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TRANSPORTES
74,7% estão deficientes, ruins ou péssimas, diz CNT, que cobra investimentos; privatizadas são as melhores
Estradas pioram e ameaçam retomada
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A situação crítica das rodovias
brasileiras já está ameaçando a retomada do crescimento econômico, segundo avaliação da CNT
(Confederação Nacional dos
Transportes). "O Brasil não tem
condições de crescer 4% ou 5% ao
ano com a infra-estrutura que temos", disse o vice-governador de
Minas Gerais, Clésio Andrade
(PL), presidente da CNT.
No Brasil, de acordo com a entidade, 60,5% das cargas e 96,6%
dos passageiros são transportados pelas estradas e a situação
precária das rodovias eleva o custo Brasil em cerca de 30%.
A entidade divulgou ontem sua
pesquisa anual sobre a situação
das rodovias -74,7% dos 74.681
km de trechos pesquisados estão
deficientes, ruins ou péssimos. A
situação é pior nas rodovias sob
administração federal ou estadual, onde o percentual vai a 83%.
O resultado mostra pequena
piora em relação ao ano passado,
quando 74% dos trechos pesquisados estavam deficientes, ruins
ou péssimos, com 82,8% dos trechos sob administração estatal
nessa categoria.
A pesquisa da CNT é feita desde
1995 e sempre aponta uma situação ruim. "Nós entregamos os
pontos, não adianta mais fazer
críticas", disse Andrade. "Essa situação vai travar, e já está travando, o crescimento econômico."
Para ele, as obras que o governo
vem fazendo não adiantam. "É
operação tapa-buraco. Depois da
primeira chuva, a estrada volta a
ficar ruim", disse. Segundo ele, as
estradas precisariam ser refeitas.
Apesar das críticas, Andrade
disse que enxerga "uma luz no
fim do túnel" porque, segundo
ele, o orçamento do Ministério
dos Transportes para o ano que
vem será aproximadamente duas
vezes maior do que o deste ano.
As rodovias que foram concedidas para a iniciativa privada estão
em melhor estado. Nas rodovias
concedidas, uma empresa privada faz a manutenção, cobrando
ou não pedágio. Todos os dez melhores trechos de rodovias pesquisados pela CNT estão sob responsabilidade do setor privado e
passam pelo Estado de São Paulo.
Os dez piores estão sob administração dos governos federal e
estaduais. A maior parte está nas
regiões Norte e Nordeste.
De acordo com Andrade, só
3.000 km ainda poderiam ser concedidos à iniciativa privada, por
meio de concessões com cobrança de pedágios ou eventualmente
usando PPP (Parceria Público-Privada). Como essa quantidade é
pequena em relação ao total da
malha viária, seria preciso mais
investimento público.
O presidente da CNT reclamou
também do que considera "manipulação" do uso dos recursos da
Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, tributo cobrado sobre a comercialização de combustíveis). Segundo
ele, o governo burla a determinação de usar os recursos na infra-estrutura em transportes.
"O governo não usa os recursos.
Aí, no ano seguinte, vira sobra de
caixa e o governo pode usar como
quiser", disse. Neste ano, até agosto, foram arrecadados R$ 5 bilhões com a cobrança da Cide, de
acordo com a CNT.
Em setembro, o governo liberou
os caminhões conhecidos como
"bitrens" (veículos com uma carroceria acoplada a outra) da obtenção da AET (Autorização Especial de Trânsito) para circular
em rodovias federais, estaduais e
vias municipais. O Ministério dos
Transportes disse que a liberação
não afetava a qualidade das estradas porque os limites de peso continuavam inalterados.
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