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Poupança tem maior captação desde 94
Entrada líquida na caderneta em julho chega a R$ 6,67 bi, no terceiro mês seguido de captação positiva da categoria
Queda nos juros torna a poupança mais atraente
a investidor; fundos também têm captação positiva, de R$ 1,4 bi
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Oferecendo uma rentabilidade cada vez mais atraente aos
investidores, a poupança bateu
recorde de captação de recursos no mês passado, segundo
dados do Banco Central. Em julho, os depósitos feitos na caderneta superaram os saques
em R$ 6,67 bilhões, valor mais
alto desde dezembro de 2007.
Excluídos os meses de dezembro da série estatística
-nessa época os depósitos costumam subir por causa do 13º
salário-, o resultado do mês
passado é o mais alto desde a
implantação do Plano Real, em
julho de 1994.
Foi o terceiro mês seguido de
captação positiva da poupança,
que sofreu com aumento nos
saques entre março e abril
diante das dúvidas sobre as mudanças que o governo planejava
para o seu rendimento.
Embora indiquem aumento
no interesse pela caderneta,
porém, os números ainda não
mostram migração dos fundos
de investimento para a poupança. Também em julho, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os fundos DI e de renda fixa tiveram, juntos, captação positiva de R$ 1,47 bilhão.
É possível que parte das aplicações na caderneta venha de
recursos que estavam parados
em contas correntes. Segundo
dados do BC no último dia 28, o
saldo total dessas contas caiu
em R$ 7,53 bilhões em julho.
No começo do ano, era crescente a preocupação da equipe
econômica com uma possível
perda de recursos dos fundos
para a poupança. Isso porque,
com a taxa de juros Selic em
queda, os fundos de renda fixa
ficam cada vez menos rentáveis. Já a caderneta tem rendimento fixo de 0,5% ao mês -é
menos afetada pela Selic.
A situação se agravava porque os fundos, ao contrário da
poupança, estão sujeitos à cobrança de Imposto de Renda e
taxas de administração, o que
diminui ainda mais os ganhos.
A solução encontrada pelo
governo foi anunciar, em maio,
a intenção de cobrar imposto
das cadernetas com saldo superior a R$ 50 mil e reduzir as alíquotas que incidem sobre as
aplicações de renda fixa.
Não foram fixados prazos para a implantação das medidas, e
até agora nenhuma entrou em
vigor. Desde a sua divulgação,
os saques na caderneta perderam força. Após um pico de R$
91,41 bilhões alcançado em
abril, as retiradas somaram R$
83,26 bilhões no mês passado.
Os depósitos, por sua vez,
chegaram a R$ 89,94 bilhões
em julho, valor mais elevado
em quatro meses.
Mesmo com captação maior,
o total aplicado na caderneta
continua abaixo dos fundos. Segundo o BC, os recursos na
poupança somavam R$ 290 bilhões no final de julho. Já a Anbid apontava R$ 1,291 trilhão
direcionados à indústria de
fundos-R$ 545 bilhões em
fundos DI e renda fixa.
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