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FMI prevê ritmo menor para venda de produtos agrícolas
Fundo estima, no entanto, que a demanda global pelas commodities minerais continua firme nos próximos anos
Outras previsões do órgão, inclusive de crescimento para o Brasil e o mundo, serão conhecidas na semana que vem, em Cingapura
FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O mercado internacional de
commodities minerais deve
continuar aquecido ainda por
um longo período em termos
de volume e preços.
Os países em desenvolvimento devem, no entanto, se
preparar para um encolhimento, a médio prazo, nos ganhos
com as exportações agrícolas.
No caso do Brasil, o setor tem
sido o grande responsável por
saldos comerciais positivos nos
últimos anos.
Segundo relatório do FMI
(Fundo Monetário Internacional) divulgado ontem, a demanda mundial por commodities minerais continuará firme
nos próximos anos, especialmente pelo consumo na Ásia,
em particular de China e Índia.
No caso das commodities
agrícolas, o espaço está diminuindo, diz o Fundo, que divulgou ontem três capítulos do relatório "Perspectivas para a
Economia Mundial". Outras
previsões do FMI, inclusive de
crescimento para o Brasil e o
mundo, serão conhecidas na
semana que vem, em Cingapura, durante reunião do órgão.
Teto para o consumo
Historicamente, países em
desenvolvimento tendem a desacelerar o consumo de minérios e metais quando o chamado PPC (paridade do poder de
compra) atinge entre U$ 15 mil
e U$ 20 mil per capita/ano.
Nesse patamar, o país consumidor de commodities já se
tornou suficientemente industrializado, diminuindo suas necessidades correntes por matérias-primas minerais.
O PPC da China hoje está na
faixa de US$ 6.400, o que garante, segundo o FMI, um bom
espaço para os exportadores internacionais desses produtos.
Segundo Raghuram Rajan, economista-chefe do FMI, a China
responde hoje por 50% do aumento dos preços dos minérios
nos últimos anos.
A mesma tendência não prevalece no caso das commodities agrícolas. As compras de
carne pela China, por exemplo,
cresceram a taxas significativamente maiores até o país atingir um PPC na faixa de US$
3.000. Desde então, quando a
demanda básica por alimentos
foi atendida, o ritmo de crescimento tem desacelerado.
Desde 2001, os volumes de
exportações de minérios do
Brasil para o mundo têm crescido de maneira consistente. As
matérias-primas contribuíram
no primeiro semestre deste
ano com US$ 3,4 bilhões no saldo comercial.
Já a participação dos produtos agrícolas totais (cereais,
animais e "tropicais"-café,
açúcar e frutas) no saldo foi
bem maior, de U$ 12,7 bilhões
no mesmo período.
Ganhos menores
O problema para países (como o Brasil) mais dependentes
de commodities agrícolas do
que minerais é que os preços
das primeiras têm crescido a
um ritmo bem menor que o de
outras matérias-primas.
Essa diferença, segundo o
FMI, tende a se acentuar conforme as grandes economias
emergentes, como China e Índia, forem se desenvolvendo.
Para o Fundo, países muito
dependentes da agricultura no
comércio internacional terão
de dar saltos de produtividade
no futuro próximo para continuar obtendo saldos elevados
com a venda desses produtos.
Desde 2002, os preços de
uma cesta de commodities minerais, segundo FMI, aumentaram cerca de 180% em termos
reais (mais do que o petróleo),
enquanto que a variação dos
agrícolas ficou em um patamar
bastante inferior.
O relatório do Fundo não
aborda, no entanto, o eventual
peso que os chamados biocombustíveis poderão ter no futuro
sobre os preços das commodities agrícolas.
Estima-se, por exemplo, que
só os EUA consumirão em
2007 cerca de 50 milhões de toneladas de milho para produzir
etanol e abastecer 101 projetos
montados no país para a produção do combustível.
Para ter uma idéia da dimensão e do potencial desse consumo, hoje o mundo transaciona
por ano menos do que 75 milhões de toneladas de milho.
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