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Estilos diferentes de gestão ameaçam acordo
DA REPORTAGEM LOCAL
A intenção oficial da Varig e da
TAM de unir suas operações vai
enfrentar pelo menos um grande
desafio: o estilo de gestão da TAM
e da Varig são radicalmente diferentes.
A Varig é administrada em última instância pelo conselho de curadores da Fundação Ruben Berta. O estilo de gestão da fundação
é considerado pelo mercado como extremamente político e de
defesa de interesses individuais de
seus executivos.
A TAM, por sua vez, coloca como prioridade uma hiperprodutividade, e seus administradores
não são familiarizados com uma
administração voltada mais para
a política.
É considerado praticamente
inevitável um confronto entre o
presidente da Fundação Ruben
Berta, Yutaka Imagawa, e o da
TAM, Daniel Mandelli Martin, caso as negociações para a união das
duas empresas tenham sucesso.
"O Imagawa nunca aceitaria
perder o poder que possui hoje na
fundação [que detém 87% do capital da Varig". Se houver risco de
isso acontecer, ele romperá o
acordo", afirmou ontem Flávio
Souza, presidente da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig).
Procurado pela Folha, Imagawa
não atendeu o pedido de entrevista. A Apvar, que mantém conflito
trabalhista com a Varig relacionado a demissões de pilotos, considera que o executivo conseguirá
garantir seu poder na companhia,
mesmo se houver pressões da
TAM para um afrouxamento.
"Ele tem o controle sobre os seis
outros membros da conselho de
curadores da Fundação Ruben
Berta, que determinam os rumos
da Varig", afirmou Souza.
O estilo de Imagawa é considerado quase antagônico com a maneira de Daniel Mandelli Martin
administrar a TAM. Martin herdou parte do estilo baseado em
decisões radicais de Rolim Amaro, seu sogro, morto em 2001, que
ergueu a TAM.
Para Flávio Souza, da Apvar, a
fusão entre a TAM e a Varig não
ocorrerá porque o real interesse
da última é alongar a dívida de
cerca de R$ 1 bilhão que tem com
o governo (Infraero -taxas de
aeroporto- e BR Distribuidora
-querosene de aviação).
O executivo de uma empresa
concorrente da Varig e da TAM,
que não quis se identificar, também não acredita na fusão entre
as duas empresas devido a interesses conflitantes.
Divisão de acionistas
Um executivo ligado à TAM
afirmou, porém, que os estilos diferentes de Imagawa e Martin não
impediriam uma fusão.
A nova empresa poderia ser dividida conforme o capital da Varig e da TAM. Além disso, a Varig
poderia se dedicar mais aos vôos
internacionais, e a TAM, aos vôos
domésticos, o que evitaria conflitos entre os dois executivos.
A Folha procurou o presidente
da TAM, Daniel Mandelli Martin,
para comentar o assunto. A empresa disse que ele estava em reunião fora da sede e não daria entrevista.
(LV)
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