São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2002

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ECONOMIA DE GUERRA

Plano inclui fechamento de fábricas e pode atingir Brasil

Ford anuncia 20 mil demissões

TIM BURT
NIKKI TAIT
DO "FINANCIAL TIMES"

O conselho da Ford Motor Company anunciou que vai demitir mais de 20 mil funcionários, além do fechamento de fábricas e cortes agressivos na capacidade de produção.
Pelo menos 8.000 cargos executivos e administrativos devem ser cortados 20% do total- e até 12 mil operários seriam encorajados a aceitar aposentadoria antecipada ou pacotes para demissão voluntária.
A iniciativa marca a culminação de uma revisão estratégica de seis meses de duração conduzida por Nick Scheele, promovido ao posto de diretor operacional depois que Jac Nasser perdeu o cargo de executivo chefe, em outubro.
Acredita-se que o objetivo da Ford seria obter uma economia entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões ao ano em seus custos operacionais, a fim de recuperar a lucratividade de seu mercado principal, o norte-americano. Esse corte é visto por Wall Street como o mínimo necessário para que o grupo mantenha sua competitividade diante de montadoras de automóveis estrangeiras.
A Ford alertou que terá um prejuízo de cerca de 50 centavos de dólar por ação, ou cerca de US$ 900 milhões, no quarto trimestre. Isso deixará o grupo com um déficit de US$ 1,3 bilhão este ano ainda que provisões adicionais para cobrir os custos de reestruturação possam aumentar ainda mais os prejuízos.
A Ford já anunciou planos para adotar um turno único de produção em sua fábrica Edison, em Nova Jersey, e outras fábricas que podem estar em risco são a de Ontário, no Canadá, e instalações em Atlanta e St. Louis.
A reestruturação deve envolver uma mudança profunda na divisão de produção de motores e transmissões da Ford. A empresa deve transferir parte maior de suas operações de desenvolvimento de motores para a Mazda, sua afiliada japonesa.

Brasil
A Ford ainda não definiu se seu programa de demissões se estende às plantas brasileiras. O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC diz não acreditar em novo "banho de sangue" como o que se viu no ano passado.
De acordo com o sindicato, não deve haver cortes na unidade de Camaçari, na Bahia. E, em São Bernardo do Campo, em São Paulo, os funcionários da Ford estão protegidos por um acordo que garante os empregos nos próximos cinco anos.
A única planta "descoberta", que preocupa o sindicato é a de Taubaté, justamente onde a montadora produz motores e transmissões, e abriga 1,2 mil funcionários.



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