São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008

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BC dos EUA corta custo de empréstimo e diz que dobrará leilões de linhas de crédito

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O Fed (banco central dos EUA) anunciou ontem que duplicará para US$ 900 bilhões seus leilões de linhas de crédito de curto prazo para os bancos.
Ao mesmo tempo, o Fed passou a remunerar os depósitos compulsórios dos bancos privados. Como resultado, o custo final de seus empréstimos de um dia para o sistema financeiro caiu abaixo da taxa básica de juros no país, de 2% ao ano.
Nos empréstimos no "overnight" os bancos pagam agora 0,75 ponto percentual a menos, ou 1,25% ao ano. É como se o Fed tivesse feito um corte na taxa básica só para os bancos.
As decisões foram tomadas na seqüência da aprovação, na sexta, do pacote de US$ 700 bilhões ao sistema financeiro. Ao impor fortes perdas aos investidores, o mercado deixou claro que não acredita na rápida implementação das medidas.
O Tesouro estabeleceu prazo de 45 dias para pôr a medida em funcionamento, tamanha a complexidade das operações de alavancagem montadas pelos bancos e que geraram créditos tóxicos. O próprio presidente George W. Bush disse ontem que "ainda vai levar um tempo" para que os mercados financeiros retomem a confiança
O "travamento" do mercado de crédito vem aprofundando rapidamente as chances de uma forte recessão nos EUA.
Até mesmo conglomerados gigantes no país continuam com dificuldades para levantar dinheiro nos bancos para suas operações do dia-a-dia.
Sem crédito, as empresas também não têm como financiar o comércio. Este, por sua vez, já está sendo afetado pela queda do consumo. Ontem, o custo do dinheiro cobrado nos empréstimos bancários a empresas atingiu níveis recordes.
As próprias empresas não estão conseguindo se financiar com papéis que normalmente oferecem ao mercado. As que conseguem são obrigadas a pagar remuneração quase três vezes maior que a de um ano.
O Estado de Massachusetts anunciou plano de vender US$ 750 milhões em títulos de curto prazo para se financiar. A Califórnia, com rombo de US$ 7 bilhões, pede ajuda ao Tesouro.
O Fed informou que estava consultando "participantes do mercado sobre formas de prestar mais apoio às operações".
O anúncio foi feito após reunião entre o secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, o presidente do Fed, Ben Bernanke, e o titular do Fed de Nova York, Timothy Geithner.
No fim de semana, o Tesouro consultou corretoras para começar o trabalho de "limpeza" no mercado, com a compra dos ativos podres. Haverá, basicamente, dois grupos de corretoras: um para empréstimos imobiliários e outro para títulos criados e vendidos no mercado financeiro (e que têm financiamentos de casas como lastro).
O Tesouro nomeou ontem Neel Kashkari para comandar o Tarp (Programa de Reestruturação de Ativos Problemáticos, na sigla em inglês), nome do plano de US$ 700 bilhões.
Kashkari, 35, é engenheiro aeroespacial e ex-funcionário da Nasa. Além disso, já trabalhou no mesmo Goldman Sachs que Paulson comandou. Seu nome precisará ser aprovado pelo Senado. (FERNANDO CANZIAN)



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