachs está faturando no que já foi batizada
"Bric fever", com o surgimento
de fundos de investimentos focados nos quatro países. Houve
até o lançamento de um "índice
Bric" para as ADRs (American
Depository Receipts, papéis
que representam ações de empresas estrangeiras nos Estados Unidos), divulgado pelo
Bank of New York.
Segundo o banco, haverá
uma "subida dramática" da
participação dos Brics no mercado de capital mundial. Na
previsão conservadora, a fatia
dos quatro emergentes ficará
em cerca de 25% em 2050. Na
previsão otimista, metade do
mercado mundial de títulos e
ações será dos Brics.
"Se esses mercados permanecerem como estão hoje, sua
participação mundial irá crescer dramaticamente. Se forem
adotadas as estruturas que temos no Ocidente, o crescimento será espetacular, oferecendo
oportunidades fantásticas para
investidores ao redor do mundo", diz Jim O'Neill, diretor de
pesquisa do banco.
Apesar da alta adjetivação,
investidores mantêm a cautela
diante da idéia de "febre", ou,
como diz o Goldman Sachs, "fenômeno". Para o gestor de um
fundo de investimento focado
nos Brics, Mark Mobius, são
mercados interessantes, com
oportunidades.
"A reação aos fundos de Brics
é positiva, mas nós não chamaríamos isso de "hype" ou "fenômeno". O crescimento nos Brics
é uma oportunidade de investimento", disse Mobius à Folha.
Misturando pesquisa e publicidade, o "Bric Dream Webtour", presente no site do banco, rebate críticos, em narração
do próprio O'Neill, que cunhou
o termo em 2001: "Muitas pessoas acham que isso é apenas
um sonho, que pode ou não
acontecer, e que a atenção dada
aos Brics é exagerada. Mas é
importante lembrar que as
economias dos Brics já têm
uma enorme influência na economia mundial".
Segundo ele, mais de um
quarto do crescimento mundial dos últimos cinco anos vieram dos Brics. A previsão é de
que os quatro países terão PIB
(Produto Interno Bruto) conjunto no patamar de US$ 52
trilhões em 2040, mesmo patamar do G7 (sete economias
mais industrializadas), e de
US$ 90 trilhões em 2050.
Antes de alardear as "fantásticas oportunidades" para investidores, ele lembra que não
são as populações locais não
vão receber os benefícios.
Em termos per capita, residentes dos Brics seguirão atrás
dos países desenvolvidos. Apenas a Rússia, devido à previsão
de forte declínio populacional,
ficaria perto dos países em desenvolvimento em termos de
riqueza per capita.
Por causa disso, o Goldman
prevê outro "potencial espetacular" no mercado consumidor: a classe média dos Brics
(com renda anual acima de
US$ 3.000 por pessoa) deve
quadruplicar na próxima década. Em 20 anos, vê os Brics como os maiores compradores de
automóveis, com a China liderando na marca de 200 mil carros, seguida de EUA, Brasil,
Rússia e Índia.
A valorização cambial prevista para 2050 para os Brics
também é chamada de "espetacular": 298% para a China,
281% para a Índia, 208% para a
Rússia e 129% para o Brasil.
O Goldman Sachs prevê que
o pico do crescimento mundial
vai acontecer dentro dos próximos dez anos, fortemente condicionado aos Brics e seus respectivos envelhecimentos populacionais. Nesse período
também prevê que o preço das
commodities sigam fortes e
que a demanda de energia suba
2,5% ao ano, em média.
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