São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2004

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Dívida pública cresce mais do que a privada

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, a dívida externa do setor público cresceu mais do que o endividamento do setor privado, segundo dados levantados pelo Banco Central.
Em setembro do ano passado, o governo era o responsável por 63,1% da dívida externa total. No final de 2001, essa proporção era menor -estava em 51,5%. Em dólares, o endividamento do setor público aumentou de US$ 108 bilhões para US$ 138 bilhões nesse período.
No passado, o PT chegou a defender o calote da dívida externa -ou, pelo menos, uma auditoria para fiscalizar a veracidade dos números referentes ao endividamento do país. O FMI (Fundo Monetário Internacional) era outro alvo de críticas.

Ajuda do FMI
No primeiro ano de um governo comandado pelo PT, não apenas a dívida externa continuou a ser paga em dia como também cresceu.
E cresceu graças ao socorro recebido do FMI. No ano passado, foram US$ 4,8 bilhões emprestados pelo Fundo -já descontado o dinheiro devolvido ao FMI no período.
Entre 2001 e 2003, esses créditos somaram US$ 23 bilhões.
Por outro lado, se os empréstimos do Fundo colaboraram para o crescimento da dívida externa, também serviram para reforçar as reservas internacionais do país.
Em dezembro de 2001, elas estavam em US$ 35,9 bilhões. No final do ano passado, haviam chegado a US$ 49,3 bilhões.
Para Lisa Schineller, diretora da agência de classificação de riscos Standard & Poor's, o tamanho das reservas em moeda estrangeira do governo é um dos pontos fracos da economia brasileira. "Por isso a política de recomposição das reservas adotada pelo governo é apropriada", afirma a analista.
Desde o começo do ano, o Banco Central tem comprado dólares diretamente no mercado para reforçar as reservas internacionais do país.

Ação "positiva"
O economista-chefe do BNP Paribas, Alexandre Lintz, diz que a ação do BC é "bastante positiva".
Ao comprar dólares no mercado, diz Lintz, o BC impede uma excessiva valorização do real. Com isso, as exportações brasileiras são beneficiadas, o que auxilia no equilíbrio das contas externas do Brasil. "A balança comercial é um elemento fundamental no ajuste das contas externas", afirma o economista.
Para que a alta do dólar não seja acompanhada de uma volta da inflação, Lintz afirma que o BC precisa ficar atento no momento de reduzir os juros.
"A política monetária apertada mantém o risco-país nos níveis mais baixos dos últimos anos", afirma o economista, referindo-se aos juros pagos pelo Brasil para obter empréstimos no mercado internacional.



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