São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2004

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Schymura diz que Lula pediu sua saída em dezembro

HUMBERTO MEDINA
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu para que Luiz Guilherme Schymura deixasse a presidência da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) no dia 23 de dezembro. Segundo Schymura, desde então seu cargo estava à disposição. "Houve um pedido do presidente da República, que não se sentia confortável em me ter na presidência [da agência], gostaria de ter na presidência uma outra pessoa. Ele me pediu o cargo e eu achei por bem sair", disse.
"Ele [Lula] me deu o prazo que eu quisesse, perguntou qual seria o momento mais adequado para minha saída, e eu só pedi que, já que a decisão havia sido tomada, que tudo fosse feito o mais rapidamente possível", afirmou Schymura. Segundo ele, o assunto foi novamente abordado na segunda-feira, em reunião com o presidente e o ministro Miro Teixeira (Comunicações) no Palácio do Planalto.
Schymura negou que tivesse lutado para permanecer no cargo ou apelado para que o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) intercedesse a seu favor. "O presidente me chamou, eu tive reuniões com ele, e ele me pediu o cargo. E eu, de pronto, me botei à vontade para deixar o cargo. Ele pediu que continuasse no conselho da agência. Eu disse que não seria possível", disse Schymura, que ontem pediu demissão do cargo de diretor da Anatel.
O ex-presidente da agência evitou polemizar sobre a legalidade ou não de sua destituição. "Não sou advogado, não sei responder. Legal ou não legal, eu acredito que em nada contribuiria hoje, de minha parte, qualquer tipo de ação nessa linha [de tentar ficar]."

Elogios
Na cerimônia de posse do novo presidente da Anatel, Pedro Jaime Ziller, Schymura foi muito elogiado pelos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Miro Teixeira. Dirceu disse que compareceu à cerimônia por determinação do presidente Lula para, principalmente, agradecer a Schymura.
Segundo Dirceu, ele estava na cerimônia para "expressar o agradecimento do presidente da República ao doutor Schymura, o reconhecimento do trabalho que ele desenvolveu na Anatel, o seu espírito público, a sua competência, a sua capacidade técnica e o desprendimento de cidadão".
Já Miro Teixeira -que teve desentendimentos públicos com Schymura no início de 2003- disse que tinha se tornado um "amigo de infância" de Schymura. Para ele, os desentendimentos foram "amistosos". Miro disse ainda que manteria contato com Schymura e que seria de "mau gosto" se ele não fizesse o mesmo.
Em discurso durante a cerimônia de transmissão de cargo, na Anatel, o ministro Miro Teixeira fez uma oferta pública de emprego a Schymura. "Vou ter uma conversa com ele para aproveitar seu talento em outra área do governo", disse o ministro.


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