São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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PREÇOS

Alimento, combustível e luz, vilões de 2001, devem perder força em 2002

Inflação cai a 4% neste ano, diz Fipe

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação deste ano deverá recuar para 4% em São Paulo, após ter atingido 7,13% em 2001. O recuo começa já em janeiro, quando a taxa deverá ficar próxima de 0,2%, abaixo do 0,38% do mesmo mês de 2001.
A queda mais forte virá a partir de fevereiro e março, meses em que poderá ser registrada uma deflação, diz o economista Heron do Carmo, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
Em fevereiro, a taxa deverá recuar devido aos reflexos da redução dos preços de gasolina, que se iniciou neste mês, e ao começo de liquidações no setor de vestuário. Já em março, a taxa de inflação começa a sentir os primeiros efeitos da safra recorde de 100 milhões de toneladas que o Brasil deverá colher, de acordo com o economista da Fipe.
Em abril, a taxa volta a subir, mas com pouca intensidade. Nas contas da Fipe, o primeiro quadrimestre deste ano fecha com uma taxa próxima a 0,25%. Em 2001, a inflação foi de 1,6% no período.
Segundo a Fipe, os alimentos serão importantes no alívio da taxa deste ano. Os panificados e os óleos comestíveis, pressionados pelo dólar no ano passado, deverão ficar estáveis neste ano.
Já os cereais, os líderes de pressão entre os alimentos em 2001, poderão até ter queda de preços. A safra deste ano será maior e, no caso do arroz, o produto nacional terá a concorrência do argentino, devido à desvalorização do peso e à queda do dólar no Brasil. Em 2001, o arroz ficou 38,5% mais caro para os paulistanos.
A energia elétrica não deverá repetir o aumento de 27,38% de 2001 neste ano. Os aumentos dependerão do dólar e do IGP-M, que vão subir com intensidade menor. O mesmo ocorre com a gasolina. Em 2001, o produto subiu 7%. Para este ano, a Fipe espera redução de 13%.
Os transportes públicos também vão deixar de pressionar neste ano. É um período eleitoral. Mesmo que haja reajuste, ele deve ser moderado, diz Heron.
Para a Fipe, energia elétrica, alimentos, gasolina e transportes públicos deverão derrubar em pelo menos 3 pontos percentuais a inflação deste ano, em relação aos 7,13% de 2001. Ou seja, a taxa ficará próxima de 4%.
O cenário é favorável à inflação neste ano. "Ela só sairá do controle se o governo fizer muita besteira", diz o economista da Fipe.
Os 7,13% de inflação em São Paulo no ano passado ficaram bem distante das previsões iniciais de 3,5% para o período. Poucos itens foram responsáveis por esse desvio tão grande entre a previsão inicial e a taxa registrada, diz Heron do Carmo.
Entre eles, a crise energética, o agravamento da situação econômica e política da Argentina e a aceleração das cotações do dólar, que forçou a alta de alimentos e dos combustíveis.
Em dezembro, a inflação foi de 0,25%, a menor taxa desde maio do ano passado. Neste mês, as maiores pressões virão dos reajustes de preços nas matrículas e mensalidades escolares, gás e IPVA. Janeiro é um período em que os hortifrútis também pressionam o índice.


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