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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Bancos médios já estavam perdendo fôlego, diz Serasa
A crise econômica só antecipou problemas de liquidez que
estavam prestes a acontecer
nos bancos médios. As instituições financeiras de pequeno
porte já mostravam fôlego menor, com redução na qualidade
dos ativos, aumento do nível de
perdas e queda na receita. Essa
é a conclusão de pesquisa da Serasa com base no balanço de 40
bancos grandes e médios brasileiros, realizada em novembro.
O estudo mostra que a qualidade dos ativos dos bancos pequenos está diminuindo. Em
1999, a carteira deles continha
86,5% de ativos classificados
pelo Banco Central como AA, A
e B. Em junho deste ano, o percentual caiu para 84%.
Os bancos grandes caminharam no sentido contrário. O
percentual de ativos de alta
qualidade em suas carteiras subiu de 74,6% para 81,8% no
mesmo período.
Segundo o gerente de crédito
da Serasa, Márcio Torres, a mudança do perfil da carteira não
foi o único sinal de deterioração dos bancos médios. O crédito de curto prazo constitui a
maior parte das operações dos
bancos médios. O nível de perda dessas operações subiu de
2,3% para 7,4% nos últimos nove anos. Nos bancos grandes, o
indicador atual é de 6%, menor
que os 8% registrados em 1999.
"A perda dos bancos médios
é maior porque eles tiveram
que fazer operações mais arriscadas para ganhar mercado."
Torres ressalta que, como as
perdas dos bancos médios são
grandes, a margem de lucro é
reduzida. Se, nas grandes instituições financeiras, a margem
de lucro caiu de 17,2% para
15,8% de julho de 2007 para o
mesmo mês deste ano, nas médias a queda foi de 12,9% para
9,7% em igual período.
Todos esses fatores fizeram
com que a receita dos bancos
médios caísse 1,1% neste ano,
afirma o gerente da Serasa.
Segundo Torres, outro dado
da pesquisa mostra que o modelo de negócios adotado pelos
bancos pequenos culminaria
com problemas de liquidez. Os
depósitos e o patrimônio líquido não constituem a maior fonte de recursos dos bancos pequenos, mas, sim, um item classificado no estudo como "outras obrigações", formado basicamente por empréstimos interbancários.
Os bancos pequenos captam
63,8% dos seus recursos no
mercado e apenas 26,8% nos
depósitos dos clientes, aponta o
estudo. Já as grandes instituições financeiras obtêm nos depósitos 46,2% dos seus recursos, enquanto 45,9% são captados com outros bancos.
Para o gerente de crédito da
Serasa, esses dados apontam
para um alto grau de dependência dos bancos médios em
relação aos grandes. "Ficou claro por que os bancos grandes
compraram a carteira dos pequenos", disse. "A crise só antecipou uma situação de falta de
crédito que já iria acontecer
com o tempo", completou.
A pesquisa confirma que a
tendência no setor bancário é
de consolidação, diz Torres.
Apesar do cenário negativo,
Torres ainda vê espaço para a
expansão do crédito no Brasil
em instituições financeiras de
grande e médio porte. O motivo
é o baixo grau de alavancagem
dos bancos do país, de cerca de
três vezes o seu patrimônio líquido, em comparação com os
do exterior, de até 30 vezes.
PROCURA-SE
Com a onda de demissões provocada pela crise,
a empresa de recrutamento Michael Page registrou
um crescimento de 40%
na procura por advogados
trabalhistas nos últimos
três meses. A turbulência
na economia provocou
uma demanda na Michael
Page por um "pacote jurídico contra a crise", de
acordo com Carlos Ferreira, responsável pela divisão legal da empresa. Entre os perfis mais buscados agora, além dos trabalhistas, estão os advogados
especializados em tratar
de contencioso e os tributaristas. "As empresas estão à procura de profissionais para interromper
contratos, por exemplo,
ou para fazer planejamento e redução da carga tributária", afirma Ferreira
DIETA
Cerca de 42,4% dos executivos atualmente estão acima do peso considerável
saudável, com IMC (Índice
de Massa Corporal) maior
do que 25, segundo uma avaliação médica realizada pela
operadora de saúde Omint
com 8.727 executivos. Na
faixa etária de 30 a 39 anos,
63% estão acima do peso. O
índice entre as mulheres é
menor, de 27%. Já entre os
executivos de 40 a 59 anos,
64,75% dos homens estão
fora do peso, enquanto
38,85% apresentaram o problema entre as mulheres.
Estoque alto faz importadoras deixarem veículos nos portos
Os portos de Vitória e Santos,
que recebem a maioria dos veículos importados, estão abarrotados de carros.
De acordo com Henning
Dornbusch, presidente da
Abeiva (associação de importadoras de veículos), a razão do
grande volume de mercadorias
nos portos é a logística. A queda
nas vendas de veículos deixou
as concessionárias com os pátios lotados e elas não têm onde
guardar os carros que acabaram de chegar aos portos. "É
uma questão de espaço", diz.
Apesar de os veículos de
maior valor serem menos afetados pela restrição aos financiamentos, a Abeiva notou uma
queda de 40% nos emplacamentos em novembro entre os
modelos vendidos pelas suas
associadas -como BMW, Ferrari, Chrysler e Porsche.
Segundo Dornbusch, as importadoras estão reduzindo as
encomendas, mas não reajustaram os preços com a alta do dólar. "A margem de lucro caiu."
ORGÂNICO
Juscelino Pereira, do restaurante Piselli, que vai inaugurar uma nova casa em São Paulo; à frente do negócio está seu filho Dudu Pereira, 18; o restaurante, que terá foco em comida rápida e saudável, vai se chamar Zena, em homenagem a Gênova, cidade visitada pelos sócios para fazer pesquisas para o novo negócio; os ingredientes orgânicos usados serão produzidos no interior de São Paulo
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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