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Produção industrial registra "acomodação" em setembro
Recuo de 0,5% ante agosto não muda tendência de expansão, dizem analistas
Segundo o IBGE, retração ocorreu principalmente porque setembro teve apenas 19 dias úteis,
contra 23 em agosto
DA SUCURSAL DO RIO
A produção industrial registrou queda de 0,5% em setembro na comparação com agosto.
Na avaliação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado representa acomodação após a expansão
de 1,3% em agosto. De acordo
com analistas ouvidos pela Folha, o recuo na produção não
afeta as perspectivas de crescimento da indústria para 2007.
Segundo Isabella Nunes, economista do IBGE, um dos fatores responsáveis pelo recuo da
produção foi o menor número
de dias úteis. Em setembro, foram 19 dias úteis, contra 23 em
agosto. Na comparação com setembro de 2006, a indústria registrou alta de 5,6%.
A queda de 3,1% na produção
de veículos automotores em setembro na comparação com
agosto exerceu o maior impacto negativo. Nos quatro meses
anteriores, essa atividade havia
acumulado alta de 12,7%.
Outros elementos também
contribuíram para o recuo, como a parada técnica de uma
grande empresa do setor de celulose (Aracruz) e a queda de
3% na produção de outros produtos químicos.
Mesmo com o ritmo mais
lento da produção industrial, os
bens de capital (máquinas e
equipamentos) registraram alta de 1,4%. Segundo Nunes, informática e equipamentos ligados à telefonia celular são alguns dos principais destaques
nesse segmento. No ano, a produção de máquinas e equipamentos lidera a expansão industrial, com alta de 18%.
Tendência mantida
Na comparação do terceiro
trimestre com igual período de
2006, alguns bens de capital ganharam fôlego, como os destinados à agricultura (71,7%),
transporte (26,8%), energia
(30,5%) e construção (26,7%).
No caso das máquinas para a
agricultura, o IBGE faz a ressalva de que o setor teve resultado
fraco no ano passado e a expansão se dá sobre uma base de
comparação baixa.
Em compensação, os segmentos de bens intermediários
(insumos industriais) tiveram
queda de 1%. Os bens de consumo duráveis recuaram 0,2% e
os não-duráveis, 0,6%.
Para Rodrigo Eboli, economista do BNY Mellon Asset
Management Brasil, o resultado de setembro não muda a
tendência para a indústria nos
próximos meses.
"Foi uma acomodação, ainda
mais se considerarmos os fortes dados da capacidade instalada e do faturamento industrial divulgados pela CNI."
No mês passado, o nível de
utilização da capacidade instalada chegou a 82,7%, o maior da
série da CNI, iniciada em 2003.
Eboli estima crescimento pouco superior a 5% neste ano. O
último "Relatório de Mercado",
do Banco Central, aponta alta
de 5,2%. De janeiro a setembro,
a indústria cresceu 5,4%.
Na avaliação de Sérgio Vale,
da MB Associados, o setor industrial deve encerrar o ano
com expansão de 5,6%.
"Isso mostra que a indústria
já percebe que terá um Natal
muito bom, com destaque para
eletroeletrônicos e refrigeradores. O que está sustentando essa expansão é o mercado interno, com os crescimentos da
renda e do crédito", disse Vale.
(JANAINA LAGE)
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