São Paulo, sexta-feira, 07 de agosto de 2009

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Poupança tem maior captação desde 94

Entrada líquida na caderneta em julho chega a R$ 6,67 bi, no terceiro mês seguido de captação positiva da categoria

Queda nos juros torna a poupança mais atraente a investidor; fundos também têm captação positiva, de R$ 1,4 bi


NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Oferecendo uma rentabilidade cada vez mais atraente aos investidores, a poupança bateu recorde de captação de recursos no mês passado, segundo dados do Banco Central. Em julho, os depósitos feitos na caderneta superaram os saques em R$ 6,67 bilhões, valor mais alto desde dezembro de 2007.
Excluídos os meses de dezembro da série estatística -nessa época os depósitos costumam subir por causa do 13º salário-, o resultado do mês passado é o mais alto desde a implantação do Plano Real, em julho de 1994.
Foi o terceiro mês seguido de captação positiva da poupança, que sofreu com aumento nos saques entre março e abril diante das dúvidas sobre as mudanças que o governo planejava para o seu rendimento.
Embora indiquem aumento no interesse pela caderneta, porém, os números ainda não mostram migração dos fundos de investimento para a poupança. Também em julho, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento), os fundos DI e de renda fixa tiveram, juntos, captação positiva de R$ 1,47 bilhão.
É possível que parte das aplicações na caderneta venha de recursos que estavam parados em contas correntes. Segundo dados do BC no último dia 28, o saldo total dessas contas caiu em R$ 7,53 bilhões em julho.
No começo do ano, era crescente a preocupação da equipe econômica com uma possível perda de recursos dos fundos para a poupança. Isso porque, com a taxa de juros Selic em queda, os fundos de renda fixa ficam cada vez menos rentáveis. Já a caderneta tem rendimento fixo de 0,5% ao mês -é menos afetada pela Selic.
A situação se agravava porque os fundos, ao contrário da poupança, estão sujeitos à cobrança de Imposto de Renda e taxas de administração, o que diminui ainda mais os ganhos.
A solução encontrada pelo governo foi anunciar, em maio, a intenção de cobrar imposto das cadernetas com saldo superior a R$ 50 mil e reduzir as alíquotas que incidem sobre as aplicações de renda fixa.
Não foram fixados prazos para a implantação das medidas, e até agora nenhuma entrou em vigor. Desde a sua divulgação, os saques na caderneta perderam força. Após um pico de R$ 91,41 bilhões alcançado em abril, as retiradas somaram R$ 83,26 bilhões no mês passado.
Os depósitos, por sua vez, chegaram a R$ 89,94 bilhões em julho, valor mais elevado em quatro meses.
Mesmo com captação maior, o total aplicado na caderneta continua abaixo dos fundos. Segundo o BC, os recursos na poupança somavam R$ 290 bilhões no final de julho. Já a Anbid apontava R$ 1,291 trilhão direcionados à indústria de fundos-R$ 545 bilhões em fundos DI e renda fixa.


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