São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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PF prende executivos de 3 bancos suíços

Gerentes de instituições estrangeiras e doleiros enviavam remessas ilegais para empresários brasileiros, diz polícia

Policiais prendem ainda 6 supostos doleiros e 11 empresários que teriam feito remessas; R$ 6 milhões são apreendidos

Germano Oliveira/Agência O Globo
Dólares e reais apreendidos pela Polícia Federal em São Paulo na Operação Kaspar 2, contra remessa ilegal de dinheiro ao exterior

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem três executivos de três dos mais famosos bancos suíços sob acusação de terem feito remessas ilegais de dólares a partir do Brasil. A sonegação de impostos nas remessas pode ultrapassar R$ 1 bilhão, segundo avaliação dos policiais.
A Operação Kaspar 2 -o nome faz referência à guarda suíça que cuida da segurança do papa- também prendeu seis acusados de operarem como doleiros e 11 empresários que teriam ordenado as remessas supostamente ilegais. Ao todo, foram presas 20 pessoas -duas são consideradas foragidas.
A PF apreendeu entre US$ 600 mil e US$ 700 mil (o valor exato não tinha sido apurado até o fechamento desta edição) e R$ 6 milhões. Também foram bloqueados cerca de R$ 2 milhões em contas de executivos e supostos doleiros. A operação atingiu São Paulo, Rio, Bahia e Amazonas.
Os executivos de bancos suíços presos são o suíço Luc Marc de Pensas, do UBS, Magda Maria Malvão Portugal, do AIG Private Bank, e Reto Buzzi do Clariden. O executivo suíço Marc Henry Dizerens, também do UBS, está foragido na Suíça, de acordo com a PF.
Os três bancos desenvolvem atividades de "private banking", dirigida para clientes de altíssimo poder aquisitivo. O UBS é o maior gestor de fortunas do mundo, segundo a própria instituição. Administra US$ 2 trilhões, o equivalente a toda a riqueza produzida no Brasil em dois anos. O Clariden opera na Suíça há 519 anos.
As prisões e as apreensões foram decretadas pelo juiz Fausto Martin de Sanctis, da 6ª Vara Federal. Segundo nota da assessoria da Justiça Federal, os executivos foram presos para evitar a troca de informações e a destruição de provas.
O esquema das remessas seria comandado por Claudine Spiero, presa ontem na região dos Jardins, uma das áreas mais nobres de São Paulo. A Polícia Federal considera que o filho de Claudine, Daniel Spiero, está foragido nos EUA.
Os outros presos, acusados de serem doleiros, são Walter Rodrigues Martinez, Milton José Pereira Jr., Iria de Oliveira Cassu e Antonio Raimundo Duran. Um doleiro, cujo nome não foi divulgado, foi preso em flagrante no Rio.
Pereira Júnior é marido de uma das diretoras da Amazon PC, um dos maiores fabricantes de computadores pessoais do país. Um escritório da empresa foi alvo de uma operação de busca e apreensão.
Outras nove empresas são acusadas pela PF de usar o esquema de remessas ilegais operado pelos bancos suíços. São as seguintes: Ornare (móveis), Le Postiche, Chaves Gold, Feller Engenharia, Participe Empreendimentos Imobiliários, Zampese Máquinas, Aquarius Consultoria Financeira, Egger & Egger Consultoria Empresarial, São Paulo Express e Indústrias e Confecções Leal.
Alguns dos presos são diretores ou donos das empresas investigadas, mas a PF não divulgou nomes. A Folha apurou que um dos empresários presos é Jacques Feller, dono da Feller Engenharia.
As prisões feitas ontem são um desdobramento da investigação em torno de remessas supostamente ilegais feitas pelo Credit Suisse. Em março de 2006, executivos do banco suíço foram presos e tiveram os passaportes retidos pela PF.


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