São Paulo, quarta-feira, 07 de novembro de 2007

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Produção industrial registra "acomodação" em setembro

Recuo de 0,5% ante agosto não muda tendência de expansão, dizem analistas

Segundo o IBGE, retração ocorreu principalmente porque setembro teve apenas 19 dias úteis, contra 23 em agosto

DA SUCURSAL DO RIO

A produção industrial registrou queda de 0,5% em setembro na comparação com agosto. Na avaliação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o resultado representa acomodação após a expansão de 1,3% em agosto. De acordo com analistas ouvidos pela Folha, o recuo na produção não afeta as perspectivas de crescimento da indústria para 2007.
Segundo Isabella Nunes, economista do IBGE, um dos fatores responsáveis pelo recuo da produção foi o menor número de dias úteis. Em setembro, foram 19 dias úteis, contra 23 em agosto. Na comparação com setembro de 2006, a indústria registrou alta de 5,6%.
A queda de 3,1% na produção de veículos automotores em setembro na comparação com agosto exerceu o maior impacto negativo. Nos quatro meses anteriores, essa atividade havia acumulado alta de 12,7%.
Outros elementos também contribuíram para o recuo, como a parada técnica de uma grande empresa do setor de celulose (Aracruz) e a queda de 3% na produção de outros produtos químicos.
Mesmo com o ritmo mais lento da produção industrial, os bens de capital (máquinas e equipamentos) registraram alta de 1,4%. Segundo Nunes, informática e equipamentos ligados à telefonia celular são alguns dos principais destaques nesse segmento. No ano, a produção de máquinas e equipamentos lidera a expansão industrial, com alta de 18%.

Tendência mantida
Na comparação do terceiro trimestre com igual período de 2006, alguns bens de capital ganharam fôlego, como os destinados à agricultura (71,7%), transporte (26,8%), energia (30,5%) e construção (26,7%).
No caso das máquinas para a agricultura, o IBGE faz a ressalva de que o setor teve resultado fraco no ano passado e a expansão se dá sobre uma base de comparação baixa.
Em compensação, os segmentos de bens intermediários (insumos industriais) tiveram queda de 1%. Os bens de consumo duráveis recuaram 0,2% e os não-duráveis, 0,6%.
Para Rodrigo Eboli, economista do BNY Mellon Asset Management Brasil, o resultado de setembro não muda a tendência para a indústria nos próximos meses.
"Foi uma acomodação, ainda mais se considerarmos os fortes dados da capacidade instalada e do faturamento industrial divulgados pela CNI."
No mês passado, o nível de utilização da capacidade instalada chegou a 82,7%, o maior da série da CNI, iniciada em 2003. Eboli estima crescimento pouco superior a 5% neste ano. O último "Relatório de Mercado", do Banco Central, aponta alta de 5,2%. De janeiro a setembro, a indústria cresceu 5,4%.
Na avaliação de Sérgio Vale, da MB Associados, o setor industrial deve encerrar o ano com expansão de 5,6%.
"Isso mostra que a indústria já percebe que terá um Natal muito bom, com destaque para eletroeletrônicos e refrigeradores. O que está sustentando essa expansão é o mercado interno, com os crescimentos da renda e do crédito", disse Vale.
(JANAINA LAGE)


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