São Paulo, quinta-feira, 07 de novembro de 2002

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ÁGUIA EM TRANSE

Taxas de empréstimo de bancos devem ser as menores desde 59

BC dos EUA surpreende e derruba juros para 1,25%

DA REDAÇÃO

O Federal Reserve (banco central dos EUA) surpreendeu o mercado ontem e reduziu os juros de maneira mais agressiva do que se esperava. A principal taxa da instituição caiu para 1,25% ao ano, a menor em mais de 40 anos, numa redução de 0,5 ponto percentual. Os analistas apostavam numa queda mais modesta, de 0,25 ponto percentual.
Em 1961, a taxa chegou a ficar abaixo de 1,25% por um breve período. Mas, de maneira mais prolongada, os juros não eram tão baixos desde 1958.
Com a redução, os juros reais (descontada a inflação) ficaram "negativos". O índice anualizado de reajuste de preços utilizado como referência pelo Federal Reserve está em 1,8%.
Dada a deterioração dos indicadores nos últimos três meses, economistas já consideravam que um corte seria inevitável. A menos utilizada taxa de redesconto também foi cortada em 0,5 ponto percentual, para 0,75% ao ano.
Seguindo a redução do Fed, os bancos também devem reduzir suas taxas de empréstimos em 0,5 ponto percentual. Assim, os juros cobrados cairão a 4,25% ao ano -os menores desde 1959.
Em um comunicado divulgado logo após a reunião de seu conselho, o Fed afirma que as condições macroeconômicas para o crescimento continuam favoráveis, mas a ameaça de uma guerra contra o Iraque estaria inibindo a atividade econômica.
"Mais incertezas, em parte atribuídas a elevados riscos geopolíticos, estão inibindo os investimentos, a produção e a criação de empregos", diz o texto. E destaca: "A inflação e as expectativas inflacionárias permanecem controladas".
O Fed diz ainda que, ante as metas de crescimento econômico e controle inflacionário, a política monetária fica agora "neutra". Ou seja, não há viés de baixa, o que o mercado interpretou como um sinal de que Alan Greenspan, o presidente da instituição, pode ter atingido um limite e não haverá novos cortes tão cedo.

Surpresa
"Uau, estou muito, muito surpresa", disse Sharon Stark, estrategista da consultoria Leg Mason. "Penso que decidiram dar o estímulo de uma vez."
É a primeira vez em que o Fed mexe nos juros neste ano. Em 2001, para combater os efeitos da recessão econômica e dos atentados de 11 de setembro, a instituição fez 11 cortes, o último deles em dezembro.
A decisão foi unânime. Todos os 12 conselheiros do Fomc (Federal Open Market Committee, o conselho de política monetária do Fed) votaram a favor do corte.
A redução deve estimular ainda mais o setor imobiliário, que já é o mais ativo. O investimento em ações também se torna mais atraente. Mas, para alguns analistas, o maior efeito será psicológico, porque os juros já estavam num patamar muito reduzido.
"Como há excesso de liquidez na economia e os juros já eram os menores em 41 anos, o corte agirá sobretudo no canal psicológico", disse a economista-chefe do banco Wells Fargo, Sung Won Sohn.
Os últimos indicadores demostram que a economia, depois de uma retomada no primeiro semestre, enfrenta uma nova desaceleração. A atividade industrial encolheu nos dois meses passados, o setor de serviços perdeu fôlego e o desemprego cresceu.
Os mercados reagiram bem ao corte. Assim que a redução foi anunciada, as Bolsas ampliaram os ganhos. O índice Dow Jones fechou com alta de 1,07%, e a Nasdaq ganhou 1,27%.


Com agências internacionais

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