São Paulo, quarta-feira, 08 de janeiro de 2003

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DINHEIRO NOVO

Bradesco obtém US$ 250 milhões com melhora do cenário local

Bancos voltam a captar no mercado internacional

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A captação de US$ 250 milhões em eurobônus concluída ontem pelo Bradesco deu a largada para a volta das instituições brasileiras ao mercado internacional. Com uma demanda pelos papéis por parte dos investidores cinco vezes superior à esperada pelo banco, a operação foi a primeira captação no mercado externo feita por uma instituição financeira no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
A Folha apurou que assim que o Bradesco anunciou o encerramento da operação, às 12h30, Itaú, Unibanco e ABN Amro entraram no chamado "pré-market" - sistema pelo qual as instituições acessam o mercado externo- anunciando abertura de captação em eurobônus.
O Unibanco confirmou que pretende captar US$ 75 milhões com a colocação de títulos a serem resgatados em janeiro de 2004. É a primeira operação com prazo de um ano lançada por uma instituição brasileira desde que secaram as linhas de crédito ao país no período eleitoral. As taxas de juros oferecidas vão de 7% a 7,25% ao ano.
O Itaú também iniciou ontem uma operação oferecendo um lote inicial de eurobônus no valor de US$ 50 milhões. Os títulos têm prazo de 11 meses para resgate. Segundo Paulo Soares, diretor sênior de tesouraria internacional do Itaú, o banco oferece aos investidores remuneração entre 6,25% e 6,5% ao ano. "A demanda está forte e nossa expectativa é que o volume da operação cresça", diz. Segundo informações do mercado, o ABN Amro, também abriu captação de US$ 50 milhões, pelo prazo de 11 meses e taxa de juro entre 6,62% e 6,87% ao ano. Procurada, a direção do banco não se manifestou.

Cenário
Segundo José Guilherme Lembi de Faria, diretor-executivo do Bradesco, a captação surpreendeu o próprio banco pelo volume que atingiu -US$ 250 milhões- e pelo número de compradores que atraiu -50 bancos.
Em dezembro, o Bradesco havia captado US$ 175 milhões em eurobônus e a operação atraiu, então, apenas 28 bancos. O prazo obtido agora, de nove meses, também é superior aos seis meses da operação passada. E as taxas de juro caíram, segundo ele. O Bradesco vai pagar 6,37% ao ano aos investidores. "Creio que estamos passando por uma tendência de melhora contínua do fluxo de recursos para o país. Não é uma situação momentânea", diz Faria.
Mas tanto Faria, do Bradesco, como Sampaio, do Itaú, lembram que o "spread" (diferença entre o juro pago e a taxa Libor, que baliza operações de curto prazo no mercado externo) ainda é alto. No caso do Bradesco, ficou em 491 pontos. "Em 2001, a melhor emissão do Bradesco, pelo prazo de um ano, pagou "spread" de 230 pontos", diz Faria.


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