São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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Crise põe em risco a UE, prevêem analistas

DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Pânico, como é inevitável, leva a previsões sombrias. Exemplo: a incapacidade de a União Européia adotar uma estratégia conjunta para enfrentar a crise faz com que alguns analistas comecem a resmungar sobre o risco de implosão do bloco de 27 países.
Mesmo quem não chega a tanto adverte, no entanto, que a UE "está à beira do abismo", como o fez ontem, em editorial, a edição alemã do jornal britânico "Financial Times".
O texto diz que, "em vez de desenvolver uma solução comum, os líderes europeus adotaram na semana passada [alusão à minicúpula de sábado em Paris] o princípio de só intervir quando há perigo agudo. Cada país protegerá seus bancos com seus próprios recursos, como se a União Européia não tivesse mercados financeiros interligados".
É a partir dessa decisão que o jornal diz que os líderes europeus fracassaram em "compreender a escala do abismo que a UE enfrenta".
É cada vez mais consensual a tese de que ou há uma estratégia conjunta (de preferência envolvendo também os Estados Unidos e países emergentes como Rússia, China, Índia e Brasil) ou não haverá solução a curto ou médio prazo para o tumulto nos mercados.
Guillermo de la Dehesa, presidente do Centro para Pesquisa de Política Econômica, com sede em Londres, diz, por exemplo: "Quando uma crise se torna sistêmica, a política monetária e de liquidez dos bancos centrais é muito menos importante que a orçamentária. O Orçamento dos EUA é enorme. O da União Européia é pequeno para recapitalizar os bancos europeus e o orçamento dos países-membros está sujeito ao Pacto de Estabilidade, para evitar déficit e dívida excessivos".
Alude ao fato de que os países europeus não podem ter um déficit superior a 3% de seu Produto Interno Bruto (medida de sua economia). Logo, é impensável para os europeus despejar, por exemplo, US$ 700 bilhões no sistema financeiro, como o governo Bush se compromete a fazer.
De todo modo, o pânico incontrolável nos mercados pode fazer com que os líderes europeus mudem de idéia e passem a atuar em conjunto, tese que está sendo debatida desde ontem à noite em reunião dos ministros de Economia em Luxemburgo. (CR)



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