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São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2003

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Cancún pode ser o Iraque da OMC, afirma entidade

DO COLUNISTA DA FOLHA

Cancún pode ser para a OMC o que a guerra do Iraque foi para as Nações Unidas, no sentido de "minar sua influência e marginalizá-la". A análise foi feita pela organização não-governamental britânica Oxfam.
Radicalismo típico de ONG? Não. Primeiro, porque a Oxfam é uma das mais respeitadas ONGs, com trabalhos sobre quase todos os temas que estão na agenda da OMC.
Segundo, porque o chanceler brasileiro, Celso Amorim, que não é um radical, tem visão similar. "Um fracasso da OMC, que espero que não ocorra, seria um desserviço ao sistema multilateral que é fundamental para nós", diz o ministro.
O que faria de Cancún um sucesso? "[A reunião] é uma oportunidade única para reformar as regras injustas de comércio que prejudicam os países mais pobres do mundo", responde a Oxfam.
Não é apenas a Oxfam que estará presente em Cancún. Só do Brasil, são 19 as entidades que divulgaram o documento "Rumo a Cancún", no qual, entre outros pontos, rejeitam uma barganha entre concessões na área agrícola, pelos países ricos, em troca de os países em desenvolvimento cederem nos chamados "novos temas".
O principal "novo tema" no foco das ONGs é um eventual acordo internacional sobre investimentos, que, segundo elas, "diminuiria ainda mais a possibilidade de os governos restringirem a movimentação de capitais e direcionarem os investimentos externos".
A ActionAid, presente em mais de 35 países, quer que "os países ricos concordem em reduzir drasticamente os subsídios agrícolas", mas também que "seja permitido aos países pobres a flexibilidade para desenvolver suas políticas públicas de agricultura familiar".
Mesmo instituições americanas estão focando a questão agrícola. O Centro de Análise de Políticas Agrícolas da Universidade do Tennessee acaba de divulgar estudo no qual culpa a política de Washington pelo fato de que, "desde 1996, os preços mundiais dos quatro principais cultivos norte-americanos de exportação (milho, trigo, soja e algodão) caíram mais de 40%". (CR)


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