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Microsoft planeja passar dos US$ 700 milhões no país
Empresa de Bill Gates define estratégia para ampliar presença no Brasil até 2010
Vendas no Nordeste e negócios voltados para empresas de pequeno e médio porte serão o motor do crescimento das vendas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A Microsoft pisou no acelerador das vendas. Até 2010, a empresa de Bill Gates quer passar
a marca dos US$ 700 milhões
em faturamento no Brasil. Hoje
as receitas são de cerca de US$
530 milhões, metade do resultado da América Latina, segundo a Folha apurou.
Para atingir essa meta, já está
em curso uma estratégia de expansão a que a reportagem teve
acesso com exclusividade. Um
novo escritório será aberto em
Ribeirão Preto (SP) -agora são
oito no total- e 24 funcionários foram contratados para
atuar diretamente em 17 cidades, dez a mais que em 2006.
Esse time dará suporte às
empresas-parceiras, que devem passar de 15 mil para 18
mil em três anos. Elas fazem as
vendas de softwares e serviços
em nome da Microsoft.
O Nordeste é um dos focos. O
escritório de Recife mandará
funcionários para atender Salvador (BA), Fortaleza (CE) e
Belém (PA). "Proporcionalmente, as vendas na região superam a média nacional", afirma Michel Levy, presidente da
Microsoft no Brasil.
Isso não quer dizer que os
grandes centros perdem força.
No Sul, Florianópolis (SC) e
Maringá (PR) também terão
funcionários da Microsoft. No
Centro-Oeste, Goiânia foi contemplada. No Sudeste, o escritório de Ribeirão Preto (SP)
cuidará de Campinas, Jundiaí e
São José do Rio Preto.
O fator web
O crescimento da internet levou a Microsoft a potencializar
as metas de venda de softwares
por um modelo conhecido como Saas (Software como Serviço). Pelo sistema tradicional, o
cliente compra um software e
paga uma licença fixa com direito a atualizações.
Pelo Saas, ele aluga o software e, em lugar de instalá-lo, passa a acessá-lo pela internet em
um servidor de empresas-parceiras da Microsoft. Segundo
Álvaro Celis, diretor para a
América Latina, esse negócio
tem grande potencial de receitas porque transfere à Microsoft a manutenção e o suporte
de informática.
Outra novidade: clientes
VIPs contarão com serviços extras de consultoria, um segmento cuja receita deverá saltar de US$ 23 milhões, em
2007, para US$ 50 milhões, em
2010 -um aumento de 117%.
Uso doméstico
Para aproveitar a explosão do
comércio de computadores nas
redes varejistas, onde 75% dos
computadores chegam das fábricas com software da Microsoft pré-instalado, novas parcerias serão fechadas com cadeias
do Sul e do Nordeste.
Apertar o cerco contra a pirataria também faz parte do plano. Estima-se que 3 milhões
dos 10,1 milhões de computadores que serão vendidos em
2007 no país estarão com softwares piratas. Isoladamente,
no ramo dos softwares a reação
da Microsoft é mais lenta.
O lançamento do Windows
Starter Edition, em 2005, foi
uma tentativa. Versão resumida do Windows, ele sai por R$
120, contra os cerca de R$ 600
do Windows completo. Segundo a Microsoft, 1,5 milhão de
cópias do Starter foram vendidas, mas a iniciativa ainda está
longe de acabar com a pirataria.
"Presença total"
Nas empresas, será a vez de
atacar clientes de pequeno e
médio porte, já que 97% das
máquinas nas grandes corporações trabalham com a Microsoft. O problema é que boa parte das cerca de 5 milhões de
empresas não dispõe de um caixa forte o bastante para bancar
investimentos de uma só vez.
Várias soluções estão em
análise, todas na linha do "parcelamento", como faz o varejo.
"A plataforma de computadores e serviços pré-pagos será
uma saída", afirma Levy.
No meio dessa estratégia de
expansão, a Microsoft poderá
enfrentar mais um processo
contra seu poderio. Corre na
SDE (Secretaria de Direito
Econômico) uma reclamação
feita pelo Ministério Público
Federal alegando que os fabricantes não possibilitam a compra de computadores com softwares de outras empresas. Não
é o primeiro caso desde que a
Microsoft se instalou no Brasil,
há 22 anos. É possível que não
seja o último.
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