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BC dos EUA corta custo de empréstimo e diz que dobrará leilões de linhas de crédito
DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O Fed (banco central dos
EUA) anunciou ontem que duplicará para US$ 900 bilhões
seus leilões de linhas de crédito
de curto prazo para os bancos.
Ao mesmo tempo, o Fed passou a remunerar os depósitos
compulsórios dos bancos privados. Como resultado, o custo
final de seus empréstimos de
um dia para o sistema financeiro caiu abaixo da taxa básica de
juros no país, de 2% ao ano.
Nos empréstimos no "overnight" os bancos pagam agora
0,75 ponto percentual a menos,
ou 1,25% ao ano. É como se o
Fed tivesse feito um corte na
taxa básica só para os bancos.
As decisões foram tomadas
na seqüência da aprovação, na
sexta, do pacote de US$ 700 bilhões ao sistema financeiro. Ao
impor fortes perdas aos investidores, o mercado deixou claro
que não acredita na rápida implementação das medidas.
O Tesouro estabeleceu prazo
de 45 dias para pôr a medida
em funcionamento, tamanha a
complexidade das operações de
alavancagem montadas pelos
bancos e que geraram créditos
tóxicos. O próprio presidente
George W. Bush disse ontem
que "ainda vai levar um tempo"
para que os mercados financeiros retomem a confiança
O "travamento" do mercado
de crédito vem aprofundando
rapidamente as chances de
uma forte recessão nos EUA.
Até mesmo conglomerados
gigantes no país continuam
com dificuldades para levantar
dinheiro nos bancos para suas
operações do dia-a-dia.
Sem crédito, as empresas
também não têm como financiar o comércio. Este, por sua
vez, já está sendo afetado pela
queda do consumo. Ontem, o
custo do dinheiro cobrado nos
empréstimos bancários a empresas atingiu níveis recordes.
As próprias empresas não estão conseguindo se financiar
com papéis que normalmente
oferecem ao mercado. As que
conseguem são obrigadas a pagar remuneração quase três vezes maior que a de um ano.
O Estado de Massachusetts
anunciou plano de vender US$
750 milhões em títulos de curto
prazo para se financiar. A Califórnia, com rombo de US$ 7 bilhões, pede ajuda ao Tesouro.
O Fed informou que estava
consultando "participantes do
mercado sobre formas de prestar mais apoio às operações".
O anúncio foi feito após reunião entre o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson,
o presidente do Fed, Ben Bernanke, e o titular do Fed de Nova York, Timothy Geithner.
No fim de semana, o Tesouro
consultou corretoras para começar o trabalho de "limpeza"
no mercado, com a compra dos
ativos podres. Haverá, basicamente, dois grupos de corretoras: um para empréstimos imobiliários e outro para títulos
criados e vendidos no mercado
financeiro (e que têm financiamentos de casas como lastro).
O Tesouro nomeou ontem
Neel Kashkari para comandar o
Tarp (Programa de Reestruturação de Ativos Problemáticos,
na sigla em inglês), nome do
plano de US$ 700 bilhões.
Kashkari, 35, é engenheiro
aeroespacial e ex-funcionário
da Nasa. Além disso, já trabalhou no mesmo Goldman Sachs
que Paulson comandou. Seu
nome precisará ser aprovado
pelo Senado.
(FERNANDO CANZIAN)
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