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Dilma diz para a Volks que demissões ajudam oposição
Marinho também esteve envolvido na pressão que governo fez sobre a empresa
As negociações entre a Volkswagen e o sindicato entram hoje no terceiro dia, resultado será apresentado na próxima terça-feira
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, enviou um
duro recado à cúpula da Volkswagen no Brasil no final da semana passada, segundo a Folha apurou. Em contatos com a
direção da empresa, ela disse
que a ameaça de demissão de
1.800 funcionários e a reação
dos sindicalistas com uma greve estavam sendo utilizadas pela oposição na campanha eleitoral.
Apesar de a ameaça ter sido
resultado de plano mundial de
reestruturação da montadora,
a direção da empresa levou em
conta a advertência da ministra. E resolveu suspender, pelo
menos durante o período eleitoral, a ameaça de demissão.
A Folha apurou que o ministro do Trabalho, Luiz Marinho,
também esteve envolvido diretamente na pressão junto à cúpula da Volkswagen no Brasil.
Na segunda-feira, após contato
com o ministro, a empresa recuou, suspendendo a decisão
de demitir 1.800. Por sugestão
do governo, a Volkswagen resolveu dar início a uma discussão com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade filiada à CUT (Central Única dos
Trabalhadores).
Apesar de a pesquisa Datafolha divulgada anteontem ter
mostrado que o favoritismo do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva na eleição não foi alterado
por uma série de notícias negativas, nas quais se incluía o "imbróglio Volks", havia temor na
campanha petista de que a
ameaça de demissão afetasse o
cacife político do petista.
A Folha apurou que o recado
de Dilma foi o seguinte: apesar
da reestruturação mundial da
Volks, discutir 1.800 demissões
em plena campanha eleitoral
seria prejudicial ao governo e
benéfico à oposição.
O ABC paulista é o berço político de Lula e do PT. A ameaça
de demissão na montadora
atingiu em cheio o discurso do
presidente de que gerou quase
6 milhões de empregos. A oposição argumentou que a eliminação de postos de trabalho
qualificados no ABC era resultado da política econômica de
Lula, que ostenta baixo nível de
crescimento na média.
As negociações entre a
Volkswagen e o Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC entram
hoje no terceiro dia.
Nos dois últimos dias foram
13 horas e meia de reunião para
tentar um acordo que reduza
custos na empresa. Sindicato e
empresa não comentam a negociação. O resultado será
apresentado em uma assembléia na próxima terça-feira. Os
trabalhadores da Volks de São
Bernardo estão de folga a partir
de hoje e retornam ao trabalho
na segunda-feira.
Colaborou a Reportagem Local
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