São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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DÓLARES NO BRASIL

Segundo diretor do BC, fluxo de capitais do exterior para o país em 2001 ficará acima da previsão (US$ 20 bi)

Investimento externo deve atingir US$ 23 bi

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Daniel Gleizer, 41, afirmou ontem, de Nova York, após o lançamento de US$ 1,25 bilhão em títulos da República, que o total de IDE (Investimento Direto Estrangeiro) no Brasil em 2001 deverá ter atingido US$ 23 bilhões. A previsão anterior era de US$ 20 bilhões
Para ele, esses dois fatos, o total de IDE do ano passado e o sucesso no lançamento dos títulos da República ontem, são as maiores provas do descolamento do Brasil em relação à Argentina.

Sem contágio
A procura pelos títulos globais, ontem, chegou a US$ 2,1 bilhões, resultado considerado acima das expectativas pelo BC. Do total de interessados, 60% eram investidores norte-americanos.
Segundo Gleizer, o maior receio de contágio da crise da Argentina era em relação ao fluxo de capitais externos. "O medo era de a conta de capitais sofrer com o problema da Argentina", diz Gleizer. Os fatos, segundo ele, mostram que não houve o contágio.
"O total de IDE de 2001 está mais próximo dos US$ 23 bilhões do que dos US$ 22 bilhões", diz ele. O diretor do BC lembra que, há pouco tempo, houve analistas financeiros que chegaram a prever US$ 16 bilhões de IDE para 2001.
Em relação aos últimos anos, os US$ 23 bilhões de investimentos de fora de 2001 representam uma queda expressiva, mas, diante das crises desse ano, o número foi recebido com alívio pelo BC.
Em 2000, o total de IDE foi de US$ 32,8 bilhões. Em 1999, o país tinha recebido US$ 28,6 bilhões.
Há outros indicadores, segundo Gleizer, que mostram que o Brasil não sofreu mesmo o contágio da crise Argentina.
Segundo ele, o fato de as empresas privadas terem conseguido voltar a captar recursos de fora nas últimas semanas é um desses sinais da melhora do Brasil.
Todos esses fatores, a seu ver, explicam o fato de o mercado de câmbio estar resistindo às últimas notícias da Argentina. "Além disso, há a sensação crescente de melhora da economia pelo lado do consumidor, até pelas projeções de crescimento da economia", diz o diretor do BC, que irá ser substituído nos próximos dias pelo economista Beny Parnes.
Ao ser questionado pela Folha se todos esses resultados positivos, além da queda da inflação prevista para janeiro, já não seriam suficientes para o Banco Central começar a reduzir os juros, Gleizer sorriu e respondeu da seguinte forma: "Isso a gente vai ver lá na frente".


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