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DÓLARES NO BRASIL
Segundo diretor do BC, fluxo de capitais do exterior para o país em 2001 ficará acima da previsão (US$ 20 bi)
Investimento externo deve atingir US$ 23 bi
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Daniel
Gleizer, 41, afirmou ontem, de
Nova York, após o lançamento de
US$ 1,25 bilhão em títulos da República, que o total de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) no
Brasil em 2001 deverá ter atingido
US$ 23 bilhões. A previsão anterior era de US$ 20 bilhões
Para ele, esses dois fatos, o total
de IDE do ano passado e o sucesso
no lançamento dos títulos da República ontem, são as maiores
provas do descolamento do Brasil
em relação à Argentina.
Sem contágio
A procura pelos títulos globais,
ontem, chegou a US$ 2,1 bilhões,
resultado considerado acima das
expectativas pelo BC. Do total de
interessados, 60% eram investidores norte-americanos.
Segundo Gleizer, o maior receio
de contágio da crise da Argentina
era em relação ao fluxo de capitais
externos. "O medo era de a conta
de capitais sofrer com o problema
da Argentina", diz Gleizer. Os fatos, segundo ele, mostram que
não houve o contágio.
"O total de IDE de 2001 está
mais próximo dos US$ 23 bilhões
do que dos US$ 22 bilhões", diz
ele. O diretor do BC lembra que,
há pouco tempo, houve analistas
financeiros que chegaram a prever US$ 16 bilhões de IDE para
2001.
Em relação aos últimos anos, os
US$ 23 bilhões de investimentos
de fora de 2001 representam uma
queda expressiva, mas, diante das
crises desse ano, o número foi recebido com alívio pelo BC.
Em 2000, o total de IDE foi de
US$ 32,8 bilhões. Em 1999, o país
tinha recebido US$ 28,6 bilhões.
Há outros indicadores, segundo
Gleizer, que mostram que o Brasil
não sofreu mesmo o contágio da
crise Argentina.
Segundo ele, o fato de as empresas privadas terem conseguido
voltar a captar recursos de fora
nas últimas semanas é um desses
sinais da melhora do Brasil.
Todos esses fatores, a seu ver,
explicam o fato de o mercado de
câmbio estar resistindo às últimas
notícias da Argentina. "Além disso, há a sensação crescente de melhora da economia pelo lado do
consumidor, até pelas projeções
de crescimento da economia", diz
o diretor do BC, que irá ser substituído nos próximos dias pelo economista Beny Parnes.
Ao ser questionado pela Folha
se todos esses resultados positivos, além da queda da inflação
prevista para janeiro, já não seriam suficientes para o Banco
Central começar a reduzir os juros, Gleizer sorriu e respondeu da
seguinte forma: "Isso a gente vai
ver lá na frente".
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