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Bovespa chega a cair 15% e pára 2 vezes
No fim do dia, Bolsa reage e encerra com baixa de 5,43%, aos 42.100 pontos, o menor nível desde março do ano passado
Pregão foi interrompido
pela 1ª vez antes mesmo dos 20 minutos de operação; ação da Petrobras chega a recuar 19% no pior momento
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar de elevada, a queda de
5,43% registrada na Bovespa
no fim do pregão de ontem não
ilustra o quanto o dia foi tenso.
A Bolsa enfrentou um dos piores pregões de sua história: chegou a cair mais de 15% e teve
suas operações interrompidas
por duas vezes. O dólar disparou 7,43%, para R$ 2,198.
Quando o mercado doméstico abriu, as Bolsas despencavam na Europa. No fim de semana, notícias de dificuldades
no setor financeiro europeu sinalizavam que o dia poderia ser
ruim no mercado ontem. Mas
dificilmente alguém imaginava
que seria tão negativo.
A Bolsa de Paris fechou com
desvalorização de 9,04%. Nos
EUA, epicentro da crise, o índice Dow Jones chegou a recuar
7,75%, mas encerrou com queda de 3,58%.
Na Bovespa, o que se viu foram investidores em correria
para se desfazer de ações o
quanto antes. Isso levou a Bolsa
a ser obrigada a acionar o "circuit breaker" menos de 20 minutos após a abertura, às 10h.
O "circuit breaker" é acionado quando a Bovespa atinge
queda de 10%, sendo o pregão
interrompido por 30 minutos.
A intenção é a de evitar que o
pânico continue derrubando as
ações. Só que a parada não melhorou o clima no mercado. Às
11h44, a Bovespa alcançou 15%
de queda, e o sistema foi novamente acionado -com o pregão sendo interrompido, dessa
vez, por uma hora. Se em algum
momento a queda chegasse a
20%, o pregão seria interrompido até as 16h30, meia hora
antes do final.
A Bolsa apenas passou a cair
menos de 10% na última hora
de pregão, em um momento em
que as perdas em Wall Street se
arrefeciam e o governo brasileiro anunciava medidas para atenuar os efeitos da crise.
Mesmo assim, o índice Ibovespa encerrou aos 42.100 pontos, em seu mais baixo nível
desde março de 2007. Na mínima do dia, bateu em 37.616
pontos (em queda de 15,5%).
"Temos visto dias de extremo nervosismo, e hoje [ontem]
foi um dos mais intensos. E nada impede que tenhamos períodos ainda muito voláteis até
o fim do ano. Quem quiser entrar na Bolsa vai ter de estar
preparado para fortes emoções", diz o economista Francisco Pessoa Faria, da LCA.
A Bovespa acumula agora
desvalorização de 34,10% no
ano. Desde 2002, período da
crise pré-eleitoral, o mercado
acionário brasileiro não acumulava queda anual.
A piora no exterior intensificou a saída de capital estrangeiro da Bovespa ontem. Desde junho, mais de R$ 20 bilhões já
deixaram a Bolsa. Em setembro, as vendas feitas com capital externo bateram as compras
em R$ 1,81 bilhão. Nos primeiros dois pregões de outubro,
outro R$ 1,16 bilhão dos estrangeiros deixou as ações locais.
"Nestes momentos mais turbulentos, os fundamentos da
economia e das companhias
são o que menos importa. A ordem é se desfazer do que for
possível para evitar perdas
maiores ou tapar rombos em
outros lugares", afirma Newton
Rosa, economista-chefe da Sul
América Investimentos.
Com a venda de papéis da dívida brasileira no exterior, o
risco-país registrou forte elevação. No fim do dia, marcava 409
pontos, com alta de 17%.
Petrobras e Vale
As duas ações mais tradicionais da Bolsa, as da Petrobras e
da Vale, viveram momentos de
intensa oscilação ontem. A recuperação de ambas ajudou a
Bovespa a melhorar seu desempenho no final do dia.
A ação preferencial da Petrobras encerrou com baixa de
3,22%, depois de marcar depreciação de 19,35% no pior momento do dia. Isso mostra que,
mesmo com a baixa da ação, foi
possível lucrar com o papel ontem. Nesses pregões de intensa
oscilação, os especuladores
conseguem encontrar oportunidades para ganhar. Quem
comprou Petrobras PN ontem
no momento em que ela bateu
em seu piso (R$ 25) e a vendeu
no fim do dia, quando estava a
R$ 30, conseguiu ganhar 20%
em poucas horas.
A ação PNA da Vale viveu um
dia parecido: caiu 18,9% na mínima e encerrou o dia com baixa menos intensa, de 6,8%.
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