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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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COMÉRCIO EXTERIOR

Documento propõe liberalização em sete áreas industriais na OMC, mas agricultura permanece central

País rejeita zerar tarifa para eletrônicos

DO COLUNISTA DA FOLHA

Um acordo agrícola em Cancún seria o fator que faria andar ou desandar toda a Rodada Doha, diz estudo preparado pelo Centro Internacional para o Comércio e o Desenvolvimento Sustentável, instituto de estudos com base em Genebra (Suíça).
Como essa é uma visão virtualmente consensual, a questão seguinte, para o Brasil, é esta: o que e em que setores o país cederia, na hipótese de que Estados Unidos e União Européia decidam, no último momento, fazer concessões importantes na agricultura?
A resposta dos delegados brasileiros é cautelosa, em grande medida porque nenhum deles acredita que esteja à vista uma real liberalização da agricultura.
Mas é cautelosa também porque o Brasil foi assumidamente tímido nas suas ofertas nas demais áreas de negociação.

Indústria
Na área industrial, por exemplo, o governo brasileiro não gostou nada do documento preparado pelo chefe do Nama (sigla em inglês para o grupo de negociação de acesso a mercado de bens não-agrícolas), o suíço Piérre-Louis Girard.
A proposta de Girard prevê, entre outros pontos, um enfoque setorial, pelo qual seriam eliminadas as tarifas de importação para sete áreas: pescados e derivados; calçados; bens de couro; autopeças e componentes de veículos; pedras, gemas e metais preciosos; tecidos e roupas; e bens eletrônicos e elétricos.
Este último item é o motivo da inquietação brasileira. Zerar as tarifas de produtos eletroeletrônicos está fora de cogitação. Mesmo reduzir essas tarifas significativamente é "complicado", afirma o embaixador Clodoaldo Hugueney, negociador-chefe para assuntos da Organização Mundial do Comércio.
De todo o modo, o impasse agrícola adia para um futuro incerto qualquer outra definição do Brasil nas demais áreas, porque, como diz o chanceler Celso Amorim, "não se pode permitir que outras áreas avancem mais que agricultura".
Também nesse ponto há uma nítida colisão entre a posição brasileira e, por exemplo, a posição defendida pela Europa.
"De fato, os países desenvolvidos devem fazer mais (em matéria de liberalização) do que os países em desenvolvimento, mas não é um enfoque correto dizer que só os países desenvolvidos devem aceitar novas aberturas", diz Franz Fischler, comissário europeu para Agricultura.
(CLÓVIS ROSSI)


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