São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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Trecho sobre clonagem terapêutica gera dúvida

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Por mais de uma hora ficou a confusão no ar: os senadores teriam liberado ou não a clonagem de embriões para fins terapêuticos? Não - foi a conclusão a que chegaram depois de divergências entre os senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), relator do projeto de lei de biossegurança, Jonas Pinheiro (PFL-MT), autor da proposta, e Osmar Dias (PDT-PR), autor de uma emenda aprovada ontem à tarde.
A versão mais recente da lei de biossegurança, que segue agora para a Câmara, autoriza o uso de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro em pesquisa, desde que eles tenham sido descartados ou estejam congelados há pelo menos três anos. Também é exigido o consentimento dos pais.
Os embriões serão usados na produção de células-tronco, que podem ser transformadas em diversos tipos de tecido humano. A autorização está limitada a fins de pesquisa e terapia de doenças degenerativas, segundo o acordo negociado no Senado.
A regra garante o uso de cerca de 30 mil embriões disponíveis. A clonagem terapêutica permitiria a multiplicação dos embriões, mas ela acabou enquadrada como crime, sujeito a pena de até cinco anos de reclusão, além de multa.
"É só o começo", comemorou Andréa Bezerra de Albuquerque, presidente do Movitae (Movimento em Prol da Vida), certa de que o projeto enfrentará ainda grande oposição na Câmara, onde o uso de embriões chegou a ser proibido no começo do ano. "É um problema entre a fé e a ciência", avaliou o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), reafirmando o apoio do governo à proposta.
Embora a projeto de lei proíba claramente a clonagem humana para fins reprodutivos ou qualquer tipo de manipulação genética em embriões, ele ainda enfrenta a oposição de setores da Igreja Católica. No debate de ontem no plenário, houve um outro momento de confusão: quando o líder do governo e a líder do PT, Ideli Salvatti (SC), deram orientações divergentes aos colegas. "O PSDB vai votar com o governo", ironizou Leonel Pavan (SC).


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