São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2008 |
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Reforço do BNDES é insuficiente, diz associação DA SUCURSAL DO RIO
O vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de
Castro, afirmou que o reforço
da linha de financiamento pré-embarque do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) em R$ 5
bilhões (cerca de US$ 2,5 bilhões) é favorável, mas não resolve o problema dos exportadores no curto prazo.
A linha do banco de fomento
financia a produção do bem que
será exportado. Neste ano, as linhas de financiamento pré e
pós-embarque já tiveram desembolsos de US$ 3,4 bilhões
de janeiro a agosto. O resultado
representa um crescimento de
31% em relação a igual período
do ano passado. Na prática, a
medida anunciada pelo governo representará um aumento
de 50% em relação à estimativa
de desembolsos para 2008 nessas linhas, de US$ 5 bilhões.
"Essa medida não é suficiente porque, na realidade, a falta
de liquidez hoje é muito grande. As operações do BNDES
nem sempre conseguem alcançar todas as empresas e a agilidade não é igual à do setor privado", disse Castro. O prazo de
pagamento é de 18 meses.
O ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, disse ontem que o banco passa agora a
ter a "obrigação" de financiar as
exportações brasileiras em vista da secura no crédito externo.
Segundo ele, metade dos US$
100 bilhões das vendas externas depende de financiamento.
"O BNDES e o governo vão
ter que ter crédito para que empresas brasileiras possam se capitalizar para exportar", disse
em evento promovido pela Câmara Brasil Israel de Comércio
e Indústria. Segundo ele, os recursos podem vir do Tesouro e
das reservas internacionais.
De acordo com o banco de fomento, operações de até R$ 10
milhões podem ser aprovadas
em uma semana. Acima desse
valor, elas precisam ser submetidas ao comitê de crédito. Uma
parcela expressiva do mercado
de exportação é regida por
adiantamentos sobre contratos
de câmbio, mecanismo em que
uma instituição financeira
adianta recursos ao exportador
antes da exportação e ele se
compromete a entregar a essa
instituição as divisas após o
embarque da mercadoria.
"O mercado externo está seco, a alternativa é o mercado interno, com taxas altíssimas,
pois na situação atual o céu é o
limite. Um adiantamento sobre
contrato de câmbio que se conseguia com taxa de 4% já chega
a 20%", disse Castro.
Para Lia Valls Pereira, da
FGV (Fundação Getulio Vargas), a linha do BNDES deve resolver principalmente o problema das grandes empresas.
"Tem uma parte da exportação
que não vai ao BNDES. A medida significa que o governo está
preocupado. Passado o susto,
essas linhas de crédito para exportação tendem a se restabelecer rapidamente, a não ser
que isso se torne uma crise de
grandes proporções", afirmou.
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