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São Paulo, sábado, 08 de fevereiro de 2003

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Estilos diferentes de gestão ameaçam acordo

DA REPORTAGEM LOCAL

A intenção oficial da Varig e da TAM de unir suas operações vai enfrentar pelo menos um grande desafio: o estilo de gestão da TAM e da Varig são radicalmente diferentes.
A Varig é administrada em última instância pelo conselho de curadores da Fundação Ruben Berta. O estilo de gestão da fundação é considerado pelo mercado como extremamente político e de defesa de interesses individuais de seus executivos.
A TAM, por sua vez, coloca como prioridade uma hiperprodutividade, e seus administradores não são familiarizados com uma administração voltada mais para a política.
É considerado praticamente inevitável um confronto entre o presidente da Fundação Ruben Berta, Yutaka Imagawa, e o da TAM, Daniel Mandelli Martin, caso as negociações para a união das duas empresas tenham sucesso.
"O Imagawa nunca aceitaria perder o poder que possui hoje na fundação [que detém 87% do capital da Varig". Se houver risco de isso acontecer, ele romperá o acordo", afirmou ontem Flávio Souza, presidente da Apvar (Associação dos Pilotos da Varig).
Procurado pela Folha, Imagawa não atendeu o pedido de entrevista. A Apvar, que mantém conflito trabalhista com a Varig relacionado a demissões de pilotos, considera que o executivo conseguirá garantir seu poder na companhia, mesmo se houver pressões da TAM para um afrouxamento.
"Ele tem o controle sobre os seis outros membros da conselho de curadores da Fundação Ruben Berta, que determinam os rumos da Varig", afirmou Souza.
O estilo de Imagawa é considerado quase antagônico com a maneira de Daniel Mandelli Martin administrar a TAM. Martin herdou parte do estilo baseado em decisões radicais de Rolim Amaro, seu sogro, morto em 2001, que ergueu a TAM.
Para Flávio Souza, da Apvar, a fusão entre a TAM e a Varig não ocorrerá porque o real interesse da última é alongar a dívida de cerca de R$ 1 bilhão que tem com o governo (Infraero -taxas de aeroporto- e BR Distribuidora -querosene de aviação).
O executivo de uma empresa concorrente da Varig e da TAM, que não quis se identificar, também não acredita na fusão entre as duas empresas devido a interesses conflitantes.

Divisão de acionistas
Um executivo ligado à TAM afirmou, porém, que os estilos diferentes de Imagawa e Martin não impediriam uma fusão.
A nova empresa poderia ser dividida conforme o capital da Varig e da TAM. Além disso, a Varig poderia se dedicar mais aos vôos internacionais, e a TAM, aos vôos domésticos, o que evitaria conflitos entre os dois executivos.
A Folha procurou o presidente da TAM, Daniel Mandelli Martin, para comentar o assunto. A empresa disse que ele estava em reunião fora da sede e não daria entrevista. (LV)


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