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Aéreas não terão ajuda sem fusão, afirma Lessa
CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), Carlos Lessa, disse ontem que, se a fusão de
empresas aéreas brasileiras não se
concretizar, o banco estatal ficará
impossibilitado de ajudar o setor.
"Sem a fusão das companhias,
nós do BNDES achamos impossível fazer qualquer coisa pelo setor", afirmou Lessa.
A Varig e a TAM, as duas maiores empresas aéreas do país,
anunciaram anteontem a decisão
de estudar até junho deste ano a
possibilidade de passarem a formar uma só empresa. Sem fazer
referência a nomes de empresas,
Lessa afirmou que, na configuração atual do setor aéreo do país, o
apoio do BNDES a uma empresa
vai servir para arruinar as demais.
"Se nós apoiarmos uma companhia, estaremos acelerando as dificuldades das outras", disse. Para
Lessa, "o neoliberalismo levou as
empresas [aéreas] a uma concorrência absolutamente predatória.
Aviões de várias companhias levantam vôo no mesmo horário
com cadeiras vazias.".
O presidente do BNDES disse
que o caminho para a fusão das
empresas é um trabalho que vem
sendo conduzido pelos ministros
da Defesa, José Viegas, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando
Furlan, e ressaltou que este "é o
caminho correto".
"A uma possível empresa que
venha a surgir no setor, se o
BNDES for consultado e se [o pedido" corresponder à sua lógica
bancária, nós estaremos dispostos a examinar a questão."
Para o presidente do BNDES,
um país como o Brasil, de grandes
dimensões territoriais, com mais
de 170 milhões de habitantes,
mais de 140 aeroportos e que precisa exportar, inclusive no setor
de serviços, não pode abrir mão
de uma aviação comercial forte.
TAM no comando
Para especialistas que trabalharam no ano passado em uma fracassada tentativa de reestruturação da dívida da Varig, não restou
para a maior empresa de aviação
do país outro caminho de sobrevivência que não fosse a busca de
uma fusão, no caso, com a TAM, a
segunda maior do mercado.
Segundo eles, o sucesso da nova
empresa dependerá da disposição
do grupo controlador da Varig
(Fundação Ruben Berta) de entregar o controle da nova empresa
ao grupo da TAM. Eles avaliam
que, se o controle da futura empresa ficar com a Varig, não haverá chance de sucesso.
Na avaliação dos técnicos, os
controladores da Varig ainda terão a ganhar no desenho da nova
empresa, podendo ficar com uma
participação maior do que a que
lhes restaria no caso de uma reestruturação via transformação em
capital das dívidas da empresa.
A Varig tem débitos vencidos de
aproximadamente US$ 800 milhões. No desenho da fusão, os
técnicos avaliam que a TAM poderia ficar com cerca de 40% e os
credores com cerca de 30%, assegurando o controle sobre o capital
da empresa.
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