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Governo eleva crédito e socorro a empresas
Ampliação de prazo para o pagamento de tributos deixará R$ 21 bilhões no caixa das empresas por mais dez dias
Bancos oficiais prometem mais crédito ao setor produtivo, com R$ 10 bi do BNDES e R$ 9 bi do BB; empresários queriam mais
Sergio Lima/Folha Imagem
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Os ministros Mucio (esq.), Dilma Roussef e Mantega com Lula em reunião do Conselhão
JULIANA ROCHA
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ampliação do prazo de pagamento de cinco tributos federais, anunciada ontem pelo
governo, vai deixar R$ 21 bilhões no caixa das empresas
por dez dias, segundo os cálculos do ministro Guido Mantega
(Fazenda).
A mudança, antecipada pela
Folha, é parte de um pacote
com mais cinco medidas apresentado em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, no Palácio do
Planalto, com participação do
presidente Lula.
Para a platéia de empresários, sindicalistas e representantes da sociedade civil, o governo procurou mostrar sua
preocupação em reduzir o impacto da crise financeira na
economia e reforçar o discurso
otimista de que as dificuldades
serão menores no Brasil.
Para isso, incluiu entre as
medidas R$ 10 bilhões do
BNDES para financiar empresas, R$ 5 bilhões do Banco do
Brasil para pequenas e médias
empresas e R$ 4 bilhões para
garantir os financiamentos de
automóveis até o fim do ano.
De tudo o que foi anunciado,
no entanto, apenas a liberação
de dinheiro para os bancos das
montadoras já está em vigor.
"O desafio agora é impedir
que haja uma interrupção no
crescimento da economia. Temos que manter o ritmo da atividade, porque depois é difícil
retomar", disse Mantega.
Desde a piora da crise, em
meados de setembro, o governo
já anunciou redução dos depósitos compulsórios para dar liquidez ao sistema financeiro,
linhas de crédito à construção
civil e ajuda aos agricultores
para a safra 2008/2009.
O alongamento do prazo dos
tributos ainda precisa ser regulamentado por medida provisória para entrar em vigor. O
impacto também só ocorrerá
no primeiro mês em que a mudança de datas for colocada em
prática, o que ainda não foi divulgado pelo governo. A partir
do segundo mês, o período para
quitar os impostos será igual ao
do mês anterior, sem benefício
ao fluxo de caixa da empresa.
O governo deu mais dez dias
para o recolhimento do IPI
(Imposto sobre Produtos Industrializados), o Imposto de
Renda retido na fonte e a contribuição previdenciária, tanto
a patronal quanto a recolhida
do empregado. O pagamento de
PIS e Cofins será esticado em
cinco dias.
A decisão do governo não
atende integralmente ao pedido dos empresários, que propunham o alongamento para 60
dias, em média, do pagamento.
"Não dá para passar de um mês
para outro porque, se vai de dezembro para janeiro, você tem
uma perda de arrecadação de
R$ 20 bilhões. Isso não é possível. Leva todo o superávit primário [economia para pagamento dos juros da dívida pública]", afirmou Mantega.
Ele prometeu, ainda, agilizar
a devolução de créditos tributários das empresas. Para isso,
prometeu criar "um mutirão"
de auditores ficais.
Mantega disse que o BNDES
terá mais R$ 10 bilhões para
aplicar em linhas de capital de
giro, pré-embarque (financiamento da produção do bem que
será exportado) e empréstimos-ponte (crédito de curto
prazo que pode se transformar
em operação de longo prazo).
Segundo ele, o Tesouro Nacional poderá capitalizar o
BNDES. Outra opção é o próprio banco emitir títulos a serem vendidos a outros bancos.
O ministro admitiu, inclusive,
uma nova mudança no compulsório para que as instituições
privadas comprem os títulos do
BNDES. "Isso não é uma ajuda.
Tudo será feito em condições
de mercado", disse.
A segunda linha de capital de
giro virá do Banco do Brasil, para pequenas e médias empresas, no total de R$ 5 bilhões. A
origem dos recursos ainda não
está definida. Mantega afirmou
que serão recursos próprios do
BB, que terá também a responsabilidade de fazer operações
de redesconto (empréstimos)
com os bancos das montadoras.
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