São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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COMÉRCIO EXTERIOR

Ministro não disse quando ocorrerá a queda na taxa Selic

Superávit de 2001 fará juro básico cair, prevê Amaral

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O superávit comercial de US$ 2,6 bilhões obtido no ano passado era a variável econômica que estava faltando para o Brasil reduzir a taxa de juros, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral.
Segundo ele, se o país repetir o desempenho comercial de 2001, quando as exportações foram 5,7% maiores do que em 2000, será possível obter superávit de US$ 6,2 bilhões neste ano, segundo cálculos feitos por técnicos a pedido do ministério. Mas o governo conta com saldo entre US$ 5 e US$ 6 bilhões.
Na primeira semana do ano, a balança comercial teve saldo positivo de US$ 20 milhões, com importações de US$ 380 milhões e exportações de US$ 400 milhões.
Segundo Amaral, a perspectiva de dobrar o saldo comercial neste ano reforça a tendência de queda da taxa de juros. "Temos todas as condições para os juros caírem, só não foram reduzidos ainda por questões externas. Se tivemos saldo de US$ 2,6 bilhões, então atendemos à segunda condição para ter taxas de juros mais baixas. A primeira era a disciplina fiscal e isso nós já temos."
Amaral não disse, porém, quando o governo irá anunciar a redução dos juros.
Há cinco meses, desde que a desaceleração da economia internacional começou a se aprofundar, o governo não altera a taxa básica de juros (Selic), de 19%. No início do ano passado, a Selic chegou a ser reduzida para 15,25%.
A expectativa de dobrar o saldo comercial no ano que vem está baseada na projeção de que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresça entre 2% e 2,5% neste ano. Segundo Amaral, os cálculos também levaram em conta um crescimento da ordem de 2% da economia mundial, de 2,5% nos Estados Unidos e de 3% no comércio internacional. Em 2001, o comércio global aumentou 2%.
Para o ministro, a redução da taxa de juros e uma reforma tributária parcial vão reforçar as exportações. A retirada do efeito cascata das contribuições sociais PIS e Cofins para o produtor e a reforma do crédito presumido do ICMS pelos Estados (devolução do pagamento do imposto para exportadores) são exemplos que o ministro citou como reforma tributária parcial.
"Não vejo nenhuma razão para nós não conseguirmos isso ainda neste governo. Já fizemos reforma no crédito presumido do PIS-Cofins, desoneramos as remessas ao exterior para promoção comercial e foi retirada a cobrança da CPMF nas operações em Bolsas de Valores", disse ele -a última mudança ainda não ocorreu.
Na avaliação de Amaral, os empresários brasileiros encontraram novos mercados durante a retração dos principais parceiros comerciais do Brasil, principalmente a Argentina. Em dezembro, as exportações para a Argentina diminuíram cerca de 50% com relação a dezembro do ano passado. No ano, a queda das vendas para o sócio foi de 19,7%.
Segundo Amaral, a desvalorização do peso não prejudica as vendas do Brasil no mercado argentino nem em outros países."Se eles vão exportar mais, também vão importar mais. O importante é que eles voltem a crescer", disse.



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