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Crise põe em risco a UE, prevêem analistas
DO ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Pânico, como é inevitável, leva a previsões sombrias. Exemplo: a incapacidade de a União
Européia adotar uma estratégia conjunta para enfrentar a
crise faz com que alguns analistas comecem a resmungar sobre o risco de implosão do bloco de 27 países.
Mesmo quem não chega a
tanto adverte, no entanto, que a
UE "está à beira do abismo", como o fez ontem, em editorial, a
edição alemã do jornal britânico "Financial Times".
O texto diz que, "em vez de
desenvolver uma solução comum, os líderes europeus adotaram na semana passada [alusão à minicúpula de sábado em
Paris] o princípio de só intervir
quando há perigo agudo. Cada
país protegerá seus bancos com
seus próprios recursos, como
se a União Européia não tivesse
mercados financeiros interligados".
É a partir dessa decisão que o
jornal diz que os líderes europeus fracassaram em "compreender a escala do abismo
que a UE enfrenta".
É cada vez mais consensual a
tese de que ou há uma estratégia conjunta (de preferência
envolvendo também os Estados Unidos e países emergentes como Rússia, China, Índia e
Brasil) ou não haverá solução a
curto ou médio prazo para o tumulto nos mercados.
Guillermo de la Dehesa, presidente do Centro para Pesquisa de Política Econômica, com
sede em Londres, diz, por
exemplo: "Quando uma crise se
torna sistêmica, a política monetária e de liquidez dos bancos
centrais é muito menos importante que a orçamentária. O Orçamento dos EUA é enorme. O
da União Européia é pequeno
para recapitalizar os bancos europeus e o orçamento dos países-membros está sujeito ao
Pacto de Estabilidade, para evitar déficit e dívida excessivos".
Alude ao fato de que os países
europeus não podem ter um
déficit superior a 3% de seu
Produto Interno Bruto (medida de sua economia). Logo, é
impensável para os europeus
despejar, por exemplo, US$
700 bilhões no sistema financeiro, como o governo Bush se
compromete a fazer.
De todo modo, o pânico incontrolável nos mercados pode
fazer com que os líderes europeus mudem de idéia e passem
a atuar em conjunto, tese que
está sendo debatida desde ontem à noite em reunião dos ministros de Economia em Luxemburgo.
(CR)
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