São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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BC reforça reservas com empréstimo de US$ 1,25 bi

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central anunciou ontem que tomou um empréstimo de US$ 1,25 bilhão por meio de títulos que serão emitidos no mercado internacional. O dinheiro entra no país na próxima sexta-feira e vai reforçar as reservas em moeda estrangeira do país, num ano em que as eleições presidenciais podem afetar o fluxo de capital externo para o Brasil.
Com essa operação, coordenada pelos bancos JP Morgan e Salomon Smith Barney, o Brasil garante dinheiro suficiente para honrar os US$ 3,28 bilhões em compromissos externos que vencem neste ano.
Desse total, US$ 2,5 bilhões serão pagos com os recursos recebidos, no final do ano passado, como pagamento de uma dívida que a Polônia tinha com o Brasil desde a década de 70.
O restante poderá ser pago com os recursos que serão obtidos com a emissão de títulos anunciada ontem.

Juros
Os papéis vencem em 2012 e vão pagar juros de 12,6% ao ano aos investidores. O objetivo inicial do BC era emitir US$ 1 bilhão em títulos. O diretor de Assuntos Internacionais do BC, Daniel Gleizer, disse que o valor acabou sendo elevado por causa da forte procura pelos papéis brasileiros. A demanda chegou a US$ 2,1 bilhões, segundo Gleizer.
O governo brasileiro não lançava títulos em dólares no exterior desde maio de 2001. Na ocasião, papéis que vencem em 2005 pagaram juros de 11,25% ao ano aos investidores.

Reforço
A intenção do Banco Central é captar até US$ 5 bilhões no mercado internacional neste ano. Os recursos servem para reforçar as reservas em moeda estrangeira do país, de onde saem, por exemplo, os dólares que o BC usa para intervir no mercado de câmbio.
Hoje, as reservas líquidas (que excluem os recursos emprestados pelo Fundo Monetário Internacional) estão em US$ 28,4 bilhões. Sem os US$ 5 bilhões a serem captados, as reservas cairiam para US$ 23,4 bilhões até o final do ano.
No acordo com o FMI, o Brasil se comprometeu a não deixar as reservas ficarem abaixo de US$ 20 bilhões. Ou seja: sem as captações, o BC teria apenas US$ 3,4 bilhões para intervir no câmbio num ano de eleições, em que o fluxo de capital estrangeiro pode diminuir e levar a uma disparada do dólar.

Projeções para 2003
O Banco Central divulgou ontem uma pesquisa com bancos e consultorias a respeito de suas projeções para a economia brasileira em 2003.
Segundo o levantamento, a expectativa do mercado é que a balança comercial tenha superávit de US$ 6 bilhões no ano que vem.
Ainda de acordo com a pesquisa, no fim de 2003 o dólar deve chegar a R$ 2,70, e a taxa básica de juros da economia, a Selic, a 14% ao ano.



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