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Crise não impôs volta à Bolívia, diz Petrobras
Presidente da estatal afirma, em La Paz, que país vizinho já tem "marco legal" para receber mais investimentos no setor de gás
Aumento da produção não irá "necessariamente" para o Brasil, avalia José Sergio Gabrielli, após encontro com ministro boliviano
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LA PAZ
O presidente da Petrobras,
José Sergio Gabrielli, disse ontem que a Bolívia já tem um
"marco legal" que permite avaliar novos investimentos no
país, mas que uma eventual
ampliação da produção de gás
natural não iria "necessariamente" para o Brasil.
"Temos um marco legal hoje
na Bolívia, temos um contrato
de produção com a Bolívia e temos as condições legais definidas na Bolívia. Com essas condições razoáveis, é possível
analisar as condições econômicas de ampliação de investimentos", disse Gabrielli, em
entrevista após ter se reunido
durante toda a tarde em La Paz
com o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas.
Porém, frisou que o eventual
reinício dos investimentos não
está diretamente ligado à demanda do mercado brasileiro.
"A ampliação da produção de
gás não é necessariamente para
o Brasil, mas se trata da ampliação da produção na Bolívia."
Antes da reunião com Villegas, Gabrielli conversou com o
vice-presidente Álvaro García
Linera. O encontro com o presidente Evo Morales, previsto
para ocorrer pela manhã, teve
de ser cancelado por causa do
atraso na chegada do vôo da comitiva brasileira.
As declarações de Gabrielli
coincidem com as necessidades
mais urgentes da Bolívia, que
vem tendo dificuldades para
abastecer o mercado interno e
o contrato com a Argentina
-dos 7,7 milhões de metros cúbicos por dia previstos no acordo, estão sendo enviados pouco
menos de 3 milhões de metros
cúbicos diários. Além disso, a
Bolívia cortou o envio de gás
para a termelétrica de Cuiabá,
paralisada há mais de um mês.
Até agora, a produção insuficiente não afetou o contrato de
compra e venda entre a Bolívia
e a Petrobras, que prevê cerca
de 30 milhões de metros cúbicos por dia, a maior parte consumida no Estado de São Paulo.
Esse contrato é abastecido
principalmente pelos campos
de San Alberto e San Antonio,
operados pela Petrobras.
Anteontem, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já havia afirmado que a Petrobras
precisa investir na Bolívia para
exportar "não apenas para o
Brasil mas para o seu uso interno e para a Argentina".
Tanto Gabrielli quanto Villegas afirmaram que a relação entre a empresa e o país vive uma
"nova fase", em alusão ao fim
do período de duras negociações envolvendo três grandes
temas: a assinatura de novos
contratos, o aumento do preço
do gás vendido ao Brasil e a
venda das duas refinarias da
Petrobras ao Estado boliviano.
Como já era esperado, não foi
anunciado nenhum acordo.
Uma nova reunião foi marcada
entre os dias 26 e 30 deste mês,
em Santa Cruz de la Sierra, sede
da Petrobras Bolívia. A idéia é
que as negociações estejam encerradas antes da visita de Estado de Lula a Morales, marcada para 12 de dezembro.
Um dos possíveis acordos é
que a Petrobras assuma o megacampo de Itaú, hoje sob responsabilidade da francesa Total, mas ainda não desenvolvido. Ontem, Gabrielli e Villegas
se recusaram a dar detalhes sobre as negociações.
Na noite de segunda-feira,
Morales afirmou que o país
precisa de "milhões e milhões"
para avançar o processo de industrialização do setor de gás
natural e que qualquer investimento que respeitar as normas
bolivianas será "garantido".
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