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PF prende executivos de 3 bancos suíços
Gerentes de instituições estrangeiras e doleiros enviavam remessas ilegais para empresários brasileiros, diz polícia
Policiais prendem ainda 6 supostos doleiros e 11 empresários que teriam feito remessas; R$ 6 milhões são apreendidos
Germano Oliveira/Agência O Globo
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Dólares e reais apreendidos pela Polícia Federal em São Paulo na Operação Kaspar 2, contra remessa ilegal de dinheiro ao exterior
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem três executivos de três
dos mais famosos bancos suíços sob acusação de terem feito
remessas ilegais de dólares a
partir do Brasil. A sonegação de
impostos nas remessas pode
ultrapassar R$ 1 bilhão, segundo avaliação dos policiais.
A Operação Kaspar 2 -o nome faz referência à guarda suíça que cuida da segurança do
papa- também prendeu seis
acusados de operarem como
doleiros e 11 empresários que
teriam ordenado as remessas
supostamente ilegais. Ao todo,
foram presas 20 pessoas -duas
são consideradas foragidas.
A PF apreendeu entre US$
600 mil e US$ 700 mil (o valor
exato não tinha sido apurado
até o fechamento desta edição)
e R$ 6 milhões. Também foram
bloqueados cerca de R$ 2 milhões em contas de executivos e
supostos doleiros. A operação
atingiu São Paulo, Rio, Bahia e
Amazonas.
Os executivos de bancos suíços presos são o suíço Luc Marc
de Pensas, do UBS, Magda Maria Malvão Portugal, do AIG
Private Bank, e Reto Buzzi do
Clariden. O executivo suíço
Marc Henry Dizerens, também
do UBS, está foragido na Suíça,
de acordo com a PF.
Os três bancos desenvolvem
atividades de "private banking", dirigida para clientes de
altíssimo poder aquisitivo. O
UBS é o maior gestor de fortunas do mundo, segundo a própria instituição. Administra
US$ 2 trilhões, o equivalente a
toda a riqueza produzida no
Brasil em dois anos. O Clariden
opera na Suíça há 519 anos.
As prisões e as apreensões foram decretadas pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara
Federal. Segundo nota da assessoria da Justiça Federal, os
executivos foram presos para
evitar a troca de informações e
a destruição de provas.
O esquema das remessas seria comandado por Claudine
Spiero, presa ontem na região
dos Jardins, uma das áreas
mais nobres de São Paulo. A Polícia Federal considera que o filho de Claudine, Daniel Spiero,
está foragido nos EUA.
Os outros presos, acusados
de serem doleiros, são Walter
Rodrigues Martinez, Milton
José Pereira Jr., Iria de Oliveira
Cassu e Antonio Raimundo
Duran. Um doleiro, cujo nome
não foi divulgado, foi preso em
flagrante no Rio.
Pereira Júnior é marido de
uma das diretoras da Amazon
PC, um dos maiores fabricantes
de computadores pessoais do
país. Um escritório da empresa
foi alvo de uma operação de
busca e apreensão.
Outras nove empresas são
acusadas pela PF de usar o esquema de remessas ilegais operado pelos bancos suíços. São as
seguintes: Ornare (móveis), Le
Postiche, Chaves Gold, Feller
Engenharia, Participe Empreendimentos Imobiliários,
Zampese Máquinas, Aquarius
Consultoria Financeira, Egger
& Egger Consultoria Empresarial, São Paulo Express e Indústrias e Confecções Leal.
Alguns dos presos são diretores ou donos das empresas investigadas, mas a PF não divulgou nomes. A Folha apurou que um dos empresários presos é Jacques Feller, dono da
Feller Engenharia.
As prisões feitas ontem são
um desdobramento da investigação em torno de remessas
supostamente ilegais feitas pelo Credit Suisse. Em março de
2006, executivos do banco suíço foram presos e tiveram os
passaportes retidos pela PF.
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