São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2007

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Microsoft planeja passar dos US$ 700 milhões no país

Empresa de Bill Gates define estratégia para ampliar presença no Brasil até 2010

Vendas no Nordeste e negócios voltados para empresas de pequeno e médio porte serão o motor do crescimento das vendas

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A Microsoft pisou no acelerador das vendas. Até 2010, a empresa de Bill Gates quer passar a marca dos US$ 700 milhões em faturamento no Brasil. Hoje as receitas são de cerca de US$ 530 milhões, metade do resultado da América Latina, segundo a Folha apurou.
Para atingir essa meta, já está em curso uma estratégia de expansão a que a reportagem teve acesso com exclusividade. Um novo escritório será aberto em Ribeirão Preto (SP) -agora são oito no total- e 24 funcionários foram contratados para atuar diretamente em 17 cidades, dez a mais que em 2006.
Esse time dará suporte às empresas-parceiras, que devem passar de 15 mil para 18 mil em três anos. Elas fazem as vendas de softwares e serviços em nome da Microsoft.
O Nordeste é um dos focos. O escritório de Recife mandará funcionários para atender Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Belém (PA). "Proporcionalmente, as vendas na região superam a média nacional", afirma Michel Levy, presidente da Microsoft no Brasil.
Isso não quer dizer que os grandes centros perdem força. No Sul, Florianópolis (SC) e Maringá (PR) também terão funcionários da Microsoft. No Centro-Oeste, Goiânia foi contemplada. No Sudeste, o escritório de Ribeirão Preto (SP) cuidará de Campinas, Jundiaí e São José do Rio Preto.

O fator web
O crescimento da internet levou a Microsoft a potencializar as metas de venda de softwares por um modelo conhecido como Saas (Software como Serviço). Pelo sistema tradicional, o cliente compra um software e paga uma licença fixa com direito a atualizações.
Pelo Saas, ele aluga o software e, em lugar de instalá-lo, passa a acessá-lo pela internet em um servidor de empresas-parceiras da Microsoft. Segundo Álvaro Celis, diretor para a América Latina, esse negócio tem grande potencial de receitas porque transfere à Microsoft a manutenção e o suporte de informática.
Outra novidade: clientes VIPs contarão com serviços extras de consultoria, um segmento cuja receita deverá saltar de US$ 23 milhões, em 2007, para US$ 50 milhões, em 2010 -um aumento de 117%.

Uso doméstico
Para aproveitar a explosão do comércio de computadores nas redes varejistas, onde 75% dos computadores chegam das fábricas com software da Microsoft pré-instalado, novas parcerias serão fechadas com cadeias do Sul e do Nordeste.
Apertar o cerco contra a pirataria também faz parte do plano. Estima-se que 3 milhões dos 10,1 milhões de computadores que serão vendidos em 2007 no país estarão com softwares piratas. Isoladamente, no ramo dos softwares a reação da Microsoft é mais lenta.
O lançamento do Windows Starter Edition, em 2005, foi uma tentativa. Versão resumida do Windows, ele sai por R$ 120, contra os cerca de R$ 600 do Windows completo. Segundo a Microsoft, 1,5 milhão de cópias do Starter foram vendidas, mas a iniciativa ainda está longe de acabar com a pirataria.

"Presença total"
Nas empresas, será a vez de atacar clientes de pequeno e médio porte, já que 97% das máquinas nas grandes corporações trabalham com a Microsoft. O problema é que boa parte das cerca de 5 milhões de empresas não dispõe de um caixa forte o bastante para bancar investimentos de uma só vez.
Várias soluções estão em análise, todas na linha do "parcelamento", como faz o varejo. "A plataforma de computadores e serviços pré-pagos será uma saída", afirma Levy.
No meio dessa estratégia de expansão, a Microsoft poderá enfrentar mais um processo contra seu poderio. Corre na SDE (Secretaria de Direito Econômico) uma reclamação feita pelo Ministério Público Federal alegando que os fabricantes não possibilitam a compra de computadores com softwares de outras empresas. Não é o primeiro caso desde que a Microsoft se instalou no Brasil, há 22 anos. É possível que não seja o último.


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