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FINANÇAS
Daniel e Marcelo Mendonça de Barros e Rodrigo Bresser-Pereira fazem sucesso, mas dizem que nome ilustre pode atrapalhar
Filhos de ex-ministros vão bem no mercado
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Três jovens executivos que carregam sobrenomes de alta plumagem do tucanato estão fazendo
sucesso no mercado financeiro.
Os irmãos Daniel e Marcelo Mendonça de Barros, filhos do ex-ministro das Comunicações Luiz
Carlos Mendonça de Barros, comandam há oito anos a Link Corretora, que está entrando na área
de fusões de empresas.
Líder no mercado da BM&F
(Bolsa de Mercadoria & Futuros)
nos últimos três anos, a Link opera R$ 10 bilhões diariamente em
contratos no mercado de derivativos. Pouco mais de três meses
após estrear como corretora plena na Bovespa, já está entre as cinco primeiras corretoras independentes em volume negociado. Gira uma média diária de R$ 80 milhões e cerca de R$ 1,7 bilhão ao
mês no pregão da Bovespa.
Outro filho de ex-ministro tucano, Rodrigo Bresser-Pereira, tem
visto sua empresa de administração de recursos, a Bresser Asset
Management, criada em 2001,
crescer 35% ao ano. A asset administra hoje um patrimônio superior a R$ 130 milhões distribuídos
em fundos e carteiras de renda fixa e de renda variável.
Rodrigo é filho do economista
Luiz Carlos Bresser-Pereira, que
comandou a Fazenda no governo
Sarney e o Ministério da Administração e Reforma do Estado no
primeiro mandato de Fernando
Henrique Cardoso.
Mas tanto os "Mendoncinhas",
como são conhecidos, como Bresser juram que ter um pai ex-ministro nem sempre ajuda. "O sobrenome importa quando se vai
começar do zero, como nós. O
Luiz Carlos tinha uma tradição no
mercado financeiro, pois havia
criado os bancos Patente, Planibanc e Matrix", diz Marcelo Mendonça de Barros, referindo-se ao
pai. Em alguns momentos, entretanto, as origens até atrapalham.
Em 1999, a Link Corretora foi
atingida por acusações de "inside
information". O volume de negócios despencou, e alguns funcionários pediram demissão temendo a repercussão negativa das
acusações, de que a corretora teria
se beneficiado de informações
privilegiadas de dentro do governo para fazer operações bem-sucedidas no mercado futuro de
câmbio quando houve a desvalorização cambial. "Na época da
mudança da política cambial, o
Luiz Carlos nem estava mais no
governo", diz Marcelo.
Criada em 1998, a Link já havia
chamado a atenção do mercado
nos seus primeiros meses de vida
ao se tornar uma das líderes em
volume de negócios na BM&F.
Seu vertiginoso crescimento naquela época ainda hoje é atribuído a uma suposta ligação com
dois dos maiores fundos de pensão do país, que seriam seus clientes, segundo operadores ouvidos
pela Folha. "Não operamos para
fundos de pensão, só para bancos
e fundos de investimentos de
grandes bancos" diz Daniel Mendonça de Barros.
Rodrigo Bresser diz que ter uma
origem ilustre pode ser um peso.
"Ser filho de uma pessoa de projeção atrapalha a cabeça", diz.
Ele conta que sempre buscou
tocar a própria vida sem se deixar
influenciar pelo pai, economista
conceituado no meio acadêmico.
Tanto que, na hora de optar por
uma carreira, tentou escapar da
formação econômica e foi cursar
jornalismo. Logo se decepcionou
com o curso e pensou em mudar
de área.
Reação de Bresser pai: "Não pare. Depois você faz uma pós [graduação] e muda de área". Dito e
feito: Rodrigo enveredou pela
área financeira na época em que o
pai ainda era ministro da Fazenda
-e foi trabalhar no Banco Itamaraty, em 1987.
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