UOL


São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Aéreas não terão ajuda sem fusão, afirma Lessa

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que, se a fusão de empresas aéreas brasileiras não se concretizar, o banco estatal ficará impossibilitado de ajudar o setor. "Sem a fusão das companhias, nós do BNDES achamos impossível fazer qualquer coisa pelo setor", afirmou Lessa.
A Varig e a TAM, as duas maiores empresas aéreas do país, anunciaram anteontem a decisão de estudar até junho deste ano a possibilidade de passarem a formar uma só empresa. Sem fazer referência a nomes de empresas, Lessa afirmou que, na configuração atual do setor aéreo do país, o apoio do BNDES a uma empresa vai servir para arruinar as demais.
"Se nós apoiarmos uma companhia, estaremos acelerando as dificuldades das outras", disse. Para Lessa, "o neoliberalismo levou as empresas [aéreas] a uma concorrência absolutamente predatória. Aviões de várias companhias levantam vôo no mesmo horário com cadeiras vazias.".
O presidente do BNDES disse que o caminho para a fusão das empresas é um trabalho que vem sendo conduzido pelos ministros da Defesa, José Viegas, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, e ressaltou que este "é o caminho correto".
"A uma possível empresa que venha a surgir no setor, se o BNDES for consultado e se [o pedido" corresponder à sua lógica bancária, nós estaremos dispostos a examinar a questão."
Para o presidente do BNDES, um país como o Brasil, de grandes dimensões territoriais, com mais de 170 milhões de habitantes, mais de 140 aeroportos e que precisa exportar, inclusive no setor de serviços, não pode abrir mão de uma aviação comercial forte.

TAM no comando
Para especialistas que trabalharam no ano passado em uma fracassada tentativa de reestruturação da dívida da Varig, não restou para a maior empresa de aviação do país outro caminho de sobrevivência que não fosse a busca de uma fusão, no caso, com a TAM, a segunda maior do mercado.
Segundo eles, o sucesso da nova empresa dependerá da disposição do grupo controlador da Varig (Fundação Ruben Berta) de entregar o controle da nova empresa ao grupo da TAM. Eles avaliam que, se o controle da futura empresa ficar com a Varig, não haverá chance de sucesso.
Na avaliação dos técnicos, os controladores da Varig ainda terão a ganhar no desenho da nova empresa, podendo ficar com uma participação maior do que a que lhes restaria no caso de uma reestruturação via transformação em capital das dívidas da empresa.
A Varig tem débitos vencidos de aproximadamente US$ 800 milhões. No desenho da fusão, os técnicos avaliam que a TAM poderia ficar com cerca de 40% e os credores com cerca de 30%, assegurando o controle sobre o capital da empresa.


Texto Anterior: Fusão no ar: Varig/TAM quer limitar vôos de estrangeiras
Próximo Texto: Estilos diferentes de gestão ameaçam acordo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.