|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SDE investiga a indústria de embalagens
Suspeita de prática de cartel envolve associações, 13 fabricantes e 17 representantes de empresas, segundo secretaria
Relatório encaminhado ao Cade afirma que há indícios de que representantes de empresas se reuniam para dividir grandes clientes
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A SDE (Secretaria de Direito
Econômico), do Ministério da
Justiça, instaurou processo administrativo no dia 14 de setembro para investigar suspeita de prática de formação de
cartel que envolve 2 associações, 13 empresas e 17 representantes de indústrias de embalagens plásticas flexíveis.
Com base em documentos
coletados em uma operação de
busca e apreensão em setembro de 2006 na sede da Abief
(Associação Brasileira de Embalagens Flexíveis) e em três
indústrias (Converplast, Inapel
e Celocorte), a SDE concluiu
que "há indícios suficientes de
infração à ordem econômica"
para investigar suspeita de prática de cartel no setor.
Relatório da SDE, que já foi
encaminhado ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica), cita que, além da
Abief, a Abraflex (Associação
Brasileira dos Fabricantes de
Embalagens Laminadas) é outra suspeita de prática de cartel.
Nos documentos apreendidos, a SDE cita ainda como suspeitas as indústrias Itap Bemis
(respondendo por ela e por Alcoa Alumínio - divisão de embalagens), Embalagens Flexíveis Diadema, Peeqflex Embalagens (atual denominação de
Empax Embalagens), Santa
Rosa, Shellmar, Zaraplast, Alcan Embalagens, Canguru Embalagens, Tecnoval e Bafema,
como expõe em despacho publicado no dia 18 de setembro
no "Diário Oficial" da União.
"Após análise do material
apreendido no ano passado, vimos que há indícios suficientes
para investigar a suspeita de
cartel no setor de embalagens
plásticas flexíveis", afirma Ana
Paula Martinez, diretora do
Departamento de Proteção e
Defesa Econômica da SDE.
No relatório encaminhado ao
Cade, a SDE cita a existência de
documentos que revelam a participação de representantes de
indústrias e das associações em
reuniões para tratar de suposta
divisão de mercado entre elas e
da fixação de preços.
O Ministério Público Estadual e o Deic (Departamento de
Investigações Sobre o Crime
Organizado) também investigam a suspeita de prática de
cartel no setor. "Há fortes indícios de prática de cartel", afirma Marcelo Mendroni, promotor de Justiça. O MPE e o Deic
investigam as 17 pessoas envolvidas na eventual prática ilegal.
Punição severa
Martinez diz que o caso que
envolve o setor de embalagens
plásticas flexíveis está entre os
dez principais em investigação
na SDE. Se o Cade vier a condenar as associações e as indústrias envolvidas, a "tendência é
que a punição seja bem severa."
Para a indústria, isso significa multa de 1% a 30% sobre o
faturamento bruto no ano anterior ao da instauração do processo. Para a pessoa física, multa de 10% a 50% da multa aplicada sobre a empresa.
Em caso de condenação por
prática ilegal, há agora risco
bem maior de a punição se estender para pessoas, como diretores de empresas, que não
estejam diretamente relacionadas com as irregularidades
praticadas por seus funcionários, informa Martinez.
"Dos vários ilícitos que combatemos, cartel é o pior deles,
pois é o que causa mais prejuízos ao consumidor."
A investigação de suspeita de
cartel no setor começou a partir de denúncia de Paulo Rogério Tucoser, ex-representante
de vendas da Inapel, onde trabalhou por dez anos. "O cartel
atrapalhava meu trabalho. E
resolvi fazer a denúncia."
Com base nos documentos
apreendidos, um relatório da
SDE mostra que sete indústrias
do setor (Inapel, Itap, Converplast, Celocorte, Diadema,
Peeqflex/Empax e Santa Rosa)
detêm 52,4% do mercado de
embalagens flexíveis, avaliado
em R$ 2,5 bilhões por ano.
Texto Anterior: Ações de sindicatos são pontuais, dizem dirigentes e militantes da causa GLBT Próximo Texto: Empresas negam prática ilegal no setor Índice
|