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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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Ação de cobrança impediu venda

DA AGÊNCIA FOLHA , EM CHAPECÓ

O presidente da Chapecó, Celso Schmitz, disse que está "numa missão em um vôo sem retorno". Referia-se à busca de acordo com credores e fornecedores, e a concretização da venda para a Dreyfus, ou a falência.
Segundo ele, a transferência da Chapecó para o grupo francês só não foi consumada em 31 de agosto devido a uma ação do banco Real ABN-Amro, credor de 5% dos R$ 900 milhões que a Chapecó deve aos bancos. Os R$ 100 milhões que completam a conta são dívidas com fornecedores e com funcionários.
O Real pediu o sequestro da produção na Justiça e, sem saída, os gestores decidiram paralisar os frigoríficos. A proposta de acordo levada à mesa de negociação com as instituições financeiras prevê garantia de recebimento imediato de apenas 3,2% do crédito.
Eles ainda têm a perspectiva de receber parte dos créditos tributários não descontados pela Chapecó. No fechamento das contas, a possibilidade de recebimento do que cobram os bancos chega a cerca de 14% do total.
O Banco Mundial, com R$ 103 milhões a receber, é o segundo maior credor da Chapecó. O Banco do Brasil é o terceiro, com R$ 37 milhões. O grupo deve a 21 instituições financeiras e a 2.500 fornecedores e parceiros. Segundo Schmitz, as negociações com os bancos estão focadas na idéia de que "é melhor perder 80% do crédito do que os 100%" na falência.
Fornecedores e parceiros com créditos até R$ 100 mil têm a garantia de que receberão metade do valor a que têm direito. As indenizações de funcionários também terão prioridade.

"Falência branca"
O reflexo do desemprego nas cidades da área de influência da Chapecó estaria adiado para outubro, quando acaba o período de cinco meses de recebimento do seguro-desemprego.
Com pouco mais de 20 mil habitantes, Xaxim -a 20 km de Chapecó- é a cidade que mais sofre com a crise. O abatedouro de frango hoje desativado respondia por 65% da arrecadação local.
"Ainda estamos vivos graças ao apoio político existente", diz Schmitz, classificando a situação de "falência branca" e deixando transparecer a expectativa de que, por razões sociais, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai tomar o caminho político, e não o econômico.


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