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Bolsa de NY recua ao menor nível em 4 anos
Com crescentes sinais de desaceleração, membro do Fed já vê EUA em recessão
Índice Dow Jones chegou a cair mais de 7,7%, mas se recuperou ao longo do dia e fechou com baixa de 3,58%; Nasdaq tem queda de 4,34%
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
"Venda ações - Compre sapatos." Com a sua nova promoção, a gigante rede norte-americana Steve Madden resumiu
ontem o clima de pânico, caos e
pessimismo que dominou o
mercado de ações dos EUA.
Fortemente afetada por uma
expectativa cada vez maior de
de recessão, a Bolsa de Valores
de Nova York mergulhou ontem em novos recordes de baixa. No final do dia, recuperou-se um pouco. Mas, mesmo assim, fechou o pregão com o índice Dow Jones em seu patamar mais baixo em quatro
anos, aos 9.955,50 pontos.
No início da tarde, o índice
chegou a cair quase 800 pontos,
nível menor do que o recorde
absoluto registrado até hoje na
segunda passada, quando a
queda alcançou 777 pontos.
Por volta das 14h de ontem,
para cada ação que estava em
alta na Bolsa nova-iorquina, 31
caíam. Os papéis mais castigados foram os dos bancos e os
das empresas mais fortemente
relacionadas ao consumo.
Tanto o Dow Jones quanto o
índice S&P 500, que acompanha um número maior de papéis, chegaram a cair mais de
7,7% ao longo do dia.
O S&P fechou em baixa de
3,85%, e o Dow Jones, de
3,58%. Já na Bolsa eletrônica
Nasdaq a queda foi de 4,34%.
Em 12 meses, o Dow Jones acumula queda de 25%; o S&P 500,
de 28% e a Nasdaq, de 29,8%.
Alcoa (commodities), Boeing
(aviação) e Disney (entretenimento) lideraram as perdas no
setor não-financeiro. Ao mesmo tempo, grande empresas,
como eBay e Kraft Foods,
anunciaram planos de demissão, ampliando o pessimismo.
Entre os bancos, um dos
maiores tombos foi o do Bank
of America, que anunciou corte
de dividendos a acionistas, planos de vender US$ 10 bilhões
em ações para levantar capital e
uma redução de 68% nos lucros
do terceiro trimestre em relação ao ano passado.
Além dos problemas internos provocados pela crise de
crédito e pela falta de liquidez
no mercado, Nova York abriu
em queda embalada pelas más
notícias do outro lado do Atlântico, com os problemas em
grandes bancos europeus.
Para pior o cenário, o presidente da divisão regional do
Fed (o BC dos EUA) em Richmond, Jeffrey Lacker, afirmou
que é "bastante provável" que a
economia americana já esteja
em recessão. E o Prêmio Nobel
de Economia Edmund Phelps
disse que o plano de US$ 700
bilhões de ajuda do governo aos
mercados pode ser insuficiente
para capitalizar os bancos.
Recessão
A maioria das consultorias
dos EUA espera números negativos para o desempenho do comércio no terceiro trimestre.
Se confirmado, será o primeiro
trimestre no vermelho desde
1990 -e que antecedeu a recessão no país em 1991.
Uma das indicações é que o
volume de espaços em lojas vazios em shoppings das 76 maiores cidades do país aumentou
6,6% entre julho e setembro e
está no maior nível desde 2001.
Grandes redes de varejo abriram a semana com liquidações
e "descontos sem precedentes"
superiores a 60% -caso da
AnnTaylor Stores. A GAP, uma
das maiores do país, cortou
preços de vários itens em 40%.
No geral, o comércio norte-americano projeta perdas já superiores a 5% em setembro sobre igual mês do ano passado.
As empresas aéreas também
já sentiram diminuição no volume de passageiros. Por conta
disso, a American Airlines cortou em 9,4% a oferta de assentos. No mês passado, 12% menos passageiros voaram, para
lazer ou negócios, pela empresa
dentro dos EUA.
Financiamento
Setembro também marcou o
primeiro mês em cinco anos
em que nenhuma fez lançamento inicial de ações (os chamados IPOs) na Bolsa de Valores. No mesmo mês de 2007,
quase US$ 1 bilhão foi levantado com essa operação.
As dificuldades entre as empresas para conseguir dinheiro
para as atividades do dia-a-dia
também aumentaram. Hoje,
empresas de primeira linha
têm de pagar juros quase cinco
pontos percentuais acima das
taxas dos títulos federais.
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