São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Em meio a boatos, dólar sobe 0,34% e Bolsa recua 1,68%

Moeda tem maior alta desde 5 de janeiro sob especulações de saída de Meirelles

BC compra no mercado cerca de US$ 500 mi, e divisa fecha cotada a R$ 2,093; analistas descartam tendência de valorização


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Especulações marcaram os negócios ontem, especialmente no mercado de câmbio. Durante os pregões, muitos boatos sobre uma possível saída de Henrique Meirelles da presidência do BC, além de mudanças na política cambial, circularam pelas mesas de operações.
O dólar terminou com valorização de 0,34% -a maior desde 5 de janeiro- e fechou cotado a R$ 2,093.
O encontro que reuniu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e Meirelles, na noite de terça, fomentou as especulações que ajudaram a frear a rota de queda do dólar.
Profissionais do mercado afirmaram que a atuação do Banco Central no câmbio também foi mais firme. A autoridade monetária comprou em leilão dólares de 12 instituições financeiras, em montante estimado em aproximados US$ 500 milhões.
Até a semana passada, antes de a moeda norte-americana ameaçar romper o piso de R$ 2,10, o Banco Central vinha comprando por dia cerca de US$ 150 milhões.
"O dia foi de especulações exageradas", afirma Maristella Ansanelli, economista-chefe do banco Fibra. "Entendo que falou-se muito mais do que o tema merecia."
Uma das críticas que têm sido feitas ao BC -inclusive por integrantes do governo- é a manutenção dos juros nos atuais níveis. O Brasil tem a taxa real (descontada a inflação) mais elevada do mundo, em torno de 8,5% anuais, o que acaba por atrair capital externo especulativo e, conseqüentemente, valorizar o real.
"O mercado especulou muito com o que ocorreria com uma hipotética saída do Meirelles, pois, enquanto ele estiver na presidência do BC, ninguém espera que haja uma mudança de rota na condução da política monetária e cambial", diz José Roberto Carreira, diretor da corretora de câmbio Novação.
A não ser que as especulações se concretizem, a tendência é a de o câmbio se manter no atual patamar, avaliam analistas. Mesmo que o mercado repita hoje o dia mais estressado de ontem, não há expectativas de que o dólar passe a subir de forma consistente no curto prazo.

Ações em baixa
Na Bolsa de Valores de São Paulo, o pregão também não foi tranqüilo. A Bovespa terminou com queda de 1,68%, após bater em novo pico histórico nos primeiros minutos de pregão (alcançou os 45.425 pontos).
A queda de ações de forte peso no Ibovespa (índice mais importante da Bolsa), motivada por realização de lucros, impediu que o mercado acionário se mantivesse em alta.
As ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas da Bovespa, tiveram desvalorização de 2,91%. Outra ação de peso importante, a ON (ordinária) da Vale do Rio Doce, teve perdas de 2,47%.
Investidores estrangeiros estiveram entre os que mais venderam ações ontem, afirmaram operadores de corretoras.
No mês, até o dia 5, o balanço das operações dos estrangeiros na Bovespa estava positivo em R$ 161,7 milhões. Em janeiro, esse saldo ficou negativo em R$ 1,26 bilhão.
O risco-país, refletindo a venda mais expressiva de títulos da dívida brasileira no mercado internacional, chegou ao fim dos negócios de ontem em alta de 1,7%, a 184 pontos.


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