São Paulo, segunda-feira, 07 de novembro de 2005

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FINANÇAS

Daniel e Marcelo Mendonça de Barros e Rodrigo Bresser-Pereira fazem sucesso, mas dizem que nome ilustre pode atrapalhar

Filhos de ex-ministros vão bem no mercado

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Três jovens executivos que carregam sobrenomes de alta plumagem do tucanato estão fazendo sucesso no mercado financeiro. Os irmãos Daniel e Marcelo Mendonça de Barros, filhos do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, comandam há oito anos a Link Corretora, que está entrando na área de fusões de empresas.
Líder no mercado da BM&F (Bolsa de Mercadoria & Futuros) nos últimos três anos, a Link opera R$ 10 bilhões diariamente em contratos no mercado de derivativos. Pouco mais de três meses após estrear como corretora plena na Bovespa, já está entre as cinco primeiras corretoras independentes em volume negociado. Gira uma média diária de R$ 80 milhões e cerca de R$ 1,7 bilhão ao mês no pregão da Bovespa.
Outro filho de ex-ministro tucano, Rodrigo Bresser-Pereira, tem visto sua empresa de administração de recursos, a Bresser Asset Management, criada em 2001, crescer 35% ao ano. A asset administra hoje um patrimônio superior a R$ 130 milhões distribuídos em fundos e carteiras de renda fixa e de renda variável.
Rodrigo é filho do economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, que comandou a Fazenda no governo Sarney e o Ministério da Administração e Reforma do Estado no primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso.
Mas tanto os "Mendoncinhas", como são conhecidos, como Bresser juram que ter um pai ex-ministro nem sempre ajuda. "O sobrenome importa quando se vai começar do zero, como nós. O Luiz Carlos tinha uma tradição no mercado financeiro, pois havia criado os bancos Patente, Planibanc e Matrix", diz Marcelo Mendonça de Barros, referindo-se ao pai. Em alguns momentos, entretanto, as origens até atrapalham.
Em 1999, a Link Corretora foi atingida por acusações de "inside information". O volume de negócios despencou, e alguns funcionários pediram demissão temendo a repercussão negativa das acusações, de que a corretora teria se beneficiado de informações privilegiadas de dentro do governo para fazer operações bem-sucedidas no mercado futuro de câmbio quando houve a desvalorização cambial. "Na época da mudança da política cambial, o Luiz Carlos nem estava mais no governo", diz Marcelo.
Criada em 1998, a Link já havia chamado a atenção do mercado nos seus primeiros meses de vida ao se tornar uma das líderes em volume de negócios na BM&F.
Seu vertiginoso crescimento naquela época ainda hoje é atribuído a uma suposta ligação com dois dos maiores fundos de pensão do país, que seriam seus clientes, segundo operadores ouvidos pela Folha. "Não operamos para fundos de pensão, só para bancos e fundos de investimentos de grandes bancos" diz Daniel Mendonça de Barros.
Rodrigo Bresser diz que ter uma origem ilustre pode ser um peso. "Ser filho de uma pessoa de projeção atrapalha a cabeça", diz.
Ele conta que sempre buscou tocar a própria vida sem se deixar influenciar pelo pai, economista conceituado no meio acadêmico. Tanto que, na hora de optar por uma carreira, tentou escapar da formação econômica e foi cursar jornalismo. Logo se decepcionou com o curso e pensou em mudar de área.
Reação de Bresser pai: "Não pare. Depois você faz uma pós [graduação] e muda de área". Dito e feito: Rodrigo enveredou pela área financeira na época em que o pai ainda era ministro da Fazenda -e foi trabalhar no Banco Itamaraty, em 1987.

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