São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Bovespa chega a cair 15% e pára 2 vezes

No fim do dia, Bolsa reage e encerra com baixa de 5,43%, aos 42.100 pontos, o menor nível desde março do ano passado

Pregão foi interrompido pela 1ª vez antes mesmo dos 20 minutos de operação; ação da Petrobras chega a recuar 19% no pior momento

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de elevada, a queda de 5,43% registrada na Bovespa no fim do pregão de ontem não ilustra o quanto o dia foi tenso. A Bolsa enfrentou um dos piores pregões de sua história: chegou a cair mais de 15% e teve suas operações interrompidas por duas vezes. O dólar disparou 7,43%, para R$ 2,198.
Quando o mercado doméstico abriu, as Bolsas despencavam na Europa. No fim de semana, notícias de dificuldades no setor financeiro europeu sinalizavam que o dia poderia ser ruim no mercado ontem. Mas dificilmente alguém imaginava que seria tão negativo.
A Bolsa de Paris fechou com desvalorização de 9,04%. Nos EUA, epicentro da crise, o índice Dow Jones chegou a recuar 7,75%, mas encerrou com queda de 3,58%.
Na Bovespa, o que se viu foram investidores em correria para se desfazer de ações o quanto antes. Isso levou a Bolsa a ser obrigada a acionar o "circuit breaker" menos de 20 minutos após a abertura, às 10h.
O "circuit breaker" é acionado quando a Bovespa atinge queda de 10%, sendo o pregão interrompido por 30 minutos. A intenção é a de evitar que o pânico continue derrubando as ações. Só que a parada não melhorou o clima no mercado. Às 11h44, a Bovespa alcançou 15% de queda, e o sistema foi novamente acionado -com o pregão sendo interrompido, dessa vez, por uma hora. Se em algum momento a queda chegasse a 20%, o pregão seria interrompido até as 16h30, meia hora antes do final.
A Bolsa apenas passou a cair menos de 10% na última hora de pregão, em um momento em que as perdas em Wall Street se arrefeciam e o governo brasileiro anunciava medidas para atenuar os efeitos da crise.
Mesmo assim, o índice Ibovespa encerrou aos 42.100 pontos, em seu mais baixo nível desde março de 2007. Na mínima do dia, bateu em 37.616 pontos (em queda de 15,5%).
"Temos visto dias de extremo nervosismo, e hoje [ontem] foi um dos mais intensos. E nada impede que tenhamos períodos ainda muito voláteis até o fim do ano. Quem quiser entrar na Bolsa vai ter de estar preparado para fortes emoções", diz o economista Francisco Pessoa Faria, da LCA.
A Bovespa acumula agora desvalorização de 34,10% no ano. Desde 2002, período da crise pré-eleitoral, o mercado acionário brasileiro não acumulava queda anual.
A piora no exterior intensificou a saída de capital estrangeiro da Bovespa ontem. Desde junho, mais de R$ 20 bilhões já deixaram a Bolsa. Em setembro, as vendas feitas com capital externo bateram as compras em R$ 1,81 bilhão. Nos primeiros dois pregões de outubro, outro R$ 1,16 bilhão dos estrangeiros deixou as ações locais.
"Nestes momentos mais turbulentos, os fundamentos da economia e das companhias são o que menos importa. A ordem é se desfazer do que for possível para evitar perdas maiores ou tapar rombos em outros lugares", afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Com a venda de papéis da dívida brasileira no exterior, o risco-país registrou forte elevação. No fim do dia, marcava 409 pontos, com alta de 17%.

Petrobras e Vale
As duas ações mais tradicionais da Bolsa, as da Petrobras e da Vale, viveram momentos de intensa oscilação ontem. A recuperação de ambas ajudou a Bovespa a melhorar seu desempenho no final do dia.
A ação preferencial da Petrobras encerrou com baixa de 3,22%, depois de marcar depreciação de 19,35% no pior momento do dia. Isso mostra que, mesmo com a baixa da ação, foi possível lucrar com o papel ontem. Nesses pregões de intensa oscilação, os especuladores conseguem encontrar oportunidades para ganhar. Quem comprou Petrobras PN ontem no momento em que ela bateu em seu piso (R$ 25) e a vendeu no fim do dia, quando estava a R$ 30, conseguiu ganhar 20% em poucas horas.
A ação PNA da Vale viveu um dia parecido: caiu 18,9% na mínima e encerrou o dia com baixa menos intensa, de 6,8%.


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