São Paulo, quarta-feira, 07 de outubro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Operação derruba dólar e impulsiona Bolsa

DA REPORTAGEM LOCAL

O sucesso da captação do Santander derruba a cotação do dólar, que bateu ontem no piso de R$ 1,752, menor patamar em um ano. Ela gera um clima perigoso de euforia, que abre oportunidade para empresas desengavetarem antigos projetos de ofertas de ações.
A expectativa do mercado é que as empresas captem pelo menos R$ 40 bilhões ainda neste ano com a venda de novas ações, sendo que a maioria dos recursos virá de investidores estrangeiros.
No momento, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) analisa cinco aberturas de capital -Cetip, Direcional Engenharia, Aliansce Shoppings, Brazilian Finance & Real State e JBS USA- e mais cinco ofertas de ações de empresas que já estão no mercado -Gol, Brookfield, CCR, Iguatemi Shopping e Marfrig.
Entre as ofertas, o destaque fica para as construtoras que buscam levantar dinheiro agora para fazer caixa para comprar terrenos e insumos. Elas querem se preparar para um possível boom de imóveis para baixa renda a partir de 2010 com o programa federal Minha Casa, Minha Vida.
No caso específico do Santander, a previsão é que pelo menos 50% dos R$ 14,1 bilhões sejam de investidores estrangeiros, que entrarão até o dia 13, data da liquidação da operação no Brasil. Segundo Sidnei Nehme, diretor da corretora NGO, a oferta do Santander sozinha deve trazer algo próximo de US$ 7 bilhões ao país nos próximos dias.
"A Bovespa convive com o clima otimista irradiado pela oferta do Santander e de outros em perspectiva, mas também reflete o retorno dos investidores estrangeiros focando obtenção de retorno, que atualmente está muito difícil de obter nos países desenvolvidos que estão praticando juros muito baixos e que acabam por estimular operações especulativas que buscam os países emergentes. A alta das commodities fortalece e estimula a alta [da Bolsa]", disse.
"Se a oferta do Santander não decepcionar [na estreia dos negócios] e os mercados internacionais permanecerem com viés positivo, o dólar pode se aproximar ainda mais do patamar de R$ 1,75 e até romper esse nível de preço. Se a participação de estrangeiros no lançamento do Santander for muito maior do que a prevista, a cotação pode até caminhar em direção ao patamar de R$ 1,70 nos próximos dias", disse Miriam Tavares, diretora da corretora de câmbio AGK.

Novos bancos
Para João Augusto Salles, analista de bancos da consultoria Lopes Filho, o sucesso da operação do Santander abre oportunidade para a abertura de capital de bancos, como o mineiro BMG, um dos líderes em empréstimos consignados, e o Banestes, o banco do Estado do Espírito Santo, que perdeu negociação para a venda ao Banco do Brasil.
Salles afirma que o próprio BTG Pactual, banco de investimento presente na maioria das ofertas de ações, poderia levantar dinheiro na Bolsa. "Tudo virá com o sucesso da operação do Santander", disse.


Texto Anterior: Stiglitz vê "euforia irracional"
Próximo Texto: Mercado: Marfrig pede aval de CVM para ofertas de ações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.