Além do corte na taxa básica de juros, Roberto Troster, ex-economista-chefe da Febraban e atual sócio da Integral Trust, afirma que o Banco Central deveria eliminar completamente os depósitos compulsórios dos bancos e o recolhimento de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para restabelecer o sistema brasileiro de crédito.
Para ele, apenas a redução da Selic não será suficiente para provocar uma queda significativa no juro que o consumidor paga na ponta. O motivo é que o "spread" bancário (diferença entre o custo de captação do crédito para o banco e a taxa cobrada dos clientes) aumentou muito com a crise econômica.
Segundo o economista, essa alta foi impulsionada por um aumento na demanda por crédito e uma redução da oferta. As grandes companhias, que costumavam captar recursos externos, voltaram-se para as linhas domésticas e faltou liquidez para emprestar para as pequenas empresas e para as pessoas físicas.
No lado da oferta, os bancos viram suas fontes de recursos no exterior secarem e ficaram com um caixa menor para os empréstimos. "É uma grande falha do governo não reconhecer que o problema do crédito é de liquidez", afirma Troster.
A extinção do recolhimento compulsório não aumentaria o grau de alavancagem das instituições financeiras brasileiras, afirma Troster. Segundo ele, os acordos de Basileia conseguem regular com eficiência o setor. "O compulsório é um sistema obsoleto", diz.
Troster também criticou o atraso das decisões do Banco Central para conter a desaceleração econômica. "No Brasil, a política monetária é feita pelo retrovisor."
Para ele, o BC já deveria ter cortado em 0,25 ponto percentual o juro na última reunião do Copom. "Há indicadores que apontam para queda nas vendas e aumento da inadimplência. A crise não é só uma marola, a situação pode piorar e é hora de o governo sinalizar uma preocupação com isso."
O economista projeta uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, que será realizada nos dias 20 e 21 deste mês. Para ele, outros cortes serão feitos neste ano e a Selic deve encerrar 2009 em 11,25% ao ano.

AVENTAL

Antonio Carlos Terranova, presidente da Visor Informações, acaba de lançar o Visor Home, software que faz levantamento de dados para a contratação de empregados domésticos. Com foco na classe AA, o serviço completo de consulta custa em média R$ 1.500. A empresa faz um dossiê com informações dos candidatos, com dados judiciais, trabalhistas, financeiros e criminais, além de uma avaliação psicológica e de saúde. "O lançamento do produto visa atender a necessidade de um público obcecado por segurança, que quer contratar uma pessoa para trabalhar dentro da sua casa."

TERNO E GRAVATA

A nova diretoria da BSP (Business School São Paulo) assumiu em janeiro o comando da empresa com o plano de expandir a oferta de cursos e aumentar em 50% o faturamento de 2009. "Apesar de sabermos que 2009 será um ano ruim para vários setores, esperamos que, para nós, seja um ano de fortalecimento e expansão", afirma Jose Palma, diretor-superintendente da BSP, que veio do grupo Laureate Education, acionista da BSP, para assumir o cargo e espera crescer ganhando "market share". Em maio, a BSP inicia as aulas em dois cursos novos: MBA Especializado em RH e MBA em Estratégia Empresarial. No segundo semestre do ano, pretende abrir um programa de ensino para jovens executivos.

ABRE E FECHA
O Hard Rock Park, parque temático americano aberto em abril de 2008, não resistiu à crise. O parque roqueiro deixou de operar menos de um ano após sua inauguração, em Myrtle Beach, na Carolina do Sul, apesar dos quatro anos de desenvolvimento e dois de construção. Segundo o "Wall Street Journal", um juiz de falências acaba de aprovar pedido da companhia para começar a liquidar os bens do parque, que foi o primeiro de grande porte erguido no país na última década.

TERRITÓRIO
A rede de correspondentes do Conglomerado Banco do Brasil fechou 2008 com mais de 8.670 pontos de atendimento em funcionamento, crescimento superior a 50% ante 2007. No ano, foram mais de 118 milhões de transações processadas, movimentando R$ 24 bilhões. A quantidade de pontos em operação vinculados à Visanet cresceu 185% no período, para 3.217 em 2008. No acumulado em 2008, foi contratado um volume de R$ 422 milhões em operações de crédito consignado, incremento de 66% ante 2007, e acolhidas 377 mil propostas de abertura de contas correntes PF e PJ.

NA HISTÓRIA
Gabriel Palma, economista chileno e professor da Universidade de Cambridge, vai dar palestra sobre fatores históricos que contribuíram para a crise, no dia 14, na FGV, em SP. A apresentação faz parte do Laporde (Latin America Advanced Programe on Rethinking Macro and Development Economics), evento de Cambridge realizado pela primeira vez no país.

COPO
A Campari, que patrocina a São Paulo Fashion Week pela quarta vez, espera o consumo de 10 mil drinks para o evento em janeiro. Na última edição, foram 6.600.

NA ESCOLA
A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo vai anunciar investimento de R$ 300 milhões em obras. O pacote será para 500 escolas, sendo 230 na Grande São Paulo e 270 no interior e no litoral. O objetivo é beneficiar cerca de 400 mil estudantes. O projeto inclui restaurações de 20 escolas tombadas, com gasto de R$ 42 milhões.

NA LISTA
O encontro anual do World Economic Forum, que acontece em Davos, do dia 29 deste mês a 1º de fevereiro, receberá mais de 2.500 pessoas, de 91 países. Cerca de 67% são presidentes de empresas, 9% são jornalistas e formadores de opinião, 8% são presidentes, primeiros-ministros e ministros, 6% são da sociedade civil e 10% são de outras áreas. Estarão presentes Kofi Annan, Rupert Murdoch e outros.

VIZINHANÇA
A rede Bob's fechou 2008 com crescimento de 15% no número de unidades. Para 2009, a expansão está orçada em R$ 37 milhões e a empresa espera inaugurar 90 unidades, o que representa um crescimento de mais de 15%. Atualmente, são 660 pontos-de-venda no país. No primeiro semestre, será aberta a primeira loja no Chile.