São Paulo, domingo, 07 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Bancos médios já estavam perdendo fôlego, diz Serasa

A crise econômica só antecipou problemas de liquidez que estavam prestes a acontecer nos bancos médios. As instituições financeiras de pequeno porte já mostravam fôlego menor, com redução na qualidade dos ativos, aumento do nível de perdas e queda na receita. Essa é a conclusão de pesquisa da Serasa com base no balanço de 40 bancos grandes e médios brasileiros, realizada em novembro.
O estudo mostra que a qualidade dos ativos dos bancos pequenos está diminuindo. Em 1999, a carteira deles continha 86,5% de ativos classificados pelo Banco Central como AA, A e B. Em junho deste ano, o percentual caiu para 84%.
Os bancos grandes caminharam no sentido contrário. O percentual de ativos de alta qualidade em suas carteiras subiu de 74,6% para 81,8% no mesmo período.
Segundo o gerente de crédito da Serasa, Márcio Torres, a mudança do perfil da carteira não foi o único sinal de deterioração dos bancos médios. O crédito de curto prazo constitui a maior parte das operações dos bancos médios. O nível de perda dessas operações subiu de 2,3% para 7,4% nos últimos nove anos. Nos bancos grandes, o indicador atual é de 6%, menor que os 8% registrados em 1999.
"A perda dos bancos médios é maior porque eles tiveram que fazer operações mais arriscadas para ganhar mercado."
Torres ressalta que, como as perdas dos bancos médios são grandes, a margem de lucro é reduzida. Se, nas grandes instituições financeiras, a margem de lucro caiu de 17,2% para 15,8% de julho de 2007 para o mesmo mês deste ano, nas médias a queda foi de 12,9% para 9,7% em igual período.
Todos esses fatores fizeram com que a receita dos bancos médios caísse 1,1% neste ano, afirma o gerente da Serasa.
Segundo Torres, outro dado da pesquisa mostra que o modelo de negócios adotado pelos bancos pequenos culminaria com problemas de liquidez. Os depósitos e o patrimônio líquido não constituem a maior fonte de recursos dos bancos pequenos, mas, sim, um item classificado no estudo como "outras obrigações", formado basicamente por empréstimos interbancários.
Os bancos pequenos captam 63,8% dos seus recursos no mercado e apenas 26,8% nos depósitos dos clientes, aponta o estudo. Já as grandes instituições financeiras obtêm nos depósitos 46,2% dos seus recursos, enquanto 45,9% são captados com outros bancos.
Para o gerente de crédito da Serasa, esses dados apontam para um alto grau de dependência dos bancos médios em relação aos grandes. "Ficou claro por que os bancos grandes compraram a carteira dos pequenos", disse. "A crise só antecipou uma situação de falta de crédito que já iria acontecer com o tempo", completou.
A pesquisa confirma que a tendência no setor bancário é de consolidação, diz Torres.
Apesar do cenário negativo, Torres ainda vê espaço para a expansão do crédito no Brasil em instituições financeiras de grande e médio porte. O motivo é o baixo grau de alavancagem dos bancos do país, de cerca de três vezes o seu patrimônio líquido, em comparação com os do exterior, de até 30 vezes.

PROCURA-SE

Com a onda de demissões provocada pela crise, a empresa de recrutamento Michael Page registrou um crescimento de 40% na procura por advogados trabalhistas nos últimos três meses. A turbulência na economia provocou uma demanda na Michael Page por um "pacote jurídico contra a crise", de acordo com Carlos Ferreira, responsável pela divisão legal da empresa. Entre os perfis mais buscados agora, além dos trabalhistas, estão os advogados especializados em tratar de contencioso e os tributaristas. "As empresas estão à procura de profissionais para interromper contratos, por exemplo, ou para fazer planejamento e redução da carga tributária", afirma Ferreira

DIETA
Cerca de 42,4% dos executivos atualmente estão acima do peso considerável saudável, com IMC (Índice de Massa Corporal) maior do que 25, segundo uma avaliação médica realizada pela operadora de saúde Omint com 8.727 executivos. Na faixa etária de 30 a 39 anos, 63% estão acima do peso. O índice entre as mulheres é menor, de 27%. Já entre os executivos de 40 a 59 anos, 64,75% dos homens estão fora do peso, enquanto 38,85% apresentaram o problema entre as mulheres.

Estoque alto faz importadoras deixarem veículos nos portos

Os portos de Vitória e Santos, que recebem a maioria dos veículos importados, estão abarrotados de carros.
De acordo com Henning Dornbusch, presidente da Abeiva (associação de importadoras de veículos), a razão do grande volume de mercadorias nos portos é a logística. A queda nas vendas de veículos deixou as concessionárias com os pátios lotados e elas não têm onde guardar os carros que acabaram de chegar aos portos. "É uma questão de espaço", diz.
Apesar de os veículos de maior valor serem menos afetados pela restrição aos financiamentos, a Abeiva notou uma queda de 40% nos emplacamentos em novembro entre os modelos vendidos pelas suas associadas -como BMW, Ferrari, Chrysler e Porsche.
Segundo Dornbusch, as importadoras estão reduzindo as encomendas, mas não reajustaram os preços com a alta do dólar. "A margem de lucro caiu."

ORGÂNICO
Juscelino Pereira, do restaurante Piselli, que vai inaugurar uma nova casa em São Paulo; à frente do negócio está seu filho Dudu Pereira, 18; o restaurante, que terá foco em comida rápida e saudável, vai se chamar Zena, em homenagem a Gênova, cidade visitada pelos sócios para fazer pesquisas para o novo negócio; os ingredientes orgânicos usados serão produzidos no interior de São Paulo


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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