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EM TRANSE
Plano que injetará US$ 674 bi na economia vai elevar déficit; gasto é necessário em "tempos de guerra", diz presidente
Bush anuncia pacote econômico "de guerra"
MARCIO AITH
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, anunciou ontem seu
controverso pacote de estímulo
econômico visando injetar
US$ 674 bilhões na economia
americana nos próximos dez
anos.
Criticado fortemente pela oposição democrata, o plano -que
contém medidas para estimular o
consumo e inflar o mercado de
ações- deverá empurrar o déficit orçamentário da Casa Branca
para mais de US$ 250 bilhões neste ano (sem contar o custo de uma
eventual guerra contra o Iraque).
Discursando em Chicago em
clima de comício, Bush disse que
sua preocupação são os pobres e
desempregados e eximiu-se da
responsabilidade pelo déficit orçamentário.
Segundo ele, os estímulos do
governo são necessários "em tempos de guerra".
"A recessão e o declínio das Bolsas americanas reduziram as receitas das empresas e criaram um
déficit orçamentário", afirmou.
"Em tempos de guerra, posso garantir que esse governo está gastando o que é necessário para ganhar a guerra", acrescentou.
Valorização das Bolsas
O ponto central do pacote é a
eliminação do imposto pago pelos investidores quando recebem
dividendos de suas ações. Segundo a Casa Branca, essa medida
custará US$ 300 bilhões, beneficiará 35 milhões de acionistas, valorizará as Bolsas em no mínimo
10% e promoverá investimentos
de US$ 20 bilhões.
Outras medidas do pacote são a
antecipação para 2003 de cortes
de impostos originalmente previstos para 2004 e 2005, o socorro
a Estados em dificuldades, regras
mais generosas para as empresas
amortizarem o pagamento de
seus equipamentos e a criação de
um fundo que dará US$ 3.000 a
cerca de 1,2 milhão de americanos
desempregados.
A Casa Branca diz que o plano
vai criar 2,1 milhões de postos de
trabalho nos próximos três anos.
Dos US$ 674 bilhões que compõem o pacote de Bush, US$ 98
bilhões seriam gastos nos próximos 16 meses.
Críticas dos democratas
Os democratas dizem que o pacote é irresponsável e eleitoreiro.
Segundo eles, as medidas favorecem os mais ricos e destinam-se a
fortalecer o presidente Bush nas
eleições presidenciais de 2004. O
pacote deve ser aprovado pelo
Congresso, onde o partido do
presidente, o Republicano, tem
maioria.
Presidenciável democrata, o senador John Edwards (Carolina do
Norte) disse que o plano vai aprofundar a crise das contas do governo.
"O pacote não faz nenhum sentido se o objetivo é estimular a
economia dentro de um parâmetro de responsabilidade fiscal",
disse ele, referindo-se ao buraco
que as medidas causarão no orçamento federal.
Os democratas também acusam
Bush de proteger excessivamente
a camada mais rica da população
ao propor redução acelerada de
impostos também para as faixas
mais altas de renda -medida que
o próprio presidente relutava em
adotar.
Em 2001, quando o governo
americano anunciou um programa de cortes gradativos de impostos no valor US$ 1,35 trilhão
ao longo de dez anos, Bush foi
muito criticado por ter incluído
nesse programa aqueles que pagam a alíquota mais alta do imposto de renda.
Estímulos fiscais
Ontem, em seu discurso, Bush
disse que a economia americana
precisa "com urgência" de estímulos fiscais, embora os EUA, segundo ele, já não corram mais o
risco de uma nova recessão.
"Não podemos ficar satisfeitos
até que cada parte de nossa economia esteja saudável e vigorosa.
Não descansaremos até que cada
empresa tenha a possibilidade de
crescer e cada pessoa que queira
trabalhar possa encontrar um
emprego", disse o presidente.
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