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COMÉRCIO EXTERIOR
Ministro não disse quando ocorrerá a queda na taxa Selic
Superávit de 2001 fará juro
básico cair, prevê Amaral
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O superávit comercial de US$
2,6 bilhões obtido no ano passado
era a variável econômica que estava faltando para o Brasil reduzir a
taxa de juros, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral.
Segundo ele, se o país repetir o
desempenho comercial de 2001,
quando as exportações foram
5,7% maiores do que em 2000, será possível obter superávit de US$
6,2 bilhões neste ano, segundo
cálculos feitos por técnicos a pedido do ministério. Mas o governo
conta com saldo entre US$ 5 e
US$ 6 bilhões.
Na primeira semana do ano, a
balança comercial teve saldo positivo de US$ 20 milhões, com importações de US$ 380 milhões e
exportações de US$ 400 milhões.
Segundo Amaral, a perspectiva
de dobrar o saldo comercial neste
ano reforça a tendência de queda
da taxa de juros. "Temos todas as
condições para os juros caírem, só
não foram reduzidos ainda por
questões externas. Se tivemos saldo de US$ 2,6 bilhões, então atendemos à segunda condição para
ter taxas de juros mais baixas. A
primeira era a disciplina fiscal e isso nós já temos."
Amaral não disse, porém, quando o governo irá anunciar a redução dos juros.
Há cinco meses, desde que a desaceleração da economia internacional começou a se aprofundar,
o governo não altera a taxa básica
de juros (Selic), de 19%. No início
do ano passado, a Selic chegou a
ser reduzida para 15,25%.
A expectativa de dobrar o saldo
comercial no ano que vem está
baseada na projeção de que o PIB
(Produto Interno Bruto) brasileiro cresça entre 2% e 2,5% neste
ano. Segundo Amaral, os cálculos
também levaram em conta um
crescimento da ordem de 2% da
economia mundial, de 2,5% nos
Estados Unidos e de 3% no comércio internacional. Em 2001, o
comércio global aumentou 2%.
Para o ministro, a redução da
taxa de juros e uma reforma tributária parcial vão reforçar as exportações. A retirada do efeito
cascata das contribuições sociais
PIS e Cofins para o produtor e a
reforma do crédito presumido do
ICMS pelos Estados (devolução
do pagamento do imposto para
exportadores) são exemplos que
o ministro citou como reforma
tributária parcial.
"Não vejo nenhuma razão para
nós não conseguirmos isso ainda
neste governo. Já fizemos reforma
no crédito presumido do PIS-Cofins, desoneramos as remessas ao
exterior para promoção comercial e foi retirada a cobrança da
CPMF nas operações em Bolsas
de Valores", disse ele -a última
mudança ainda não ocorreu.
Na avaliação de Amaral, os empresários brasileiros encontraram
novos mercados durante a retração dos principais parceiros comerciais do Brasil, principalmente a Argentina. Em dezembro, as
exportações para a Argentina diminuíram cerca de 50% com relação a dezembro do ano passado.
No ano, a queda das vendas para
o sócio foi de 19,7%.
Segundo Amaral, a desvalorização do peso não prejudica as vendas do Brasil no mercado argentino nem em outros países."Se eles
vão exportar mais, também vão
importar mais. O importante é
que eles voltem a crescer", disse.
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