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Ipea reduz a projeção do PIB para 3,3%
Desempenho no 2º trimestre levou a revisão para baixo nas projeções de crescimento, consumo das famílias e investimentos
Para o instituto, país só terá condições de crescer de forma sustentável (4,5% a 5,0%) se conseguir elevar
os investimentos públicos
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O fraco desempenho do PIB
(Produto Interno Bruto) no segundo trimestre levou o Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão ligado ao
Ministério do Planejamento, a
rever para baixo (de 3,8% para
3,3%) as projeções de crescimento da economia para 2006.
A projeção do instituto contrasta com a da equipe econômica do governo, que insistiu,
nos últimos dias, em afirmar
que a taxa de crescimento de
4% neste ano ainda é possível.
Para o Ipea, dois fatores levaram a uma perspectiva mais
pessimista de crescimento econômico: o comportamento das
exportações no segundo trimestre, influenciadas pelo
câmbio, e o desempenho do investimento, principalmente
em razão da desaceleração da
construção civil.
Fatores pontuais também
são citados como responsáveis
pela expansão de apenas 0,5%
no segundo trimestre: a Copa
do Mundo em junho, que reduziu o número de dias úteis, a paralisação de plataformas de petróleo para manutenção e a greve da Receita Federal.
"O segundo trimestre provavelmente representou o ponto
ao longo do ciclo monetário em
que os efeitos da redução das
taxas de juros reais (iniciada
em setembro do ano passado)
ainda não se fizeram sentir com
muita força na economia, mas
em que os efeitos do câmbio
apreciado se mostraram particularmente intensos", afirma o
instituto em seu "Boletim de
Conjuntura".
As projeções do Ipea consideram que a substituição da demanda externa pela interna
acabará por estimular a atividade produtiva. O crescimento de
2006 deverá ser sustentado pela expansão do investimento e
do consumo das famílias, embora a um ritmo menor do que
se previa anteriormente. A projeção de investimento recuou
de 7,8% para 6,0%. A expansão
do consumo das famílias foi revista de 4,8% para 4,3%.
O comportamento das exportações deverá ser guiado pelo preço e não pela quantidade
exportada. O Ipea projeta crescimento do saldo da balança comercial de US$ 43,6 bilhões,
acima dos US$ 40,4 bilhões
projetados anteriormente.
A indústria deverá crescer
menos. A projeção passou de
4,5% para 3,5% na produção industrial mensal, calculada pelo
IBGE. O comportamento do setor foi um dos fatores responsáveis pelo crescimento menor
no segundo trimestre.
Para o Ipea, o real deve continuar valorizado até o fim do
ano. A projeção do câmbio médio do último trimestre passou
de R$ 2,30 para R$ 2,19. O efeito benéfico da apreciação do
real teve impacto também sobre as projeções de inflação.
Com inflação mais baixa, o
Ipea estima que os juros encerrem o ano em 14%, pouco abaixo da taxa estimada em junho,
de 14,2%.
Crescimento sustentável
Para 2007, o instituto prevê
expansão da economia de 3,6%.
Segundo Fabio Giambiagi, economista do Ipea, o país só poderá crescer de forma sustentável
a um ritmo de 4,5% ou 5%
quando ampliar o investimento
público. Segundo o economista, nos três primeiros anos do
governo Lula o investimento
foi de 0,45% do PIB. Em 2006,
essa taxa será um pouco superior, da ordem de 0,55% do PIB.
"Deveríamos ter como uma
possível meta chegar a 1% a
1,5% do PIB até o fim da década", disse.
Questionado sobre a revisão
feita pelo Ipea para o crescimento do PIB neste ano, o secretário de Política Econômica
do Ministério da Fazenda, Júlio Sérgio Gomes de Almeida,
disse que ainda trabalha com
uma estimativa melhor.
"Ainda mantemos a projeção
de 4% [de crescimento]. Achamos que é um número factível."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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