São Paulo, quinta-feira, 07 de setembro de 2006

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Dilma diz para a Volks que demissões ajudam oposição

Marinho também esteve envolvido na pressão que governo fez sobre a empresa

As negociações entre a Volkswagen e o sindicato entram hoje no terceiro dia, resultado será apresentado na próxima terça-feira


KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, enviou um duro recado à cúpula da Volkswagen no Brasil no final da semana passada, segundo a Folha apurou. Em contatos com a direção da empresa, ela disse que a ameaça de demissão de 1.800 funcionários e a reação dos sindicalistas com uma greve estavam sendo utilizadas pela oposição na campanha eleitoral.
Apesar de a ameaça ter sido resultado de plano mundial de reestruturação da montadora, a direção da empresa levou em conta a advertência da ministra. E resolveu suspender, pelo menos durante o período eleitoral, a ameaça de demissão.
A Folha apurou que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também esteve envolvido diretamente na pressão junto à cúpula da Volkswagen no Brasil. Na segunda-feira, após contato com o ministro, a empresa recuou, suspendendo a decisão de demitir 1.800. Por sugestão do governo, a Volkswagen resolveu dar início a uma discussão com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade filiada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Apesar de a pesquisa Datafolha divulgada anteontem ter mostrado que o favoritismo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição não foi alterado por uma série de notícias negativas, nas quais se incluía o "imbróglio Volks", havia temor na campanha petista de que a ameaça de demissão afetasse o cacife político do petista.
A Folha apurou que o recado de Dilma foi o seguinte: apesar da reestruturação mundial da Volks, discutir 1.800 demissões em plena campanha eleitoral seria prejudicial ao governo e benéfico à oposição.
O ABC paulista é o berço político de Lula e do PT. A ameaça de demissão na montadora atingiu em cheio o discurso do presidente de que gerou quase 6 milhões de empregos. A oposição argumentou que a eliminação de postos de trabalho qualificados no ABC era resultado da política econômica de Lula, que ostenta baixo nível de crescimento na média.
As negociações entre a Volkswagen e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC entram hoje no terceiro dia.
Nos dois últimos dias foram 13 horas e meia de reunião para tentar um acordo que reduza custos na empresa. Sindicato e empresa não comentam a negociação. O resultado será apresentado em uma assembléia na próxima terça-feira. Os trabalhadores da Volks de São Bernardo estão de folga a partir de hoje e retornam ao trabalho na segunda-feira.


Colaborou a Reportagem Local

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