São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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Em outubro, US$ 1,7 bi sai do país

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As remessas de dólares para o exterior feitas por meio das CC-5 (contas de não-residentes) chegaram a US$ 1,725 bilhão em outubro, com crescimento de 24% em relação ao resultado de setembro. No mês das eleições, a fuga de recursos atingiu o nível mais elevado do ano.
Entre janeiro e outubro, US$ 8,575 bilhões deixaram o país por meio das CC-5. O número é quase o dobro (exatamente 99,4% maior) do que os US$ 4,301 bilhões enviados para o exterior no mesmo período de 2001.
As contas CC-5 foram criadas em 1964 para permitir que estrangeiros com negócios no Brasil enviassem dinheiro para o exterior. Hoje, esse nome é utilizado para designar operações de envio de recursos para fora do país feitas tanto por estrangeiros como por brasileiros.
As transações feitas pelo instrumento que hoje é chamado de CC-5 são aquelas em que uma pessoa ou uma empresa envia dinheiro para fora do país sem ter de explicar ao Banco Central o motivo da remessa.
Em geral, o BC só permite a saída de dólares do país no caso de a pessoa ou a empresa precisar honrar algum tipo de compromisso externo, como pagamento por importações, despesas com juros, envio de lucros para a matriz instalada em outro país e gastos com viagens internacionais, entre outros. A única maneira de enviar recursos para o exterior de maneira "espontânea" é por meio das contas CC-5.

BC não vê fuga
O BC diz que o aumento da saída de dólares por meio das CC-5 não quer dizer que esteja havendo uma fuga de capitais do país. Segundo a instituição, o que acontece é que muitas empresas, para escapar da burocracia, usam essas contas para honrar compromissos externos.
Olhando-se para o movimento das CC-5 nos últimos meses, porém, nota-se um aumento nas remessas para o exterior em momentos de maior nervosismo do mercado.
Em dezembro de 2001 as remessas de dólares triplicaram em relação aos números de novembro daquele ano e chegaram a US$ 1,357 bilhão. Foi em dezembro que a crise argentina chegou ao seu auge, quando, pressionado por manifestações da população, o governo vizinho foi obrigado a decretar estado de sítio no país.
Em setembro do ano passado, quando os atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos trouxeram pânico aos mercados financeiros do planeta, as remessas pelas CC-5 também triplicaram em relação ao valor registrado no mês anterior, chegando a US$ 893 milhões.


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