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Venda de veículos novos tem a 1ª queda em 5 anos
PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A escassez de crédito levou
o setor automotivo a registrar no mês passado a sua
primeira queda em produção
neste ano. Já as vendas internas caíram pela primeira vez
em cinco anos.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), foram fabricados em outubro
296,3 mil veículos, entre automóveis, comerciais leves,
caminhões e ônibus -decréscimo de 0,3% em relação
a outubro de 2007.
A queda deve-se basicamente à retração no mercado interno. Em outubro, as
vendas caíram 2,1% na mesma comparação -foram licenciados 239,2 mil veículos.
Sobre setembro, houve redução de 11,6%.
"Os números refletiram a
restrição no crédito", disse o
presidente da Anfavea, Jackson Schneider. Segundo ele,
as vendas a prazo caíram de
62% no início de outubro para 56% na última semana. O
segmento dos carros populares foi o mais prejudicado
com as restrições no crédito
e teve sua participação de
mercado reduzida a 47,2%,
contra uma média anual de
51,1%, segundo a Anfavea.
Apesar dos resultados negativos, as projeções de produção e vendas para o ano foram mantidas. O setor estima acréscimo de 24,2% nas
vendas e 15% na produção.
Para Schneider, o setor deve retomar sua dinâmica nas
próximas semanas, após a injeção de R$ 4 bilhões do Banco do Brasil nos bancos das
montadoras, anunciada anteontem. "Essa retração deve ser revertida à medida que
esses recursos começarem a
ser operacionalizados", afirmou Schneider.
O presidente da Anef (associação dos bancos de montadoras), Luiz Horácio Montenegro, afirma que a atuação do Banco do Brasil "vai
salvar o ano". "Ontem [anteontem], já começamos a
receber esses recursos. Isso
vai irrigar nosso negócio pelo
menos até o fim deste ano. É
uma medida que tem efeito
meteórico", afirma.
Analistas ouvidos pela Folha, porém, vêem limitações
na ação do BB.
Alexandre Andrade, da
Tendências Consultoria,
lembra que os R$ 4 bilhões à
disposição das financeiras
das montadoras representam 3% do financiamento total do setor automotivo -R$
138,6 bilhões em setembro.
"É uma cifra relativamente
pequena", diz.
Para Marcelo Cioffi, sócio
da PricewaterhouseCoopers,
paralelamente à falta de crédito, a confiança do consumidor também concorre para a queda nas vendas. "Medidas para crédito funcionam, desde que a confiança
não caia. E temos visto deterioração nesse quesito."
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