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Juíza aceita plano de recuperação da VarigLog
Decisão judicial contraria resultado de assembleia dos credores em que minoria que detém maior parte das dívidas recusou a proposta
Sentença diz que empresa é viável e considera que a manutenção dos empregos e o estímulo à atividade econômica são prioritários
FELIPE CARUSO
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Mesmo sem a aprovação de
parte dos credores, o plano de
recuperação judicial da Varig-
Log foi aceito pela Justiça.
A decisão da juíza da 1ª Vara
de Falências e Recuperações
Judiciais de São Paulo, Renata
Mota Maciel, desconsiderou o
resultado da última assembleia
de credores, no último dia 23,
em que a minoria que detém a
maioria do crédito -cerca de
R$ 184 milhões, ou 62% da dívida- rejeitou o plano.
Os trabalhadores, que têm
R$ 3,8 milhões a receber da empresa, aprovaram por unanimidade a proposta.
Em sua decisão, a juíza diz
que vê "com ressalva o resultado da votação, que não reflete o
real interesse dos credores e da
manutenção [da empresa]".
Na sentença, Maciel destaca
que, entre os 27 credores que
rejeitaram o plano, de 129 que
estavam presentes na assembleia, alguns detêm interesses
concorrenciais diversos daqueles relacionados à recuperação
de seus créditos.
Como exemplo, ela cita o caso da Atlantic Aviation Investment LLC, maior credora (cerca de R$ 28 milhões) e que representa interesses da Lan Chile, concorrente da VarigLog.
A sentença considera que o
artigo 47 da Lei de Falências
defende a manutenção do emprego dos trabalhadores, a preservação da sua função social e
o estímulo à economia.
Ainda de acordo com a sentença, a continuidade das operações, apesar das dificuldades,
demonstra a capacidade de recuperação da empresa.
Procurada, a VarigLog afirmou que vai convocar para
amanhã entrevista coletiva
com a presidente da empresa,
Lup Wai Ohira, e o presidente
da Oceain Air, German Efromovich, que pretende adquirir
o controle da VarigLog.
Funcionários
A presidente do Sindicato
Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio, disse que a decisão da juíza é uma boa notícia
para os trabalhadores.
"O importante é que possamos manter a companhia em
operação e preservar os empregos", afirmou.
A VarigLog emprega hoje
aproximadamente 720 pessoas. Antes de ser adquirida pelo fundo americano Matlin Patterson, em 2006, a empresa tinha cerca de 2.500 funcionários, segundo Baggio. "Só em
março, a empresa demitiu 700
aeroviários."
O advogado Marcello Panel-
la, que defende os sócios brasileiros da VarigLog Marco Antonio Audi e Marcos Haftel, afastados do controle da VarigLog
por decisão judicial, disse que o
plano de recuperação está longe do ideal, do ponto de vista do
interesse dos credores, mas ao
menos dará condições para a
companhia se manter solvente.
A decisão ainda não foi publicada no "Diário Oficial", mas a
sentença já está registrada em
cartório. O prazo para recorrer
da decisão começa a correr
após a publicação.
"Espero que não haja recurso, mas não posso apostar. Seria no mínimo absurdo, porque
a sentença está muito bem fundamentada. Se entrarem com
recurso, vai ser uma questão de
interesses divergentes que se
tem com a companhia", afirmou Laura Bumachar, advogada da VarigLog.
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