São Paulo, sexta-feira, 07 de novembro de 2008

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Venda de veículos novos tem a 1ª queda em 5 anos

PAULO DE ARAUJO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A escassez de crédito levou o setor automotivo a registrar no mês passado a sua primeira queda em produção neste ano. Já as vendas internas caíram pela primeira vez em cinco anos.
Segundo a Anfavea (associação das montadoras), foram fabricados em outubro 296,3 mil veículos, entre automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus -decréscimo de 0,3% em relação a outubro de 2007.
A queda deve-se basicamente à retração no mercado interno. Em outubro, as vendas caíram 2,1% na mesma comparação -foram licenciados 239,2 mil veículos. Sobre setembro, houve redução de 11,6%.
"Os números refletiram a restrição no crédito", disse o presidente da Anfavea, Jackson Schneider. Segundo ele, as vendas a prazo caíram de 62% no início de outubro para 56% na última semana. O segmento dos carros populares foi o mais prejudicado com as restrições no crédito e teve sua participação de mercado reduzida a 47,2%, contra uma média anual de 51,1%, segundo a Anfavea.
Apesar dos resultados negativos, as projeções de produção e vendas para o ano foram mantidas. O setor estima acréscimo de 24,2% nas vendas e 15% na produção.
Para Schneider, o setor deve retomar sua dinâmica nas próximas semanas, após a injeção de R$ 4 bilhões do Banco do Brasil nos bancos das montadoras, anunciada anteontem. "Essa retração deve ser revertida à medida que esses recursos começarem a ser operacionalizados", afirmou Schneider.
O presidente da Anef (associação dos bancos de montadoras), Luiz Horácio Montenegro, afirma que a atuação do Banco do Brasil "vai salvar o ano". "Ontem [anteontem], já começamos a receber esses recursos. Isso vai irrigar nosso negócio pelo menos até o fim deste ano. É uma medida que tem efeito meteórico", afirma.
Analistas ouvidos pela Folha, porém, vêem limitações na ação do BB.
Alexandre Andrade, da Tendências Consultoria, lembra que os R$ 4 bilhões à disposição das financeiras das montadoras representam 3% do financiamento total do setor automotivo -R$ 138,6 bilhões em setembro. "É uma cifra relativamente pequena", diz.
Para Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers, paralelamente à falta de crédito, a confiança do consumidor também concorre para a queda nas vendas. "Medidas para crédito funcionam, desde que a confiança não caia. E temos visto deterioração nesse quesito."


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